I'm seen

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— Aqui não é meu lugar. — Desabo. — Eu não sou nada, eu não quero estar aqui, quero minha casa. Minha mãe. — Soluço sentando no chão pois sentia que poderia desmaiar se continuasse em pé.

— Aqui é o seu lugar! Senão fosse nem mesmo estaria aqui! — Billie se abaixa em minha frente. — Romy você é talentosa e merece estar vivendo e trocando experiências com pessoas semelhantes a você! — Toca em meus cabelos de forma suave. — Não deixe que ninguém tire esse prazer de viver. De enfrentar o tudo só 'pra ser quem você é, pra honrar de onde veio, porquê veio ou por quem veio. Esse é um prazer que demora 'pra chegar, um prazer de caminho doloroso mas é o mais alucinante que pode existir. — Fala em um tom baixo e calmo, como se todas suas palavras fossem de um vídeo de afirmações positivas que ouvimos enquanto dormimos na esperança que penetrem em nossa mente.

Me sentia tão deslocada, tão desesperada, isolada sem ninguém que pudesse falar, desabafar sobre como me sentia em relação à tudo que estava acontecendo. Parte disso era minha culpa, admitia isso, me distanciei cada vez mais dos meus poucos amigos após a morte da minha mãe, tão lentamente, quase que disfarçadamente. Quando percebi nenhum deles estava lá para mim, mas bem, eu também não estive lá para eles certo?

E do nada Billie Eilish entra naquele banheiro chiquérrimo do evento do Meet Gala e fala palavras doces, amigas e verdadeiras como se soubesse exatamente o consolo que precisava. Como poderia odiá-la? Ou pior, como poderia distanciá-la de mim após abraçá-la com tanta necessidade e força praticamente me atirando em seus braços e, sem pestanejar recebendo da parte dela um ato de afeto totalmente genuíno no chão frio daquele lugar cheio, e ao mesmo tempo, tão solitário.

Por um momento senti calor, calor no coração, um morno tão reconfortante, que me fez soltar o ar que prendia em meus pulmões de forma agoniante, me embebedando então no seu perfume sutil e quase inconfundível.

— Por que todos são tão nojentos? — Murmuro sentindo, ainda, algumas lágrimas quentes escorrerem pelo meu rosto.

— Eles são, não é? Todos eles. — Concorda me apertando suavemente entre os braços antes de afastar o rosto do meu ombro, me fazendo a imitar, e então, olhar em meus olhos com convicção. — Mas nós vamos acabar com eles, um por um. Talvez não hoje,  talvez não amanhã mas iremos. — Toma a liberdade de descer às costas do indicador e médio da mão esquerda pelo lado direito do meu rosto. — Sorria Romy, é assim que iremos quebrar eles aos pouquinhos. — Murmura e deixa um leve carinho em meu queixo antes de se levantar e estender suas mãos para mim.

Suspiro, arrependida de todas as nossas recentes interações, entretanto, queria gritar por sentir um pouco, uma leve, minúscula partícula de liberdade. Liberdade... Como será ser livre?

Aceito sua gentileza e pego em suas mãos às usando como apoio para me pôr de pé.

— Não sou expert em maquiagem, mas sei me virar. — Comenta terminando nosso contato para mexer na pequena e elegante bolsa de mão sobre o mármore próximo de nós duas. — Um corretivo, pó solto e acho que uma máscara de cílios já ajuda. Ah! Não vamos esquecer de limpar esse borrado. — Comenta enquanto pegava suas maquiagens em tamanho viagem.

— Essas bolsas de mão são tão pequenas, carregaria mais coisas nas minhas próprias mãos. — Comenta sem paciência enquanto se aproximava de mim com um pequeno lenço demaquilante entre os dedos.

Não digo nada, estava absorta demais em meus próprios pensamentos, na minha própria tempestade de verão. Tanto que nem reparei quando esse processo tinha acabado, observá-la concentrada, focada em não errar era deveras interessante tinha que admitir.

Olhos claros, penetrantes, frios e ao mesmo tempo tão calorosos.

— Prontinho. — Sorriu expressando grande satisfação.

Viro de frente para o espelho, estava como antes, ninguém cogitaria que chorei copiosamente escondida no banheiro.

— Ficou ótimo, obrigada, mesmo, Billie. — Agradeço devagar, buscando palavras.

— Romy, adoraria que se sentasse junto à mim na minha mesa. — Pede.

— Oh, eu agradeço por isso, mas, não posso aceitar. — Nego imediatamente.

— Pode sim, lá tem pessoas boas, que irão se interessar sobre você e não sobre o que pode entregar à elas. Meus pais, meu irmão, minha cunhada, todos estão ansiosos 'pra te ver, 'pra te acolher. — Tenta me convencer. — Senão por eles, muito menos por mim, mas pelo Timothée Chalamet que está contanto cada fofoca que vai valer a sua noite, eu juro. — Completa me fazendo rir e um sorriso nasce em seus lábios de imediato. — Vamos garotinha... — Me puxa para fora do banheiro após entrelaçar o mindinho ao meu em uma ação rápida.

{···}
Notas da autora:

Hey, boa noite!
Como estão? Senti saudades.

Voltei! Oficialmente! Não no mesmo ritmo de antes e nem na mesma ordem de atualizações.

Serão de duas à três atualizações por semana dependendo da demanda de coisas que terei para fazer. Atualizarei a estória que me sentir inspirada no dia, certo?

Escrever é um hobbie, uma paixão, uma inspiração e prefiro manter assim.

Sem mais obrigações com isso haha

Gostaram do capítulo? O que acham que vai acontecer daqui para frente? Me deem feedback, é sempre importante.

Amo vocês chuchus ❤

Cuidem-se.

I'm nervous • Billie Eilish Onde histórias criam vida. Descubra agora