I'm nothing

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Assim que a van para na lateral do museu o meu celular sobre o colo vibra repetidas vezes. Desço meus olhos a tela do mesmo o nome do meu pai brilhava ali, respiro fundo dizendo mentalmente que tudo estava bem antes de atender.

— Romy, filha, tudo bem? — Pergunta aflito.
— Tentei ligar mais cedo mas seu celular estava com Alice. — Revela.

— Ah sim, estava com ela porque eu estava me arrumando. — Confirmo, acredito que essa foi a única verdade em nossa conversa.

— E como você está? Já chegou no evento? Está nervosa? — Indaga atropeladamente.

— Estou bem pai, está tudo bem não precisa se preocupar comigo, está tudo ótimo, como o planejado. — O calmo.

— Estão te tratando bem? Cuidando de você?
— Questiona.

— Estão pai, não se preocupa comigo. Você está bem? Preparado 'pra me ver na TV? — Sorrio suavemente contendo meus olhos inundados em lágrimas.

— Estou bem, nervoso por você. — Diz, por mais baixo que tenha dito sentia o orgulho em sua voz.

E por mais que ele tente negar sabia que lembrava da mamãe, porque era aqui ela devia estar. Não eu.

E ela estaria pois a levaria no meu coração, junto à mim, para qualquer lugar.

— Não estou nervosa, não precisa estar. Estou aqui e já vou entrar, irei dar um sorriso lindo, o único, será 'pro senhor. — Digo baixo e para que só ele escute seco a única lágrima que escorreu discretamente para que ninguém veja.

— Não fala isso que você me faz chorar. — Admite rindo.

— Eu te amo. — Assumo.

— Eu te amo Romy, você é meu mundo, se quiser eu te busco agora. — Brinca.

Mal ele sabe que era tudo o que queria. Só que Anthony não leu as letras miúdas no fim do contrato que eu li, infelizmente, depois que havia assinado.

Sou estúpida.

— Tenho que ir, ligo mais tarde. — Faço alguns barulhos de beijos e o ouço rir, encerro a chamada.

— Droga! Faz quase uma hora que essa loira metida chegou e ainda falam dela. — Alice indaga irritada tirando o olhar do celular.
— Escuta Romy, vazaram fotos suas chorando no parapeito da janela mais cedo, estão especulando que você sequer iria vim, então, sorria, acene, seja simpática, dê entrevista faça tudo o que pedirem. — Exige.

— Eu... Eu não consigo dar uma palavra sem de fato querer chorar. — Admito com vergonha.

— Não me importo. Quem vai ser conhecida como chorona medrosa é você, toma vergonha na cara e seja uma mulher com peito 'pra lidar com suas responsabilidades. Estar aqui não é um hobbie, estar aqui é a sua responsabilidade. Responsabilidade de subir lá e dar o que nós queremos. — Fala sem paciência e concordo sem dizer uma palavra.

Talvez ela tenha razão.

Os seguranças abrem a porta da van e um deles me estende a mão, sorrio contida e aceito descendo com cuidado. Alice veio logo atrás sorrindo abertamente como se nem mesmo conseguisse expressar sua felicidade por estar lá.

— Seja doce, carismática e faça o olhar atraente que faz todos gostarem de você, que faz todos te acharem atraente. —  Fala em meu ouvido enquanto andávamos rumo ao local que aconteceria o tapede vermelho, próximo dali.

— Depois iremos voltar 'pra LA? — Pergunto apreensiva.

— Lamento, só tinha voo 'pra amanhã à tarde. — Revela. — Aproveite o evento, estaremos aqui fora te esperando. — Avisa.

I'm nervous • Billie Eilish Onde histórias criam vida. Descubra agora