I'm still looking for the right words

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Me questionava como havia pego no sono mesmo com a música tão alta, o som preenchia cada pedaço do quarto de Billie se chocando contra as paredes e contra si mesmo antes de refazer o mesmo caminho. Obviamente isto era uma suposição minha apenas um sentimento, nunca fui boa em física.

Meus olhos estavam pesados mas os forcei abertos, a lua cheia e clara era a única iluminação presente no cômodo; Billie dormia, uma de suas pernas jogadas sobre minha cintura assim como seus braços. Sentia o peso de seu corpo sobre o meu e sentia sua saliva molhando o colarinho da minha blusa.

Tudo ali tinha o cheiro dela, não era só o perfume era realmente o cheiro dela e me deixava zonza.

Eu não sabia o que fazer com tudo aquilo, o que fazer com o que ela me dava. Aonde colocar? Eu não estava mentindo quando disse que queria desaparecer, não era como se quisesse morrer de fato apenas não existir por um período pequeno de tempo ou mesmo por muito tempo.

Tinha um peso sobre meus ombros que não conseguia me livrar, não queria ser famosa e tinha quase certeza que não havia nascido para tal, não queria sequer ter nascido; não destinada a uma vida como esta.

Olho para baixo observando a garota adormecida sobre mim; era como ter o mundo nas mãos mas o mesmo ser pesado demais para conseguir segurar por muito mais tempo. Não era ela, era eu.

O tempo inteiro era eu. Quebrava. Consertava. Quebrava. Consertava. Estava quebrada e consertar não era o suficiente porque algo que se conserta está quebrado, é cansativo consertar várias vezes. Entretanto Billie era tão boa. Me fazia querer pegar um martelo, quebrar o que sobrou e refazer de novo e de novo, e mais uma vez.

Meus braços antes soltos sobre a cama se enroscam às costas de Eilish e a ouço suspirar baixo.

- Está molhado... - A ouço murmurar visivelmente desorientada pelo sono.

- Hm? - Pergunto, ou melhor murmuro, de modo simplista. Minha voz soa mais rouca que o normal pelo tempo em que estive cochilando.

- Merda, tem baba minha na sua camiseta. - Sua cabeça deixa meu peito e a facilidade com que consigo inspirar e expirar me incomoda.

- Não tem problema. - Sussurro tocando seus cabelos por um breve momento antes de deslizar meus dedos para a parte de trás de sua nuca gentilmente a empurrando de volta a sua posição anterior.

Sua cabeça se encaixa sobre meu peito logo abaixo do meu queixo novamente, cinco minutos mais tarde sua mão direta se junta a minha esquerda entrelaçando nossos dedos, dez minutos depois disso minha mão direita se perde em seus cabelos.

- Tem tantas coisas que eu gostaria de dizer 'pra você mas é como se as palavras fugissem de mim ou então, que elas não fossem o suficiente. - Digo baixo e lá no fundo estava, de algum modo, esperando que o volume da musica apenas camuflasse o que tinha acabado de dizer. Estava com medo de que qualquer coisa que viesse após isso fosse de algum modo o fim de tudo.

- A gente pode tentar encontrá-las, ou então ressignificá-las. Às vezes as palavras que procuramos nem mesmo existem. Irônico não é? Existe uma quantidade praticamente incontável de palavras, existem mais de sete mil idiomas ao redor do mundo e em muitos momentos nos pegamos apenas sentindo coisas que são impossíveis de transcrever. - Responde após algum tempo como se tivesse pensado em uma resposta boa o suficiente, sua voz calma era reconfortante, suspiro baixo diante desta conclusão; a serenidade de Billie me fazia desejar contar meus mais profundos segredos e os mais canceláveis pensamentos.

- Você é... - Começo e desisto quase que ao mesmo tempo, Billie ergue a cabeça para me olhar com olhos sonolentos e com uma das bochechas um pouco mais avermelhada pelo tempo em que ficou contra mim. - Olha 'pra você... - murmuro meus dedos abandonando seus cabelos para deslizar sobre a pele macia de seu rosto.

I'm nervous • Billie Eilish Onde histórias criam vida. Descubra agora