Eu dizia com frequência aos 4 ventos as dádivas percorridas por minhas veias, em minha arte estava o Monumento de grandiosidade q eu tomava para mim no intento de dar ao mundo os Deuses vivos.
A beleza, tudo o q era dito fruto de minha época era em verdade uma réplica grega aos moldes cristãos. Mal uso dar-te-ei nobre escultura e pintura, os filhos da Renascença, pois Deus é sangue...
3 meses atrás eu estava em Whitechapel, verificando dentre as vielas as meretrizes e mendigos sujos, os sifiliticos e a mais diversa dita escória da sociedade. Londrino de Bow Street, vivendo em portuário, eu não poderia me deparar com tamanha podridão sem q usasse de um lenço. Lembro-me de por incentivo de Annalise me vi nas procuras das reformas propostas pela nobreza daquele triste e inconveniente local.
Sim, eu era nobre, mas naquilo não via muito além de podridão. Até q vislumbrei belezas amaldiçoadas e abandonadas por Deus, digo isso no intento de elucidar o qual cruento isto me parecia. Dentre as oferecidas por poucas moedas no prazer noturno, vislumbrei doce criança, não muito q 12 anos estando a vender seu templo do Espírito Santo por alguns Xelins.
A levei para minha morada temporária da Bow e disse criada minha ela ser. Mesmo q isso ressuscitasse rumores inescrupulosos, dado o falecimento há anos de minha filha e esposa devido a praga q se espalhara pela inglaterra.
Eu estava amável e dava todo mimo e acalento a jovem menina com a condição, q entre suas tarefas a mim dedicasse certas horas pela semana.
A essência suja e desajeitos, o rosto belo e olhos feridos da maior de todas as agonias da violação, eu a adorava como um ídolo, fazia dela minha máxima obra.
Meu olhar lânguido as sandices de nobre casta ao trazer a tona assuntos referentes a suas pinturas burguesas e nobres, ou da igreja me eram irrelevantes. Somente um artista na busca da ascensão desesperada de se sustentar em profissão se larga aos caprichos dos ricos. Eu já era rico, e minha arte, minhas musas, eram minhas a minha escolha. Meu amigo Hallward se demonstrou bastante irrequieto aos meus caprichos, o q me fizera evitar sua companhia enquanto na presença de minha modelo na minha residência.
Eu não sentia por ela o q se dizia as más línguas, não era ela fruto de desejo sexual, mas uma adoração artística, e de forma alguma isso era fruto de minha loucura ou trauma sob minha falecida filha q jamais vira crescer. Era tudo fruto do fascínio, da magnitude inevitável e da singularidade dela. 3 obras feitas a duras penas, principalmente a minha pobre modelo q se entediava na inércia, no entanto, sua curiosidade era afável e seus questionamentos diretos e precisos. Lembro-me de responder q a havia acolhido pois a via como idolo de minha arte. Ela se fascinava pela beleza de meus traços, mas os pesadelos q habitavam o fundo de minhas obras lhe assustava, dizia ela conseguir pior repugnancia q a própria Whitechapel. Para mim aquilo era um elogio, pois sempre foi meu objetivo artístico transcender a realidade.
Por dois meses ela estava comigo, até q uma febre terrível lhe afungentou e a matou. Minha desolação foi imensa em ver meu doce amorzinho, minha menininha, meu pequeno ídolo levado de mim. Aquilo havia me deixado fora de mim, e em meio a insanidades eu resolvia a eternizar. Usando de equipamentos médicos e de conhecimento q sabia por meu amigo Oswald eu a transformei na escultura de um belo anjo, arregaçando suas espaduas e libertando a carne e costelas de suas costas e as endurecendo, cerrei seu peito para q seu coração ficasse a amostra e com todos os métodos de conservação me ousei a usar uma coroa de espilhos em vossa fronte e coração. Aquilo q era aterrorizante, fruto de meus pesadelos virou uma gratificação de um sonho.
Por dias eu ia até o sótão onde a trancafiava e das 3 até as 4hrs da manhã a observava em puro amor e adoração. Mal me avisa percebido q nos dias q se seguia a pintura não surgia mais, eu estava incapacitado de exercer minhas habilidades com a tela. Foi quando me dei conta q havia descoberto uma nova forma de arte. Então nas noites, caçava crianças em Whitechapel para fazer delas todas os meus lindos anjinhos, e 4 delas com minha amada menina lhe faziam companhia, em poses diferentes de lamentadores anjos.
Oswald, intrometido como sempre se preocupou comigo e em minha casa organizava uma festa particular, dado q me via como sem inspiração para a arte a qual eu tanto amava fazer.
Por algum motivo estranho ele veio a conseguir subir ao sótão e em meu descuido havia esquecido de tranca-lo.
As crianças morreriam a míngua, na pobreza, retalhando vossos corpos por uns trocados, e logo se desfaleceriam, não havia sentido em não dar a elas o devido significado da eternidade em uma arte perfeita do absurdo. Nem ti nobre Oswald ousaria, e em verdade se opôs a reforma de Whitechapel, tamanha é sua hipocrisia em dizer q agora q tendo elas transfiguradas a figuras de anjos se sente empático e altruísta a tal ponto de se importar com vidas q jamais lhe foram relevantes?
Perdi meu amigo, ele dizia, estás louco, tudo em vc brota na loucura, se deixou tomar pelas mortes que lhe afugentaram, o q sua esposa diria se visse tudo isso?
Como vc poderia saber o q diria minha falecida? Mortos não falam, e tu nem ao enterro deste o prazer de sua presença. Onde estava tua amizade durante meu luto? E agora q vejo mais beleza e paixão na morte me estás a tirar de mim?
Chamarei a polícia! Disse ele em brados.
Logo visto q eu não tinha opção eu o matei violentamente. E o transfigurei em uma obra, ele era o cristo no cenário, crucificado e cercado de anjinhos. Aquilo me brotou muita alegria e disse varias vezes "vinde a mim as crianças!"
Na ponte eu me tomei lúcido de meu êxtase, sabido q agora me seria o fim cedo ou tarde e me relutava em pular para a morte certa das águas frias...
"o q faz um cavalheiro aqui a essa hora da noite". Era uma meretriz sorridente de tenra idade, bela, bela como a aurora dos dias, uma luz... Q deveria ser eternizada!
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Twisted Hollow
HorreurContos de Terror e drama que podem ser gatilhos para certas pessoas. Tudo ficcional.