Conto 09 - Presença Da Lua

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Estava nos campos a caçar como de costume na primavera da irlanda. Era quando os animais saiam de suas tocas e os lobos fustigavam suas vitimas de maneira indolente. Mas eu como sempre não arriscaria caçar um lobo sem meu amigo, sir Phalanx. Nos passavamos o primeiro dia fazendo trilha e acampando. Conversavamos sobre o trabalho na terra e como estavam nossos familiares. Ele havia dito que sua filha Alzbeth se casaria dali à uma semana. De modo que queria dar a ela uma pele de lobo como cachecol. Nada melhor que o lobo omega que temos caçado todos os anos e que sempre consegue se safar por sua astúcia e grande constituição. O Peregrino, como nós lhe alcunhamos.
Foi em uma noite cinzenta quando vi pássaros em disparada pelo céu, todos inquietantes. Ao som de um uivo noturno que retumbava na floresta como a trompa de guerra. A batalha entre mim, sir Phalanx e o Peregrino iria iniciar. A Caçada começa essa noite!
No frio terrível nos aconchegavamos com nossos rifles cada um a espreita donde talvez o Peregrino iria passar, onde encontrava alimento nas tocas das raposas, nos vales do belomonte onde se via a alvura do inverno, ouvimos um uivo aterrorizado e tão logo Sir Phalanx foi em disparada contra o prêmio, possivelmente preso em uma de nossas armadilhas, pronto a execução, foi então que vimos algo que me atormentaria pelo resto da minha vil vida, pois quem uivava era Sir Phalanx que em um susto foi tomado de si suas vísceras e seu sangue jorrou com uma abertura infernal.
Era um animal terrível aquele cuja perna estava presa entre os dentes metálicos que lhe cravava até os ossos, mas nem de longe vulnerável.
A visão era atormentadora, pois aquela criatura dantesca ousava se deliciar das tripas de meu amigo e companheiro de caça, seus olhos grotescos de enorme pupila, amarelos como um fogo infernal me refriou a ponto de me queimar por dentro. Eu só ouvia a fera me chamando, me convidando a se aproximar, enquanto o rifle tremia em minha mão irrequieta.
Era na alvura da neve tingida pelo sangue de sua vítima, uma mulher nua de aspecto feral, assustadoramente atraente, todavia bizarramente babava sangue denso em cima do cadáver de Phalanx. Perdido vi meu braço se estender ao encontro dela, sem que fosse de minhq vontade, ouvindo os sons das batidas de um canto tribal que evocava os titans de outras eras entre as pedras do portal. Me via tomado e possuído, vendo desnuda fera de aspecto de mulher berrando Taltos, na escuridão de uma profunda noite.
Ao despertar de uma escuridão vi então a silhueta de um homem desnudo sob a Lua cheia se deliciando de um cadáver, sem que sequer seus pelos eriçassem diante do tenebroso inverno. Ao se virar para mim, era uma face familiar, uma que vi diversas vezes e sequer imaginaria ver daquela forma... Meu próprio corpo, meu próprio rosto, tomado de olhos amarelos infernais. Verifiquei a mim mesmo congelado naquele frio em uma lenta morte as mãos e cabelos de uma mulher eram os meus, e vislumbrei o anak in corpus regnum... Taltos, taltos, lua taltos. Imperavit in anima corpus, rotted corpus...
Taltos ave...

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