Capítulo 3

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Kerem

Esta manhã acordo no sofá. Minhas costas doem, não dormi na melhor posição. Tive que deixar a cama para Hande. Me levantei e fui até o quarto. Ela ainda dormia agarrada ao meu travesseiro. Nunca pensei que daria vontade de ser um travesseiro como nesse momento. Desvio o olhar e sigo para o banheiro. Escovo meus dentes. Lembro que havia comprado mais de uma escova e a pego na gaveta do balcão do banheiro. Ponho lá em cima, para que Hande pudesse usar. Tomo um banho rápido e visto minha cueca, pego a toalha e vou até o quarto. Esqueci de trazer minha calça. Volto para o quarto, dou uma olhada para ter certeza de que Hande ainda está dormindo, tiro a toalha e visto minha calça moletom.
Pego uma camisa e vou até a cozinha preparar o café da manhã.
Pouco tempo depois, quando termino de preparar o omelete, avisto Hande encostada na porta da cozinha me observando com aquele olhar faminto. Dou bom dia a ela e recebo mais um de seus comentários provocativos, ela realmente ama fazer isso. Tento pegar a minha camisa para vestir mas ela não deixa, deixo pra lá. Tomamos café da manhã e conversamos um pouco. Hande parece ser bem diferente do que eu imaginava.
Pego os pratos para lavar e ela me acompanha até a pia trazendo os copos. Sinto minhas costas doerem. Ela se oferece para fazer uma massagem. Por mais tentandor que seja eu não concordei, sabia que isso podia ser um perigo. Ela faz um comentário no final sobre minhas mãos que me fez apertar forte as bordas da pia, para não começar a imaginar coisas que me metessem em problemas. Se ela gostaria de conhecer minhas habilidades com as mãos, eu amaria mostrar pra ela. Hande parece se perder em pensamentos por um instante e sou atraído para mais abaixo,  vejo a marquinha de seus seios por debaixo do tecido fino da minha camisa e... merda... seus mamilos estão endurecidos, ela estava excitada? Isso foi de mais para mim, resolvi sair de perto daquela mulher.
Ela vem atrás de mim e avisa que vai tomar banho. Sento no sofá enquanto espero por ela e tento não pensar nela nua no meu banheiro. Hande aparece algum tempo depois. Com o vestido semiaberto para que eu feche o zíper. Tento fazer isso o mais rápido possível. Quando achei que a tortura tinha terminado,  a safada solta outro comentário indecente,  ela faz isso de propósito para atiçar minha imaginação. Ignoro o comentário e saio logo para pegar o carro. Aquilo tinha que terminar o quanto antes.

No carro, saímos em direção ao apartamento de Hande.
- Kerem, não estou te atrapalhando certo ? Você tinha algo para fazer esta manhã?
-Não, estou livre esta manhã. Só trabalho a noite na boate e as vezes dou uma ajuda a um amigo em uma oficina.
- Estou aliviada, detestaria estar te atrapalhando.
- Sem problemas.
Paramos no sinal vermelho e aguardamos. Viro pra ela.
- Hande, você vai ficar bem mesmo?
- Como assim? Sobre a minha coxa? Vou sim, vou colocar um gelo e se necessário chamo meu médico.
- Isso também mas me refiro a ficar sozinha no seu apartamento. Tem certeza que seja quem for não vai atrás de você novamente?
-  Não vou ficar muito tempo lá,  só vou trocar de roupa e irei até meu pai.
- Certo.
Seguimos em frente quando o sinal fica verde. Estava achando surpreendente essa mulher, ela parecia muito tranquila apesar de ter sido quase sequestrada na noite anterior e ter dormindo na casa de um completo estranho. Hande começa mexer no rádio do carro e põe uma música.
-Se importa?
- Não, tudo bem.
Ela põe uma música aleatória e começa a cantar. Não era uma voz tão boa cantando,  mas até que eu estava achando incrível essa energia dela. Seguimos a viagem assim e chegamos pouco tempo depois.
Parei o carro. Tirei o cinto abri a porta e saí.
Fui até a porta dela e abri também, ela ainda estava tentando tirar o cinto. Mas as unhas grandes estavam atrapalhando. Entrei e me curvei sobre ela, apertei o botão para liberar o cinto. Quando virei a cabeça, nossos rostos ficaram bem próximos, minha respiração ficou presa. Ela mordeu o lábio e meu olhar seguiu até a boca dela, senti uma imensa vintade de beijar quela boca. Me afastei rápido e saí, antes que me metesse em problemas. Ela saiu do carro e veio até mim.
- Obrigada de novo Kerem. Estou realmente agradecida.
Ela se aproximou e deu um beijo no canto da minha boca, me deixou arrepiado.
- Não foi nada...
- Foi sim... Aliás não quer entrar, adoraria te mostrar meu quarto, agora que já fui pra sua cama.
Ela dá uma risadinha maliciosa.
- Agradeço o convite mas é melhor eu ir embora.
Ela sorri para mim, se vira e entra.
Volto para o carro e me sento. Mas antes de ligar novamente o carro, penso. "Ela disse que não ia demorar no apartamento, mas e se alguém aparecer." Resolvi ficar lá até que ela saísse, por precaução.

Hande

Quando chegamos em meu apartamento Kerem sai do carro e dá a volta para abrir minha porta. O problema era que eu estava com dificuldade de tirar o cinto de segurança, pois o botão estava meio duro e eu não podia botar muita força pois as unhas iriam quebrar.
Para minha surpresa Kerem se prontificou em me ajudar, ficou sobre mim e liberou meu cinto. Aquela proximidade que ele estava de mim, me deixou completamente arrepiada. Quando ele virou para mim,  mordi o lábio e ele olhou diretamente para minha boca. Tive vontade de beijá-lo ali mas não fiz, nem ele teve coragem. Uma pena, eu iria adorar um beijinho de despedida. Ele se afastou e saiu, saí logo em seguida. Fui até ele e o agradeci novamente, dei um beijinho no canto da sua boca e sorri.
Me afastei e fui para a entrada do meu apartamento.
Ao entrar larguei meus sapatos na sala. A faxineira me cumprimentou e aproveitei para pedir a ela para abrir meu vestido. Acho que devia ter feito Kerem entrar.
Me direcionei para o meu quarto e fui trocar de roupa. Fiz uma make básica e arrumei meu cabelo.
Peguei uma malinha e coloquei algumas roupas. Ia ficar na casa do meu pai pelo menos por enquanto. Saí do quarto trazendo a mala e avisei a faxineira que eu estaria fora por 1 ou 2 dias.
Fui até minha garagem, guardei minha mala no carro e entrei. Liguei o carro e saí.
Quando cheguei na entrada avistei o carro de Kerem. Não acredito que ele ficou ali fora. Saí do meu carro e fui até ele.
Ele também saiu do carro quando me viu.
- Kerem, o que houve ? Esqueci algo?
- Não,  apenas achei melhor esperar que você saísse de casa por precaução. Você disse que não ia demorar então resolvi ficar.
Sorri, adorei o gesto dele.
- Poxa Kerem obrigada, mas você podia ter entrado, não precisava ficar aqui fora.
- Tudo bem, achei melhor ficar aqui mesmo.
- Então já vou indo... até mais.
-Até
Voltamos para nossos carros e segui para a casa do meu pai. Fiquei pensando como Kerem era um fofo debaixo daquela fachada séria dele.
Qualquer outro homem teria feito de tudo de para me levar para cama.
Passado algum tempo chego na casa do meu pai, casa é meio simplista para o tamanho daquele lugar. O senhor Miran Erçel deixa bem claro a sua imponência. Estacionei e tirei minhas coisas do porta-malas. Quando entrei avistei Elizabeth que logo veio me cumprimentar.
-Querida! Seja bem-vinda, já estava com saudades suas.
- Ah Elizabeth,  você sabe como é minha vida.
Dei um abraço nela. Elizabeth é minha madrasta e uma ótima pessoa, me apoiou bastante no início da minha carreira.
- Como você está meu amor? Pra que essa mala?
- Estou bem, o motivo da mala é o mesmo que me trouxe até aqui hoje. Por isso preciso conversar com meu pai, onde ele está?
- Está no escritório. Vamos, te acompanho.
Seguimos para o escritório, Elizabeth bate na porta e abre.
-Querido, sua filha está aqui querendo falar com você.
Eu entro e meu pai logo se levanta e vem até mim de braços abertos sorrindo.
- Minha filhinha,  que bom que veio.
-Oi pai, também senti sua falta.
Dou um abraço apertado nele e ele retribui. Nos sentamos.
-  Bom pai o motivo que me trouxe aqui é Demir.
- Aquelo cretino continua atrás de você?
- Ele tinha parado e achei que tinha superado. Mas voltou a me mandar mensagens e ligar e ontem a noite ocorreu algo quando estava na boate com minhas amigas.
- Ele te seguiu até lá?
- Não sei, mas talvez tenha mandado alguém me seguir após o desfile. Mas o caso é que um homem me perseguiu na boate e tentou me sequestrar. Por sorte um segurança viu e me ajudou, o cara me jogou no chão e fugiu em um carro azul escuro que eu já havia visto rondando meu apartamento.
- Isso é muito sério.  Aquele salafrário que não ouse encostar em um fio de cabelo seu mais uma vez!
- Fiquei com uma mancha roxa na minha coxa mas estou bem.
- Oh querida, que horror! Vamos marcar um spa e uma boa massagem pra você. Vou ligar para o nosso médico antes para verificar sua perna.
-Não precisa Elizabeth.  Sério, estou bem.
-Vamos contratar um segurança particular pra você,  vai ficar 24 horas ao seu lado.  Se necessário contrato 5 seguranças, mas você não vai mais andar sozinha.
- Não pai, já disse que não gosto de ser vigiada, gosto da minha liberdade e privacidade.
- Querida seu pai está certo, é importante que você esteja acompanhada de um segurança e fique protegida.
- Poxa Elizabeth...
- Não filha, já negligenciamos muito a sua segurança. Não insisti da primeira vez quando você virou modelo, mas agora o caso é mais sério. Por favor, não seja teimosa!

Eles estavam certos, por mais que eu odiasse ter alguém me vigiando 24 horas...Então, foi aí que tive uma ideia maravilhosa.
-Ok, vocês estão certos... mas eu tenho uma condição,  eu mesma escolho meu segurança.
- Tudo bem, ligo agora para uma empresa de segurança e peço para mandar os melhores agora mesmo.
- Não,  eu já tenho alguém em mente. Não se preocupe,  resolvo esse caso logo logo.
- Está certo. Deixo isso em suas próprias mãos, mas me avise, caso não consiga já contrato alguém na mesmo hora. Não quero você mais nem um segundo sem um segurança.
- Ok pai, pode deixar...

Resista-me se puderOnde histórias criam vida. Descubra agora