Kiss Me Before I Disappear Taekook

Capítulo 5- A real situação

Ambos caminhavam pela floresta, sentindo seus pés afundarem na pequena camada de neve. Hoseok andava na frente, checando atentamente o mapa a cada passo que davam, enquanto Taehyung se arrastava para alcançá-lo, sentindo seu corpo tremer mesmo embolado em duas jaquetas. Ele tinha um pressentimento ruim sobre a velha e o que ela diria, mas no fundo, ele precisava saber o que estava acontecendo consigo. O ômega observou que em determinado lugar, as árvores começaram a se curvar até fazerem um túnel naturalmente e seu pelo se arrepiou ao notar o caminho arriscado e escuro, fazendo seu corpo congelar no lugar. Havia uma subida estreita, pela encosta de uma pequena montanha e ômega não se sentiu confiante, acabando por se sentar exausto num tronco de árvore caído com a respiração desregulada.

- O que está fazendo, Tae? Temos que chegar antes de escurecer, senão não vamos enxergar nada... - falou Hobi se aproximando e se sentando ao seu lado.

- Eu não sei se consigo... - explicou o garoto com dor. A dor se alojara em seu baixo ventre, como uma cólica insuportável e incurável e ele se perguntou se um dia passaria. - meu corpo não está firme o suficiente para passar naquela encosta...

- Tae, eu nunca deixaria você cair ou se machucar... - disse o beta puxando o rosto do amigo até seu peito e o abraçando.

Não é isso que parece as vezes, sentiu a necessidade de dizer, mas depois de tudo que o mais velho fez para encontrar a Vovó Yang, sentiu-se mal, como um ingrato filho da puta. Se soltou lentamente, encarando o amigo com uma lágrima solitária e tratou de limpá-la rapidamente antes que o mesmo visse.

- Desculpa por ser um péssimo amigo... - pediu amuado. - e me desculpa por te meter nessa confusão...

- Amigos são para isso, eu vou te ajudar sempre que precisar... - retrucou Hoseok com seu sorriso grande. - Eu às vezes também sou um péssimo amigo e um pouco insensível, então me desculpa também...

Se enfiaram em outro abraço, esse carregado cheio de sentimentos e coisas não ditas. Taehyung nunca se sentiu tão amado, como naquele momento. Mesmo o amigo tendo suas falhas, ele era o único que se importava consigo e o ajudava, sem o deixar para trás.

Depois de três dias sofrendo na cama, o ômega pode ver o quanto queria viver. Queria poder dizer para todos que Jung Hoseok era seu amigo, se encontrar com ele para falar coisas aleatória em algum lugarzinho da alcateia ou até mesmo se visitarem e dormirem um na casa do outro. Essa manhã, foi a segunda vez que Hoseok esteve em sua casa, precisamente em seu quarto, em todos seus anos de amizade. Taehyung fingia não se importar, mas no fundo ele mesmo assumia que queria aquela amizade de livros e que via às vezes na alcateia.

Nessa manhã, quando Hoseok pulou sua janela, ele jurava que nunca ficou tão feliz por ver alguém. Alguém, finalmente, havia ido em seu socorro e ele ficou feliz que tenha sido o amigo. Três dias. Esse era o tempo em que tivera deitado naquela cama, sofrendo de dor, enquanto o beta procurava pela vovó Yang. Para isso o garoto tivera que mentir para a mãe, comprar informações e avisar a Seok Jin que o ômega estava doente, sem entrar em detalhes. A dor que Taehyung sentiu nesses três dias era quase insuportável, levando-o para a inconsciência e a única coisa que ele pensou foi que, apenas estava esperando pelo dia em que ele não voltaria em si. Seu organismo já estava fraco e sem energias para se quer virar na cama, e ninguém vinha vê-lo ou alimentá-lo. Era como se ele estivesse sozinho ou que já não existisse mais. E esse último era o mais lhe assustava. Quando estava em momentos de delírios, Taehyung pensava que estava em uma espécie de purgatório, sofrendo por ter desejado um alfa comprometido, ou sendo castigado por ter errado em algo, mas não, aquilo era real, as vozes dos seus irmãos mais novos, brincando no andar debaixo, o trazia para consciência.

Ninguém vinha vê-lo porque ninguém sabia que ele estava ali. Para todos, estava trabalhando e voltava sempre tarde. Yoora estava sempre ocupada, ou fugindo da família - leia-se mãe - problemática, indo trabalhar de manhãzinha e voltando apenas muito tarde da noite, quando o irmão já estava num sono inconsciente. Sua mãe nem, ao menos, se importava, se não o visse era melhor e os gêmeos eram pequenos demais para se preocupar com algo. Morreria ali e ninguém saberia, a não ser o amigo.