Capítulo 3- Pesadelo

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O caminho era coberto pela pequena geada enquanto o ômega caminhava lentamente de volta para casa. Com suas botinas surradas, desviava calmamente do lamaçal, não precisava terminar de estraga-las já que era as única que tinha. Hoje o dia havia sido puxado na confeitaria e, embora o que Taehyung mais quisesse era se jogar em sua cama quentinha, sabia que sua mãe estaria lá, por isso pegou o caminho mais longo para casa entre a floresta.

Em sua pequena caixinha de som portátil, conectada por fones de ouvidos, Taehyung ouvia o álbum inteiro de Fall Out Boy e mais algumas musicas avulsas. Sua favorita tocava naquele momento e ele se deixou levar pelo som, cantando baixinho e mexendo o corpo num ritmo esquisito, tentando o conciliar com a batida de rock.

Eu não sei pra onde você está indo
Mas você tem lugar pra mais uma alma perturbada?
Eu não sei pra onde estou indo, mas não acho que eu esteja indo pra casa
E eu disse, "Aparecerei amanhã se eu não acordar morto"
Esse é o caminho para a ruína
E nós estamos começando pelo fim

O mundo parecia mais tolerável quando ele escutava musicas. Mesmo sendo uma pessoa desengonçada, se esforçava para acertar e odiava a si mesmo se fizesse algo consideravelmente fácil errado. Talvez seja apenas o seu eu interior querendo provar que era bom o suficiente para estar ali.

O ômega parou para trocar de música, torcendo para alguma descente e quase morreu quando viu uma pessoa com um sorriso divertido no rosto, segurando um caderno de desenho e jogado nos degraus cheio de musgo de um coreto abandonado há anos. Sua caixinha escorregou da mão e seu rosto ficou mais avermelhado que uma rosa.

— Você dança tão bem... — provocou o garoto, irônico, ainda na mesma posição. — aposto que estava animada a música...

— Estava... — disse contrariado, abaixando a cabeça ainda muito envergonhado. O garoto mal podia se mexer.

Jeon Jungkook se levantou, deixando suas coisas ali e se aproximou do ômega, agachando-se ao seu lado, pegando a caixinha de som e colocando os fones em seu ouvido. Taehyung mordeu os lábios nervoso e temeu qual música estava ali, por sorte, na batida, o aleatório foi ligado e Seoul de um rapper coreano começou a tocar.

— Até que não é ruim... — confessou Jungkook baixinho depois de alguns minutos e Taehyung o encarou, pela primeira vez. Nunca haviam conversado antes.

Ambos se perderam no olhar e Taehyung se sentiu conectado com aquele alfa de alguma maneira. Mal sabia ele que o alfa também. Embora seus olhos se encarassem, o ômega pode ver o quão lindo Jungkook era. Desde sua altura ao seu nariz grande, mas quem se importava com um nariz quando se podia ter aquele olhar em si? Seu cabelo escuro estava jogado, mostrando uma parte da testa e sua pele perfeita a qual Taehyung quis sentir a textura. Ao ver um ser tão perfeito a sua frente, se sentiu esquisito em seu moletom grande. Na verdade, se sentiu insuficiente. Insuficiente para sequer respirar o mesmo ar que aquele alfa. E por alguma razão, o destino resolveu brincar com os sentimentos de Taehyung quando denominou ele como o seu alfa.

Alfa/Ômega! — Falaram seus lobos juntos.

Um sentimento de preenchimento foi posto no coração de cada um e ambos sentiram vontade de selarem aquilo com um beijo, mas Jungkook logo acordou do transe e se afastou, confuso e deixando o ômega mais confuso ainda.

— Desculpe, eu não posso... — sussurrou o alfa um pouco atordoado e isso serviu para que o ômega caísse na real. — eu já tenho um ômega...

— Mas nós somos companheiros. — Disse Taehyung como se aquilo de algum modo os obrigassem a ficar juntos.

— Eu sei, mas não somos o certo um para o outro...

Kiss Me Before I Disappear    TaekookOnde histórias criam vida. Descubra agora