Capítulo 4

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-E você, tem namorada?

Pergunto de volta e ele sorri.

-Não, também não tenho.

Responde se acomodando na cadeira, se aproxima um pouco e posiciona os dois cotovelos na mesa, juntando as mãos embaixo do queixo.

Quando ele estava prestes a falar, meu celular toca em minha bolsa. Me assusto com o barulho, pois o ambiente está bem silencioso. Pego a bolsa ligeiro e tento achar o celular o mais rápido que posso, mas não encontro. Fiquei nervosa com o rumo que a conversa tomou, que besteira, parece que tenho 15 anos. Ele tem uma coisa que me deixa nervosa. Não é porque é famoso, com esse fato já estou mais habituada

-Alô?

Encontro o celular e atendo rapidamente, pedindo licença e me afastando um pouco da mesa.

Michael

Bom, pelo menos agora sei que ela não tem compromisso com ninguém, e que também teve o interesse de saber de mim, mas não quero ser afobado. Tenho que ver se ela dá algum sinal mais claro de que o interesse é recíproco. Ficaria muito constrangedor se eu desse um passo a mais do que ela gostaria e não quero correr o risco de que ela se afaste.

-Michael, infelizmente vou ter que ir. É um chamado da minha assistente, temos um caso de resgate de uma égua grávida, parece que está quase dando à luz, mas foi encontrada amarrada, sem acesso à água ou comida, 1 km antes de chegar na sua casa.

-Você precisa ir até lá? Posso levar você, até porque fica no meu caminho. Vamos, vai ser mais rápido do que se você for pegar seu carro.

-Bom, vou aceitar, realmente seria mais rápido. O transporte e o veterinário já estão a caminho, talvez cheguemos junto com eles e no caminho vou ligando para os abrigos para tentar encontrar um lugar para ela.

Ela fala, pega sua bolsa e sai a passos discando no celular, pego meu casaco e meu chapéu e saio para alcança-la, ela caminho rápido!

-Fernanda! Por aqui...

Chamo seu nome um pouco mais alto, ela já estava quase saindo pela porta por onde entrou e se vira para mim.

-O carro está aguardando na saída dos fundos, não posso sair pela frente, sempre saio pelos fundos nos lugares em que vou. Vamos, o motorista está a postos.

Um funcionário nos acompanha, abre uma porta-corta fogo e saímos em uma ruela atrás do restaurante onde meu carro está parado na porta. Ao nos ver Bill desce rapidamente e abre a porta traseira. Faço sinal para que ela entre, está no telefone e acena em positivo, entrando no carro. Entro logo em seguida e arrancamos.

Ela explica ao Bill mais ou menos a localização da ocorrência e peço para que ele vá o mais rápido que puder. Acabo ouvindo suas ligações, não tenho como dar privacidade aqui dentro, na primeira ligação pude entender que a égua foi recusada, agora está na segunda ligação e pelo que parece não está promissora, pois desliga furiosa.

-É impressionante como os governos não ligam para esse problema de abandono e maus tratos, na maioria das vezes é uma dificuldade encontrar lugar para acolher os animais que encontramos em situação de vulnerabilidade. E isso é em todos os lugares, lá no Brasil era assim também!

Fala balançando a cabeça e procurando outro número na agenda.

-Preciso encontrar um local adequado em pouco tempo, o animal não pode dar à luz na beirada da estrada!

-Calma, já encontramos um local. Não se preocupe, ela pode ser levada para o rancho, tem espaço suficiente lá, não tem o menor problema. E é perto, então ela vai chegar rapidamente e poder ser atendida como merece.

Homem no espelho - O encontroOnde histórias criam vida. Descubra agora