Capítulo 7

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Fernanda on

Michael aceita jantar, fico feliz, vou poder retribuir pelo menos um pouco da gentileza dele nas vezes que fui recebida em sua casa.

-Pode se sentar, vou ajeitar tudo! Digo e ele volta à sala e eu levo as sacolas para a cozinha. Abro, separo as caixinhas de yakissoba, por sorte e pela minha gula, eu havia feito o pedido para dois. Separo os rashis, pego dois potinhos pequenos de shoyu e deixo tudo separado na bancada.

-Se importa se comermos aqui na sala? Acho mais aconchegante, raramente uso a mesa de jantar. Volto à sala e pergunto para Michael.

-Imagina, aqui está ótimo, posso ajudar em alguma coisa?

-Ah, pode colocar os livros que estão aí na mesa, ali na estante, se quiser... No mesmo momento ele se levanta muito prestativo e pega os livros.

Volto à cozinha e começo a trazer as coisas para a mesa de centro. Retiro uma das velas e deixo a outra. Acento e Michael me olha com um ar de estranhamento.

-Ah, não se preocupe. Não é um jantar à luz de velas! Tenho mania de velas, gosto de comer com um clima assim mais tranquilo e acabo acendendo uma vela às vezes. Digo me justificando e ele ri.

-Não, não estava pensando nada! E não tem nada de errado com jantares à luz de velas, inclusive! Fala e volta ao sofá depois de arrumar os livros em uma parte da estante.

Coloco duas almofadas no chão, uma na cabeceira da mesa de centro que é retangular e outra em frente a onde Michael está no sofá. Me sento na primeira almofada e convido para que ele sente também.

Michael on

Adorei a forma como ela arrumou o jantar, simples, delicada e ao mesmo tempo romântica, tem até uma vela. Mas ela disse que tem o costume, então não posso confundir como um sinal. Mesmo assim, está muito aconchegante. Ela começa a comer e em seguida pega um controle remoto de cima da poltrona atrás dela e aperta uns botões, uma música começa a tomar num volume baixo e a luz do ambiente está baixa também. Se eu tivesse mais coragem, esse seria o momento ideal de tomar uma iniciativa. Comemos devagar enquanto conversamos, dessa vez não falamos sobre nada de trabalho, começamos falando sobre sua família no Brasil.

-Você não os vê desde que veio para cá?

-Ah não, meus pais me visitam todos os anos, meu irmão também. Inclusive, ele ficaria louco se soubesse quem está aqui comigo, ele é muito seu fã! Tem 10 anos, eu apresentei sua obra para ele, desde então é vidrado!

-Vou adorar conhece-lo! Quando eles vierem, me avise, fazemos algo na minha casa e assim você nos apresenta!

-Claro, vai ser ótimo.

-Ele tem 10 anos? Grande diferença de idade para você... Seus pais são jovens?

-Eles têm 60 e poucos anos, mas meu irmão é adotado. Depois que eu nasci, minha mão não conseguiu mais engravidar, mas eles tinham essa vontade de adotar.

-Que ótimo, também tenho vontade de adotar e ter mais filhos.

-Sabe, eu nunca tive aquela vontade convicta de ter filhos, mas sempre pensei que se acontecer, vai ser por adoção. Quem sabe ainda acontece?

-Adotar é um ato de muito amor, eu acho lindo!

-É sim!

-Mas me conta mais sobre você, posso perguntar algo mais pessoal? Digo tomando coragem para entrar um pouco mais no assunto que quero.

-Claro, pode perguntar o que quiser!

-Você está solteira há quanto tempo? Pergunto e noto que ela franze um pouco a testa, como quem se admira com a pergunta.

Homem no espelho - O encontroOnde histórias criam vida. Descubra agora