Homem no espelho - O encontro

Capítulo 18

Levanto e vou até a porta da biblioteca para destrancar e volto até minha poltrona.

-O que está acontecendo com você, Michael? Não me atende nem me liga de volta faz dias e agora seus funcionários me ligam desesperados?

-Boa noite para você também, Karen!

-Deu para beber whisky agora, é? Ela pergunta ao notar a garrafa pela metade na mesa ao meu lado.

-É, dei... é o mais perto que chego dela. Respondo sincero.

-Sabia que tinha mulher no meio disso. Anda, me conta o que está acontecendo para você estar com essa cara. George me ligou, disse que você não come e que está desmarcando toda sua agenda, ele está preocupado e me deixou preocupada também.

-Não quero falar sobre isso. Quer uma bebida?

-Quero, obrigada. Pego outro copo e sirvo para ela.

-Se me falar eu posso ajudar, Michael. Sabe que pode se abrir comigo, quantas vezes já nos ajudamos quando alguém maltrata nossos corações, hum?

-Ah, Karen, estou completamente ferrado. Me apaixonei, me declarei e ela não quer nada comigo. Falo entornando o copo.

-Como assim? Quem é ela?

Conto tudo para Karen, desde o começo e ela escuta tudo em silêncio, me deixando desabafar. Sempre foi boa amiga, é a pessoa em quem eu mais confio.

-Ah, Mike! Sinto muito que esteja passando por isso, mas também não precisa ficar nesse estado, nem tudo está terminado. Vocês ainda podem ter chance. Enquanto não conseguir falar com ela e ouvir de sua própria boca que não quer nada com você, eu acho que não deve desistir e achar que tudo está perdido.

-Você acha? Mas já estou cansando de ligar e insistir, você ouviu que eu fui até a casa dela hoje e ela não me atendeu de propósito? Também não quero fazer papel de trouxa!

-Sim, muito estranho isso, porque pelo que me contou você dois têm grandes afinidades, estavam se dando bem, tudo bem que ela queria ir devagar, mas parecia que estavam caminhando para algo. Me fala mais sobre ela, onde mora, onde trabalha, quero entender melhor. E meu amigo, quando a gente ama, ser trouxa faz parte do pacote, o amor é trouxa, piegas, cafona e tudo mais, mas a gente ama mesmo assim.

Ficamos um longo tempo conversando sobre Fernanda, eu já estava tão para baixo que nem estava pensando direito, mas Karen me abriu os olhos. Me disse que se eu realmente quero ter algo com Fernanda, que não posso desistir depois de alguns dias difíceis, tenho que supera-los.

-Pelo que você sabe ela está solteira, não está?

-Sim.

-E gosta de estar com você, vocês conversaram muito, isso é bom, quando não tem assunto é que é problema. E pelo que me disse sem entrar em muitos detalhes, ainda por cima a transa que tiveram foi ótima, você gostou, ela gostou...

-Sim. Balanço a cabeça e bebo mais um bom gole.

-Algo está errado, Michael. Vamos descobrir o que é.

-Mas como se ela não fala comigo? Não quero que você fale com ela, se ela está com dúvidas a meu respeito, mandar uma amiga para falar com ela não vai ajudar em casa.

-Dê um tempo a ela, espere, não precisa se desesperar. Acredita no que estou dizendo, ela vai aceitar falar com você, mais cedo ou mais tarde, deve estar apenas precisando de um tempo sozinha. Você não entende isso porque você é você, sempre foi famoso, mas sair com uma pessoa famosa não é fácil, Michael, principalmente para quem não é conhecido. Pense um pouco nisso, por que você acha que ela disse que queria ir devagar? Pode não ser só por isso, mas pode ser que esse seja um dos motivos.