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Segure a postura Nestha.

Esse foi o mantra utilizado pela Archeron mais velha enquanto entrava no fino saguão do restaurante. Espelhos circundavam ao local, e tudo ali era muito dourado, como se fosse talhado em ouro. Ela ficou feliz por ter pego uma roupa de sua irmã, Feyre, porque as suas próprias tinham um estilo mais casual e vintage, nada como aquele local.

Um homem de idade, trajado em roupas formais, se encontrava atrás do balcão negro do local fino, os olhos dele se mexiam como os de um gavião. Era um recepcionista que avaliava os recém-chegados, confirmando se tinham ou não reserva enquanto olhava com fixação para o caderno dourado em suas mãos.

Nestha fez o que Cass havia a instruído.

— Sou Agnes Westfall. — E o velho senhor, antes tão sério e duro, rapidamente relaxou. Seu rosto acabava de ganhar um sorriso murcho.

— Por aqui, senhorita Westfall. — Ele chamou um jovem para tomar seu lugar atrás do balcão de entrada, pois o próprio parecia estar ansioso para mostrar o caminho. — O senhor já a espera.

Nenhum sobrenome, nenhuma menção sobre o nome verdadeiro do homem. Obviamente não era Cass e, mesmo que fosse, ele provavelmente carregava o título de família que todas as pessoas têm. Essa falta de conhecimento fazia com que Nestha se sentisse em um campo minado, sempre perguntando-se se fora uma boa ideia chegar até ali.

Porém, a questão é que ela já havia chegado. Soube, no momento em que correspondeu as investidas dele, que seguiria em frente. Na hora de sair de casa ainda restava uma vaga possibilidade de desistir, mas Nestha Archeron decidiu trancar as portas e ir em rumo ao desconhecido. De todo modo, ela mesma não usava seu nome comum.

A jovem ajeitou sua postura quando acompanhou o idoso. Ele atravessava mesas suntuosas cheias de pessoas com as melhores roupas. Ela acreditou até mesmo ter visto uma ou outra celebridade do momento por ali. E todo o caminho pareceu grande demais, muito extenso, como se aquele local não houvesse fim.

Até que eles chegaram em um elevador. Mil coisas passaram pela cabeça de Nestha naquele momento, todas um tanto quanto assustadoras.

Esse velho vai me matar aqui.

Ou então ele e o homem com quem conversei fazem parte de uma rede de tráficos de órgãos.

Ou tem um helicóptero me esperando em cima e serei enviada para a Turquia como prostituta.

É preciso dizer que Nestha sempre carregou uma imaginação fértil, embora essas coisas sejam facilmente pensadas por qualquer pessoa sã que se encontra em um local que nunca foi, dentro de um elevador com um senhor sorridente demais. Mas, assim como chegou no local pensando que havia feito sua escolha, ela resolveu continuar.

Tudo bem, ao fim, pois ela tinha uma faca.

O senhorzinho somente sorriu quando o elevador se colocou em movimento. Nestha respirou fundo, se agarrando a pequena bolsa de lado, que era do mesmo tom preto do seu vestido e sapato. Quando chegaram ao destino, Nestha suspirou aliviada. Primeiro porque o homem não a tinha prendido no elevador, segundo porque haviam mesas e pessoas no terraço, o que significa testemunhas. Porém, o mais importante, era verdadeiramente lindo ali em cima.

Nestha girou, olhando as estrelas que pareciam mais belas do que em qualquer outro local. O céu da noite estava negro, cheio daquelas pontinhas brancas e brilhantes. Era uma paisagem linda e aberta, e o local também não perdia em beleza, com suas várias mesas e estofados em volta. O espaço era maior que sua casa, o material da mesa e dos assentos com certeza mais caro que todos os seus bens.

Call me by NesOnde histórias criam vida. Descubra agora