5.

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Aviso: Por favor, leiam as notas finais :)

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A cama de Emerie era grande e confortável, fazendo com que as três amigas coubessem juntas ali. Os dedos ágeis das três entrelaçavam fitinhas. Aquela era uma coisa de Gwyn, na verdade, mas ela passou para as amigas. Eram pulseiras de amizade, de amor e da proteção que aqueles que amamos nos dá.

Nestha lembrava de como fora difícil chegar até ali, naquele quarto, com aquelas amizades. Como tinha sido um caminho longo, cheio de terapia e perdão, até que ela se sentisse merecedora daquelas pessoas, até que Nestha se sentisse bem o suficiente para interagir com outros.

Foi também uma longa caminhada para ela e suas irmãs, principalmente Feyre, até chegarem ao entendimento. Nestha via claramente, em sua cabeça, as antigas brigas. As consultas e a terapia, no auge de seus vinte anos, moldou o perdão para si mesma, o que possibilitou o reencontro com Fey e Lain.  Mesmo com isso, a tristeza dos anos separadas ainda a atormentava.

Felizmente, em seu coração também estava a recordação do dia em que as três se abraçaram logo após o término de Feyre e Tamlin.

— Vocês sabiam que recordar vem da palavra latina ricordare? — Ela não olhou para as amigas, continuou concentrada nas pulseiras. Sua mente ficava assim, límpida e em paz, desde que passou a utilizar uma técnica de Valquíria. — E, literalmente, essa palavra significa algo como passar novamente pelo coração. — Seus dedos tentavam fazer o trançado das fitas, o que era difícil, porque Nestha sempre fora a pior delas nisso. — Os gregos acreditavam que a memória estava no coração. Quando recordamos de algo isso significa que é nosso coração sendo tocado.

— Isso é tão bonito. — Gwyn resolveu dizer.

— Nestha, virou poeta, é? — Emerie retrucou, fazendo as amigas rirem. — Mas você tá pensando em Feyre, não é?

Como suas amigas a conheciam tão bem? Ela não sabia. Mas, mais ainda, ainda não entendia como tinha sido agraciada, depois de anos de sofrimento, com a capacidade de começar a se abrir com as pessoas. Depois de uma infância solitária e uma adolescência problemática, Nestha Archeron, mesmo tão nova, achava que já era o fim. 

Porém, a verdade era que sempre haveria recomeços, algo em que ela não acreditava, mas aprendeu isso tempos depois. Atualmente, era fácil deixar suas amigas a conhecê-la. E se Cassian tinha alguma abertura com Nestha, então deveria agradecer as Valquírias.

— Ela volta daqui um mês, e eu estou com medo, confesso.

— Do que? — A indagação partiu de Gwyn, que tinha as mãos trançando perfeitamente a pulseira, mas os olhos claros em Nestha.

— De termos regredido, de eu não gostar dessa nova família dela. Vocês sabem que ainda não sou totalmente civilizada, não?

Emerie tacou um travesseiro em Nestha, o objeto tocando no rosto dela e bagunçando seus cabelos. Nestha gargalhou, sendo acompanhada pelas outras duas. Alguns segundos depois, os cantos dos lábios de Nestha estavam doloridos, as bochechas vermelhas e lágrimas caíam do cantinho enrugado de seus olhos.

— Vai dar tudo certo, e você não é obrigada a gostar deles. — Parecia ser a voz de Emerie aquela, mas Nestha estava envolvida demais dentro de si.

— Mas eu não quero decepcionar ela.

— E não vai, porque seu amor e carinho e consideração são para com Feyre, a relação de vocês é isso, uma relação única entre vocês duas, os outros não devem ter influência nisso. A parte que lhe cabe, e cabe a eles também, é tratá-los bem.

Call me by NesOnde histórias criam vida. Descubra agora