Call me by Nes

2.

A tarde de sábado fora grandiosa. 

Nestha não se esqueceria, tão cedo, do passeio pelas melhores lojas, das compras suntuosas e das sacolas de variadas cores que estavam na mão de Cassian. Também se lembraria, com clareza, do modo como os olhos dele a acompanhavam em cada passo, cada respiração. O olhar escuro parecia contente em a medir o tempo inteiro, descendo pelo corpo de Nestha como se ela fosse a melhor visão na terra.

Em uma das paradas, Cassian sentou-se no sofá carmesim que ficava de frente para um provador elegante. Ele colocou o tornozelo de uma perna em cima do joelho de outra, e abriu os braços no encosto do material. Era como um rei e, pelo modo como o tratavam ali, talvez o fosse mesmo.

Nestha saiu de dentro do provador, trajando um vestido azul escuro, com decote em V que deixava o colo amostra, de mangas compridas. O comprimento ia um pouco acima do joelho dela. Segurando os cabelos, para mostrar a roupa totalmente, a mulher virou, dando uma volta completa, na frente da face atenta de Cassian.

— O que achou? — Ela levantou a sobrancelha ao perguntar.

Ele sorriu, mostrando de novo as covinhas.

— Você está linda, mas ainda gosto mais daquele preto. Você fica perfeita de preto.

Nestha piscou e então deu um risinho de canto, pensando nas maneiras de provocar aquele homem que mal conhecia, que ainda nem havia a tocado.

— Então ficarei com esse.

Ela se virou para se trocar mais uma vez, mas conseguiu escutar a risada suava que ele deu. Ao fim, Nestha levou o vestido azul e o preto, porque concordava com a observação de Cassian, ela ficava quase como uma rainha ao vestir aquela cor.

Levar as duas peças não era nenhum problema para a conta do homem, tanto que ela se certificou de pegar mais e mais roupas. E o dia transcorreu de tal forma, comidas boas, roupas caras, alguns livros comprados quando passaram perto de uma livraria, enquanto Cassian parecia contentar-se em olhar para ela de uma forma que seria capaz de queimá-la.

Não era nada tímido ou pudico, mas algo como se ele fosse a deitar em qualquer canto daquelas salas e então a foder até que Nestha esquecesse de seu próprio nome. Os olhares e os toques suaves que ele dava nela; como uma mão fechada em seu braço para mostrar um caminho, a palma aberta em sua cintura quando esperavam por algum atendimento, ou um roçar de dedos na parte exposta de sua pele, criavam uma tensão sexual quase palpável entre eles.

No fim daquele dia, a garganta de Nestha estava seca, sua pele parecia prestes a pegar fogo e ela não conseguia entender todas as reações exageradas que seu corpo estava tendo. Já era perto do horário do jantar quando ela resolveu tomar um banho para aplacar aqueles sentimentos, mas molhar seus cabelos e corpo não tinha trazido nenhum alívio, somente aumentou aquele desejo silencioso que corria por seu corpo como uma pequena aranha criando armadilhas em forma de teias.

Eles não estavam na casa do homem, mas em um belo quarto de hotel alugado por ele. Cassian disse que sua casa era algo mais acolhedor do que luxuoso e que essa noite gostaria de proporcionar somente o luxo para Nestha, por isso a levou até ali. E era esplêndido, tal como o restaurante da noite anterior. Era como uma casa completa, só o quarto daquele local era mais grande do que a residência de Nestha.

Quando ela saiu do banheiro, resolveu observou a aparência do lugar atentamente. Analisou a cama enorme e recheada de lençóis e travesseiros brancos, paredes decoradas com vários quadros, uma porta de vidro enorme que dava para a varanda e era ornamentada por uma cortina branca quase transparente, do mesmo tamanho que a porta. Era tudo muito lindo.

Porém, nada disso seria tão agradável quanto a visão que ela teve do homem em sua frente. Cassian estava deitado na cama, a calça social preta ainda vestida, junto do cinto, mas sem a camisa vermelha. Nestha conseguiu um panorama completo e privilegiado do torso dele agora, era possível observar e comprovar como era largo e marcado por músculos, além de descobrir as várias tatuagens em espirais e círculos nos peitos e nos braços.