8.

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O vestido preto era aquele dado por Cassian, a gargantilha em seu pescoço era aquela com a qual ele havia a fodido meses antes. Ela ainda se lembrava de contorcer-se embaixo dele, usando somente aquela peça. Nestha sentiu as bochechas pegando fogo, afinal, estava pensando nesse tipo de coisa no exato instante em que se encontrava na frente do novo apartamento de sua irmã mais nova e o noivo dela.

— Sério, Nestha, não precisava ficar nervosa.

Ela virou os olhos, encontrando os dourados orbes de Lucien. A roupa dele era bonita, os cabelos vermelhos e grandes caiam livres pelas costas do homem. Além dela, ele era o único que não conhecia aquelas pessoas. Na verdade, tinha sido o único minutos atrás, mas agora seu cunhado já havia sido devidamente apresentado.

— Eu deveria ter ido com Elain para a cidade deles, assim me pouparia isso.

Era verdade, Elain tinha ido algumas poucas vezes. Feyre chamou as duas irmãs, mas Nestha sempre estava trabalhando demais, pegando turnos exagerados para tentar ganhar um pouco mais ao final do mês. A irmã do meio tinha mais flexibilidade em seu trabalha, o que lhe deu chance de visitar a outra.

— Eu também deveria ter ido. — Lucien riu baixinho. — Fico apreensivo com essas reuniões também, mas sério, não é nada demais, Nes. Ninguém ali vai arrancar sua cabeça.

— É verdade, eles que devem ter medo de mim. Afinal, é um deles que está comendo minha irmãzinha.

Lucien engasgou, dando vários pigarros seguidos.

— Caralho, Nestha, você tinha que fazer essa imagem entrar na minha mente?

— Não pense que eu não me lembro que você também está comendo uma irmãzinha minha. — Ela replicou, os olhos cinzentos tornando-se frios.

Lucien pareceu engasgar mais uma vez com sua própria saliva, provavelmente ele estava se lembrando do início de seu relacionamento, quando Nestha tinha olhos de gavião em cima dele, quando ele tremia toda vez que ela franzia os lábios. Felizmente, para o Spell-Cleaver, sua personalidade caiu nas graças da irmã mais velha e se tornaram amigos.

— Pela Mãe, Nestha Archeron, você não tem jeito mesmo. — Lucien sorriu, balançando a cabeça.

— E ainda parece que ele é um velho, Lucien. Um velho comendo minha irmã mais nova.

— Você fala como se ele tivesse sessenta anos. Na verdade, ele só tem mais de trinta e, de toda forma, você tem que aceitar que suas irmãs são adultas, Nes, adultas, maiores de dezoito anos e responsáveis.

Ela assentiu, quieta. Mesmo sabendo que tudo aquilo era verdade, e concordando com isso, não daria totalmente o gostinho de seu cunhado vê-la dando o braço a torcer. Nestha olhou fixamente para a porta, enfiando seu dedo no botão de campainha ao lado. Era hora de terminar aquilo e entrar.

Se lembrava das amigas a lembrando que a única relação importante era a dela com Feyre, não precisaria gostar de ninguém que não quisesse, só bastava respeitar. Também se lembrava das incontáveis mensagens de Cassian nessa semana, a lembrando que iriam no museu no fim de semana.

Fazia mais ou menos um mês que eles tinham trocado números de fato. Embora os dois usassem um número diferente do usual para conversar um com o outro, protegendo partes de suas identidades. O fato é que eles somente se viam dentro do tempo estipulado desde o início, da sexta à noite até o final de domingo, mas conversavam bastante durante o espaço de tempo entre esses dias.

A jovem estava pensando nisso quando deu um pulinho ao escutar o clique da porta. Seu coração disparou um pouco, mas foi acalmado assim que viu a face de Feyre, depois de tanto tempo, ao vivo. O cabelo amarrado no alto da cabeça com as pontas onduladas, os olhos azuis céu contornados pelos cílios marcados por rímel. O vestido azul marinho e de alcinha que terminava acima dos joelhos dela, o sorriso estonteante que ela deu para a irmã.

Call me by NesOnde histórias criam vida. Descubra agora