Capítulo 22

574 52 0
                                    

Logo depois do jantar partimos para as terras humanas, apenas a rainha mais velha e a de cabelos dourados vieram dessa vez. Mas foram escoltadas pelo mesmo número de guardas.

Escolhi um vestido preto de mangas cumpridas, e com uma fenda, bem do meu estilo, meus cabelos pretos azulados caem em cascata até o final das minhas costas, e minha tiara de sempre sobre minha cabeça.

- Agradecemos por tomarem o tempo para nos ver de novo. - diz Rhys para as rainhas

A rainha mais jovem apenas deu um curto aceno de cabeça, e o olhar âmbar passa para mim e Mor, depois Cassian e Azriel de cada lado das janelas.

A rainha mais velha começa a falar: - Depois de ter sido tão gravemente insultada da última vez... - Ela lançou um olhar incandescente na minha direção e depois na de Nestha. -Debatemos durante muitos dias se deveríamos voltar. Como podem ver, três de nós acharam o insulto imperdoável

É mentira, vejo perfeitamente que ninguém cai.

- Se aquele foi o pior insulto que já ouviram em suas vidas, diria então que vão ficar muito chocadas quando a guerra vier. - falo com meu máximo de afeição.

Os lábios da mais jovem se contraíram de novo- Então, ele conquistou seu coração no fim das contas, Quebradora da Maldição. - diz a mais nova.

- Não acho mera coincidência que o Caldeirão tenha permitido que nos encontrássemos às vésperas do retorno de uma guerra entre nossos dois povos. - fala Feyre.

- O Caldeirão? E dois povos? - A rainha dourada brincou com um anel de rubi no dedo. - Nosso povo não evoca um Caldeirão; nosso povo não tem magia. Da forma como vejo, há seu povo, e o nosso. Você é pouco melhor que aqueles Filhos dos Abençoados. O que acontece com eles quando atravessam a muralha? - A rainha inclinou a cabeça para mim, Rhys, Cassian e Azriel. - Viram presas? Ou são usados e descartados, e deixados para envelhecer e morrer enquanto vocês permanecem jovens para sempre? Uma pena... é tão injusto que você, Quebradora da Maldição, tenha recebido o que todos aqueles tolos sem dúvida imploraram para obter. Imortalidade, juventude eterna... O que Lorde Rhysand teria feito se você envelhecesse, e ele não?

- Há um objetivo por trás de suas perguntas, além de ouvir a si mesma falar? - pergunto

- Devia controlar sua língua, princesa - fala a mais velha.

- Quer dizer que você pode falar todas essas merdas, que não são culpa nossa, e ainda devo ficar calda? Errou de pessoa, rainha -falo mesquinha.

- Cansei, a prova que pedimos, quando vai ser mostrada? - fala a mais nova.

A mulher mais velha apenas estende a mão enrugada para a caixa nos dedos finos de Mor.- Essa é a prova que pedimos? - pergunta com certo desdem.

Não faça isso, meu coração começou a suplicar. Não mostre a elas

- Rhysand! - exclamo, todos me olham.

Faço um movimento com a cabeça pra Rhys, que fala para ele não fazer aquilo, ele apenas me olha triste e prossegue.

- Mostre, então. Prove que estamos erradas.

Rhys da um aceno sutil de cabeça para Mor.

Não... não, não era certo. Mostrar a elas, revelar o tesouro que era Velaris, que é meu lar...

- Guerra é sacrifício- diz Rhys em minha mente.

Nem respondo, nada que eu fale vai para-lo, mas sei que não está certo.

Mor abri a tampa da caixa preta. A esfera de prata do lado de dentro reluziu como estrela sob um vidro.- Esta é Veritas - falou Mor, com uma voz que era jovem e velha. - O dom de meu primeiro ancestral para nossa linhagem. Apenas algumas vezes na história de Prythian nós a usamos, nós liberamos sua verdade sobre o mundo.

Mor ergueu a esfera do ninho de veludo. Não era maior que uma maçã madura e cabia dentro das palmas das mãos em concha de Mor, como se o corpo inteiro, todo o ser de Mor tivesse sido moldado para a esfera.- Verdade é mortal. Verdade é liberdade. Verdade pode quebrar e consertar e unir. A Veritas contém a verdade do mundo. Eu sou Morrigan -disse Mor, com os olhos não totalmente terrenos. - Vocês sabem que falo a verdade.Mor colocou a Veritas no tapete entre nós.

As duas rainhas se aproximaram.Mas foi Rhys quem disse:- Desejam prova de nossa bondade, de nossas intenções, para que possam confiar o Livro em nossas mãos? - Veritas começa a pulsar, uma teia de luz irradiando acada pulso. - Há um lugar em minhas terras. Uma cidade de paz. E arte. E prosperidade. Como duvido que seus guardas ousem cruzar a muralha, mostrarei a vocês, mostrarei a verdade dessas palavras, mostrarei esse lugar dentro da própria esfera.

Mor estende a mão, e uma nuvem pálida rodopia da esfera, unindo-se à luz do objeto quando passa flutuando por nossos tornozelos. As rainhas se encolheram, e os guardas se aproximaram com as mãos nas armas. Mas as nuvens continuaram fluindo conforme a verdade daquilo, de Velaris, escorria da esfera. Uma imagem surgi. Era Velaris, vista de cima.

Princesa da Corte NoturnaOnde histórias criam vida. Descubra agora