Capítulo 37

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Já no café da manhã estava perdida em meus próprios pensamentos, Jurian estava começando a mexer com a minha cabeça, as coisas que ele me falava, e depois saía sem explicações, estava irritada, mas não era a única, os Hybernianos e Jurian, estavam de cabeça baixa comendo quietos, já Feyre fez um jogo perigoso, com Tamlin e Lucien, que deixou os dois emburrados, achei genial, adoraria ver os dois caírem na porrada, por uma mulher que pertencia a outro homem. 

Era cada coisa que acontecia nessa corte, um molho de chaves dos portões da propriedade tinha sumido, isso não me cheirava bem.

Ianthe entrou e se dirigiu a Tamlin apenas.

— Desculpe-me interromper sua refeição, mas há uma questão a discutir, Grão-Senhor.

Todos nós nos esticamos ao ouvir aquilo.— O que é? — indagou Tamlin, emburrado e irritadiço.  — Ianthe fez de conta que percebeu a presença da realeza de Hybern.

— Talvez devêssemos esperar até depois da refeição. Quando estiver sozinho.

— Se podemos confiar em nossos aliados de Hybern para irem à guerra conosco, então podemos confiar em sua discrição. Vá em frente, Ianthe. — falou Feyre, e foi completamente ignorada pela sacerdotisa.

 Tamlin sopesou nossa companhia contra a postura de Ianthe e falou: — Vamos ouvir.

A garganta branca da sacerdotisa oscilou.— Há... Meus acólitos descobriram que a terra em volta de meu templo está... morrendo. 

Jurian revirou os olhos e voltou a comer o bacon.

— Então, conte aos jardineiros — ironizou Brannagh, retornando à própria comida. Dagdan deu risadinhas contra a xícara de chá.

— Não é uma questão de jardinagem. — Ianthe enrijeceu o corpo. — É uma praga na terra. Grama, raízes, botões... tudo, enrugado e doente. Fede aos naga.

— Há outros locais no bosque onde coisas morreram e não estão voltando — continuou Ianthe, levando a mão adornada em prata ao peito. — Temo que seja um aviso de que os naga estão se reunindo... e planejam atacar.

— Então quer dizer que até hoje você não tirou essas pragas de sua terra? — perguntei Tamlin com um sorriso irônico.

— Não faça piada quando sua terra esta tão longe e protegida, e tenho certeza de que não são eles, já chega com isso Ianthe. — respondeu ele.

— Sairemos à tarde para avaliar a muralha, mas, se o problema persistir quando retornarmos em alguns dias, eu a ajudarei a investigar. — falou Lucien, acho que com dó dela.

— Vai se juntar a eles, Grão-Senhor? —  Ela olhou para Feyre e  Lucien; a observação demorada demais para ser casual.

— Por quê também não vai Ianthe, podemos ficar na mesma barraca e ver quem sai com vida. —interrompo. 

— Podemos amarrar as mão e pés dela, pra você não partir tão rápido — falou Jurian para Ianthe. 

Ianthe ficou vermelha de ódio, e foi Feyre quem falou. — Ele não irá, não preciso de uma escolta.

— Talvez você devesse ir, meu amigo. — Esperei... esperei por qualquer que fosse a loucura que estava prestes a sair daquela boca emburrada. — Nunca se sabe quando a Corte Noturna tentará levá-la embora.

— Teve notícias? — sussurrou Feye

 Jurian a interrompeu, falando: — Não há notícia alguma. As fronteiras estão seguras. Rhysand seria um tolo se abusasse da sorte vindo até aqui..

— Um tolo, sim — replicou Ianthe. — Mas um com uma vingança. — Ela encarou Tamlin, — Talvez se devolvesse a ele as asas da família, ele poderia... se acalmar.

Por um segundo, silêncio tomou conta de mim. Então me levantei de repente e perguntei: — Onde está?

— Vi você procurando por toda a propriedade, mas certamente não irá achar — fala abrindo um sorriso de deboche.

Eu pego a espatula que estava usando para passar geleia no pão, miro em seu ombro e é certeiro, entra até metade. Ela grita.

— Já te ensinei a não mexer comigo, não foi sacerdotisa? 

Tamlin é o único que se levanta e segura o ombro de Ianthe.

— Dá pra se acalmar? Eu queimei as asas há muito tempo. — fala ele tentando me controlar.

Graças a minha explosão ninguém notou a cara de raiva de Feyre.

— Você é completamente maluca — fala fazendo cara de vítima, mas absolutamente ninguém ali se importava.

— Vou levá-la a uma curandeira — fala Tamlin se dirigindo para fora

— Espera — me aproximo, Tamlin esta em posição de pular entre nós, pego a espatula e arranco de uma vez, ela berra — Eu ainda preciso disso.

Ela parece prestes a chorar. — Me leve logo

— Você sabe que isso vai cicatrizar em minutos né? — fala Lucien

— Eu quero ir mesmo assim — fala esperneando como uma criança.

Eles saem, me sento, pego um guardanapo, limpo o talher e volto a passar geleia no pão.

Todos me olham.

— Eu sei que fiz o que todo mundo queria fazer, não me olhem como se eu fosse louca. — digo

Ninguém nega.



Era uma cavalgada de dois dias, mas levamos apenas um para chegar, atravessando-andando-atravessando. Conseguíamos fazer alguns quilômetros por vez, Lucien me carregava, já tinha reclamado milhares de vezes, falou que nunca foi tão difícil atravessar, Feyre parecia a mais tranquila, levando alguns guardas. Quando chegamos, a escuridão caía.

Fiquei em uma barraca sozinha, enquanto Feyre ficou com Lucien, ele pediu pra ficar comigo, estava com medo do que iam pensar por dormir com Feyre, mas eu disse que só se ele aceitasse a proposta que fiz a Ianthe, ele riu e saiu. 

Passei grande parte da noite tentando aumentar a rachadura da pedra, estava fazendo isso todas as noites desde o dia que cheguei, adormeci durante o processo que era muito cansativo, mas era bom pra minha mente, ajudava a não pensar no buraco que estava em meu coração, eu enlouqueceria, em algumas semanas, eu enlouqueceria sem ver meu parceiro.

— Acorde — falou Jurian

— Saia — gritei, tampando os olhos da claridade. Ele riu e saiu

Levantei, me lavei no córrego, e seguimos viagem.

Jurian xingou adiante, corremos ao ouvir uma espada sendo desembainhada, chegamos à muralha, aquele marcador invisível, terrível, zumbindo e latejando em minha cabeça. E, nos encarando diretamente pelo buraco, ali estavam três humanos.


Princesa da Corte NoturnaOnde histórias criam vida. Descubra agora