Capítulo 41

483 48 2
                                    

Lucien estava paralisado, parecia em choque.

Brannagh passou os dedos pelos cabelos dourados de Ianthe, emitindo um estalo com a língua diante da massa ensanguentada aninhada no colo da sacerdotisa.— Vão a algum lugar?

— Temos lugares para ir — respondi aos membros da família real de Hybern, reparando nas posições de flanco que estabeleciam casualmente ao nosso redor.

— O que poderia ser mais importante que nos ajudar? Vocês, afinal de contas, servem ao rei, por isso estão vivas.

— Nós servimos unicamente a nosso Grão-senhor, e ele nos aguarda. — falo

Eles ganhavam tempo até que Tamlin voltasse da caçada com Jurian. Lucien continuou congelada, mas algo parecido com dor lampejou por seu rosto quando finalmente reparou no boldrié de facas, na sacola nos ombros de Feyre, e que agora ela se aproximava de mim de forma íntima.

— Não devo lealdade a você — revelou a Brannagh, mesmo enquanto Dagdan começou a ultrapassar nosso campo visual. — Sou uma pessoa livre, com permissão de ir aonde e quando quiser.

— É mesmo? — ponderou Brannagh, deslizando a mão para a espada no quadril. 

Eu me virei levemente para Dagdan em meu ponto cego deixando Feyre com Brannagh . 

— Ardis tão cuidadosamente tecidos nas últimas semanas, manipulações tão habilidosas. Não pareceu se preocupar se fazíamos o mesmo.

— Fiquem com a Corte Primaveril — falei de costas para ela. — Vai cair de uma forma ou de outra.

Lucien grunhiu. Eu o ignorei.

— Ah, nós pretendemos — disse Brannagh, tirando a espada da bainha escura. — Mas há a questão que diz respeito a você. — falou apontando para Feyre.

Feyre pegou duas das facas de caça illyrianas. Eu estava sem poderes, não poderia lutar contra eles com armas tão curtas.

— Não se perguntou sobre as dores de cabeça? Como as coisas parecem um pouco abafadas em alguns laços mentais?— continuou Brannagh
Dagdan riu com escárnio e finalmente disse à irmã: — Eu daria dez minutos a ela antes de a maçã fazer efeito.

Foi aí que entendi, estavam envenenando Feyre, ela ficariasem poderes logo, logo.

Brannagh riu, chutando as correntes de pedra azul. — Demos à sacerdotisa o pó a princípio. A pedra de veneno feérico esmagada, moída tão fina que não se podia ver ou sentir o cheiro na comida. Ela acrescentava um pouco por vez, nada suspeito, não muito, para não suprimir todos os seus poderes de uma vez.

Dagdan me observava e rodeava, comecei a mover também, até Lucien, ele percebeu, mas não me impediu queria ver o que eu iria fazer.

— Somos daemati há mil anos — revelou Dagdan, com escárnio. — Mas nem mesmo precisamos entrar na mente de Ianthe para fazer nossa vontade. Mas você... que esforço corajoso, tentando proteger todos de nós. A mente de Dagdan disparou para mim, uma flecha escura disparou. Feyre ergueu um escudo no caminho. Ela estremeceu.

— Que maçã? — perguntou, entre dentes.

— Aquela que engoliu há uma hora — respondeu Brannagh. — Nosso tio ficaria muito insatisfeito se deixássemos duas de suas melhores armas fugirem.

Nós ainda podíamos atravessar, mas Feyre não deixaria Lucien, eu entendia.

Olhei para Feyre, nos sorrimos uma para a outra e fizemos a escolha. 

Cheguei até Lucien, que ainda estava pregado a árvore, e desembainhei sua espada. — Se for um macho de honra não vai precisar de seus poderes. — falei para Dagdan, ele riu.

Feyre e Brannagh, estavam lutando entre si.

Olhei para Dagdan que atravessou ate mim, e fez um corte leve em minha coxa como se para apenas provocar, então também ataquei, fui para cima dele com a espada, ele estava na defensiva, fiz um corte em braço, ele xingou, e percebeu que as coisas não iriam acabar bem para ele, então começou atravessar para lugares aleatórios e me atacar, o que ele não esperava é que Rhysand havia me treinada dessa forma milhares de vezes, então quando ele atravessou pela terceira vez eu sabia onde ele estaria, sabia que veria vantagem em me encurralar contra uma árvore, então me virei antes dele surgir, e enfiei a espada com toda minha força no vento escuro.

Acertei seu quadril,  ele caiu de joelhos, Brannagh viu e ódio transpareceu em seu olhar, Feyre também olhou para nós perdendo um pouco da atenção, foi então que  Brannagh mirou uma investida contra o coração de Feyre, soltei a espada e atravessei, sem pensar, apenas como um escudo a minha Grã-senhora, e a minha amiga, e a parceira de meu irmão, ainda estava com pedra em meu pulso, a dor de atravessar foi tão grande que estava caindo de joelhos quando a princesa empurrou a espada, atravessou meu ombro esquerdo, 

Feyre gritou, e aproveitou o momento que  Brannagh ainda estava com a mão na espada pra cortar a garganta dela.

Lucien saiu do choque, foi até Dagdan, e finalizou o que eu havia começado, enterrou a espada em seu peito.

— Modifique a mente de Ianthe — falei ofegante. 

Ela olhou para mim com desespero, mas obedeceu.

— Feyre. — a voz de Lucien.

Ela o ignorou — temos que ir agora, você vai ficar bem, tá bom? — falou, parecia mais para se convencer do que a mim.

— Vou retirar a espada e amarrar um tecido, tudo bem? — perguntou

—  Rápido. — falei

Ela parecia com mais dor que eu, então falei — segure meu ombro, apenas faça.

Ela fez, e eu mesma retirei a espada, com um grunhido abafado.

— Ai, pela Mãe, sinto muito Davina. — falou pegando um pedaço de sua blusa e amarrando um torniquete.

— Estou bem, vamos embora. —  falei

— Não vão conseguir sem magia — avisou ele. — Vou com vocês — disse ele, de novo, com o rosto manchado de sangue tão vermelho quanto os cabelos.  — Vou recuperar minha parceira.

— Não temos tempo para discutir — falei com a voz abafada. Feyre pareceu se contorcer com minha voz dolorida.

— Não me faça me arrepender disso — avisou a ele. 

Princesa da Corte NoturnaOnde histórias criam vida. Descubra agora