O1. Confusões e mudanças

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Acompanhei algumas estórias no pique de novel por aqui e muitas delas não foram concluídas, por isso quero avisar desde já que não vai aconntecer com Imperial... ela esstá prontissíma e já tem até extra.

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Chyou tentou agir como de costume, deixou-se ser vestido pelos servos, aguentou calado a tagarelice do irmão e logo foi levado até os pais, estes que estavam no salão principal da propriedade junto dos outros membros da família. Membros estes que Chyou viu sendo executados não fazia muito tempo...

Tudo era tão confuso!

"Bom, já que todos estão aqui." O enviado do palácio fez um som de tosse, abrindo o pergaminho para ler o conteúdo que basicamente todos ali já tinham conhecimento. "São tempos de paz, finalmente consegui a estabilidade que almejava para meu povo e isso me faz imensamente feliz, contudo, vergonhosamente tenho de assumir que estou fragilizado em razão do período dentro dos terrores da guerra. É hora de fortalecer meu harém novamente. Família Bo, espero um dos teus filhos principais no meu domínio, dou-lhes tal glória através desse édito." O orador fez alguns segundos de pausa, dando certo tempo para que as pessoas do âmbito se habituassem a novidade. "Foram essas as palavras do Filho dos Céus, e como ordem sagrada, preparem uma de suas proles para voltar conosco aos domínios do Imperador Hui."

O mesmo cenário, as mesmas palavras, as mesmas reações... tudo tão exatamente igual que chegava a causar arrepios no gêmeo Bo renascido. Renascer... então era isso. Ele havia ganhado uma nova chance, por tal, não poderia se permitir morrer com culpa novamente. Na verdade, não poderia se deixar morrer. Nem ele, nem sua família.

"Hm... filhos principais." Iniciou, sua fala sendo antecedida pelo barulho suave de seu leque sendo aberto. "Isso quer dizer que terei de ir ou eu, ou Chun." Com os olhos naturalmente frios, fitou seus progenitores, semelhante a última vez, eles estavam em choque.

"Chyou..." Chamou Chun, sabendo que não era do menor interesse do irmão tomar uma posição como a de uma concubina.

Chyou era livre, jamais viveria dentro dos muros fechados do palácio por pura vontade.

"Eu vou." Proferiu calmamente, causando surpresa em todos os presentes, até mesmo seus pais saíram do torpor. "Sou o gêmeo mais velho, é natural que eu vá."

Elegantemente Chyou balançou o leque, fazendo com que alguns de seus fios negros e longos se agitassem com a brisa suave, aproveitando do silêncio que se fez vigente no cômodo.

"Se..." O chefe da família, pai dos gêmeos, rapidamente contornou a situação, chamando a atenção de volta para si. "Se foi isso que meu primogênito decidiu, então assim será. Bo Chyou entrará para o harém imperial como presente da família Bo ao nosso honorável Imperador."

[...]

Os pertences de Chyou foram finalmente guardados por completo em baús de madeira de boa qualidade, tarefa executada pelos servos da residência em poucas horas.

Era meio-dia, mas o moreno ainda estava tentando raciocinar direito o que acontecia. Eram informações demais, mesmo que ele fosse um indivíduo que se adaptava muito facilmente... era complicado e ligeiramente irracional.

"Ge... você tem certeza?" Chun não largava do pé do mais velho em nenhum momento, e se o primogênito havia contado corretamente, aquela era a quinta vez que ele fazia aquela mesma pergunta.

"Seu bobo, eu não estou indo para a guilhotina." Ditou, mas acabou por engolir em seco em sequência. Da última vez aquele havia sido o destino de todos eles. "Eu sou o mais inteligente, não concorda? Você seria como um patinho tonto entre as armações das concubinas do Imperador."

"Não é assim!" O mais novo fez birra, até mesmo colocando nos lábios um bico imenso. "Não sou tão idiota, pare de fazer parecer que o gêmeo inteligente e é você!"

"Mas é assim." Ácido, foi assim que Chyou respondeu, logo erguendo o leque e batendo suavemente na testa alheia.

"Só tome cuidado, ok? E me dê notícias. Não negue minhas visitas, vou ver você todos os meses. Coma direitinho e... controle essa sua personalidade de merda, não irrite ninguém lá dentro!" No passado, fora Chyou a dizer tais palavras para Chun. Ou algo parecido, já que o pequeno tinha uma boa personalidade, ao contrário de si. E isso não foi ironia.

"Que palestra patética é essa agora? Pare de agir como o ge, esse sou eu!" Olhou feio para Chun, que sorriu bonitinho na sua direção e acabou amolecendo seu coração.

"Ge... é sério, fique bem." Chun era um doce de pessoa, era puro e atencioso. Ele nunca seria capaz de fazer as coisas que foi acusado na ocasião da guilhotina, e o motivo da condenação deles.

"Eu vou." Respondeu simplesmente, acariciando de leve os fios alheios.

Não demorou para que um servo viesse até onde estavam, avisando para o Bo mais velho depois de uma saudação formal que os mandados do Império já exigiam sua presença na frente de casa.

"Bom..." Após uma breve caminhada, se encontrou diante de uma suntuosa carruagem e bem atrás dela uma outra menos luxuosa. Perto da entrada da propriedade estavam seus pais, com uma expressão feliz, mas um raio de preocupação que não podiam esconder no fundo do olhos. "Ora, não fiquem assim. Prometo que vou trazer glória para nossa família," Olhou para o pai. "mas não muita. É trabalhoso."

"Minha criança..." A matriarca foi a primeira a se aproximar, o abraçando com força enquanto tentava segurar as lágrimas.

Logo em seguida foi seu pai, que o abraçou um pouco mais rapidamente, porém com a mesma quantia de sentimento.

"Não faça besteiras." Advertiu, e Chyou não pôde conter a risada, seguida de um aceno mínimo.

Olhando para o irmão a roer as unhas ao lado dos progenitores, Chyou sorriu com divertimento.

"Aquiete-se pirralho, e confie em mim." Tais foram seus últimos ditos antes de ser guiado até a porta da carruagem com detalhes em ouro; o símbolo do Império gravado na porta podia ser visto a distância, informando que quem estava ali dentro agora pertencia ao dono de todas as terras em que pisavam.

Dentro daquele meio de transporte com os assentos mais confortáveis que já havia experimentado, foi inevitável para Chyou sentir-se um pouco mais tenso, ainda que esperançoso.

Neste momento ele não rumava apenas ao palácio, mas também para uma nova trajetória a qual ele transformaria na mais vantajosa para si e para os seus.


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Ge significa "irmão mais velho", é a forma de tratamento que usam lá na China, semelhante ao hyung da Coréia, sabe?

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