O8. A caçada real

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Mãe me ajude, eu não sei mesmo cumprir promessas KKK

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A questão dos antecessores de Ji Jie com Imperatriz Mama era um pouco complicada, pois a mãe verdadeira do Imperador atual tinha que dividir o prestígio do cargo com a mulher do antigo Imperador, se esta ainda estivesse viva. O que aconteceu exatamente na vez de Wuqing liderar o Império. A Imperatriz Mama atual era a mãe de Hui, mas dividia prestígio e influência com a Imperatriz Viúva. A Imperatriz Mama só assumiria o controle de tudo quando Wuqing encontrasse um consorte, coisa que ainda não havia acontecido. E por isso o harém era cuidado parcialmente pela Imperatriz Viúva.

Ela nutria uma ligeira implicância com o atual Imperador, por isso era uma situação um pouco complicada. Mas o que basta entender é: ela vem da linhagem dos Yu, é aliada de Yu Jie e consequentemente mantém as reprimendas um pouco suaves demais para a dita cuja concubina.

Wuqing não tinha total controle do harém, talvez fosse por isso que aceitou Chyou como seu aliado para isto. Ou não, talvez ele só quisesse ver como o rapaz pretendia agir.

Mas voltando, ao que parecia, Chyou teria de reprimir as outras duas armações de Yu Jie, pois só a primeira não surtiu muito efeito. Droga!

De acordo com as lembranças, agora seria a vez da Caçada real. Além disso, também era a comemoração dos vinte e cinco anos de Wuqing. Como constava na tradição, Chyou não precisaria se preocupar com presentes porque seriam oferecidos por sua família, mas ele ainda quis ser ousado e se propôs a preparar um pequeno objeto para o monarca.

Como dessa vez seria um evento generalizado, em especial o Bo não teve muito trabalho a fazer. Mas isso só o deixou mais apreensivo, quase ao ponto de roer as unhas. O que diabos Yu Jie iria aprontar exatamente? Era horrível a sensação de sentir que a flecha poderia vir de qualquer lado!

Um momento... flecha? Oh, era isso! Exatamente isso! Chyou exibiu então um pequeno sorriso malicioso.

...

Na vívida data, infelizmente o gêmeo protagonista não teve tempo de se encontrar com seu honorável amante, isso em razão da celebração que estava prestes a começar.

As cerimônias foram prestadas ao Imperador, os nobres desejando a este uma vida longa, muitas bençãos e trazendo consigo vários presentes de valores exorbitantes. O clã Bo não foi uma exceção, e Chyou ficou feliz ao avistar de longe tanto os pais quanto os irmãos, mas manteve-se em seu próprio canto bastante quieto. Ainda que tivesse alguma noção dos planos de Yu Jie, era necessário ficar com a guarda alta.

Em algum momento do animado banquete, conversas harmoniosas e troca de lisonjeiros elogios, logo foi anunciado o início da caçada com o som de um gongo estridente. Essa era uma tradição. A área de caça do castelo era extensa, cheia de pequenas e grandes presas. O vencedor da vez levaria para casa um presente especial oferecido pelo próprio Imperador, e tal glória viria junto de um favor. Obviamente, ninguém estava disposto a perder.

Em razão do bom humor do monarca, as concubinas também foram permitidas a participar e como não havia ninguém da família Bo que estava disposto a se embrenhar no mato, Chyou tomou a frente. Não lhe custaria nada, afinal. Na realidade, só ajudaria com seus planos.

Chyou alcançou um bom arco e uma aljava com flechas, ajustando-a nas costas e adentrando nos limites do mato. O rapaz respirou fundo, controlando assim os próprios passos para não fazer muito barulho ao caminhar, ampliando o alcance de sua audição para se atentar a cada mísero som que fosse feito nós arredores.

Surpreendentemente ou não, ainda que completamente devotado a não cair em nenhuma trama, os olhos do Bo foram atraídos para um rapaz não muito longe de si. Ele parecia estar intencionalmente em uma curta distância de sua própria pessoa, então pegou uma flecha e a colocou no arco.

Chyou quase entrou em pânico, olhando para a direção que a flecha estava apontada, esbarrando com uma importante figura da política. Maldito previsível!

Findando com o teatro, Chyou sacou uma flecha também, apontando para a igual do impecável Yu Jie, mirando no corpo da arma para interceptá-la no meio da trajetória. Percebendo que o plano havia falhado, Yu Jie paralisou, direcionando assim os orbes cheios de ódio para Chyou.

"Parece que há uma erva daninha em meio as rosas do Imperador..." Chyou entoou com deboche palpável, movendo os orbes de jade para fitar Wuqing, que assistia a cena de um lugar privilegiado.

A máscara de Yu Jie quase caíra por completo, mas mesmo sendo pego no flagra as coisas puderam ser suavizadas para o lado dele. Era certo que a mira do soberano já estava nele, mas o ato final ainda estava por vir. Depois de ouvir algumas desculpas miseráveis, o Imperador Hui o dispensou com um acenar em descaso, indicando para que voltasse para o que quer que estivesse fazendo. E Chyou ficou por ali, sem querer mostrando um pouco de seu desagrado. Quando seria o momento de enviar aquele filho da puta para a guilhotina? Argh, deixa. Não podia se fazer impaciente agora.

"Você está mal humorado?" Wuqing perguntou ao se aproximar, ainda montado no cavalo de grande porte e estendendo a mão na direção de sua concubina.

"Não." Respondeu, mas a falta de complemento e a expressão fechada faziam de Chyou um péssimo mentiroso.

"Tsc." O Imperador fez um som de riso, enfim recebendo a mão de Chyou e o puxando para sentar-se consigo sobre o equino.

"Porque..." O Bo ficou momentaneamente atordoado, encarando consequentemente o filho dos Céus com uma cara de idiota.

"Criança boba." Hui roubou-lhe um selinho. "Não se apresse, faremos a família Yu cair de uma forma ainda mais miserável."

"Hm..." Murmurou ainda emburrado, mas logo se livrou disso para buscar das vestes um sachê perfumado que ele próprio havia bordado. "Tome. Feliz aniversário."

"Dessa forma?" Wuqing franziu as sobrancelhas.

"Eu fiz sozinho... na verdade está horrível. Devolva-me." Subitamente o gêmeo foi acometido por uma onda de timidez, tentando assim buscar de volta o simbólico presente.

"Não. Aquiete-se." O maior o prendeu pela cintura, firmando-o para que não houvessem margens de uma queda, pois ainda estavam sobre um cavalo. Analisando brevemente o sachê que cheirava a sândalo e tinha flores de um bordado claramente feito por iniciante, os lábios bonitos se retorceram em um sorriso agradável.

"Sua majestade..." O Bo quis argumentar, mas foi calado por um beijo sedento que, como sempre, roubou-lhe todo o oxigênio.

"És adorável." Hui resmungou assim que o contato se deu por concluido, sentindo então as mãos alheias embrenharem-se em suas vestes.

"Não seja assim." Chyou recusou-se a aceitar, mas mais uma vez foi apaziguado com um beijo.

"Seja um bom garoto." Ordenou sua majestade, finalmente dando atenção para o caminho que tomavam. E Chyou fez o mesmo.

Quando ergueu os orbes, sentiu-se profundamente entorpecido. Estavam seguindo por uma estrada cujas laterais eram repletas de cerejeiras, estas as quais estavam em pleno período de floração. Era espetacular. E foi ainda mais quando o vento os atingiu, trazendo o cheiro das pétalas e até mesmo algumas para rente da figura das duas pessoas.

É, tanto Chyou quanto Wuqing poderiam se acostumar facilmente com isso. Essa calmaria que conforta a alma, eu me refiro.

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Nunca mais escrevo uma longfic KKK

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