11. Trying To Kill The Moon

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Cooper

Eu estreitei os olhos para Ethan, ainda tentando entender se aquilo era um elogio. Eu não sabia dizer se "não mudou nada" era algo bom ou não, mas preferia acreditar que não era ruim não mudar nada, significava que eu ainda era reconhecível, talvez.

A verdade é que eu tinha mudado muito, muito mesmo. A experiência de morar sozinha, de conhecer novos lugares, novas pessoas e de se virar de verdade mudava muito uma pessoa, mas isso não significava que eu, automaticamente, tinha mudado por fora.

— Você também não mudou muito — Eu sorri para ele, curvando-me para pegar a cestinha ao lado dos meus pés. — Como tem sido passar esse tempo em Brookline?

Ele torceu o nariz, não parecendo tão contente com a pergunta.

— Sinceramente, achei que eu teria menos dores de cabeça — Ele levantou as sobrancelhas, parecendo exausto. — Mas, bom, acho que com o meu melhor amigo por perto, é difícil não ter dores de cabeça, né?

Ele tinha evitado dizer o nome do Daniel propositalmente e, de certa forma, aquilo me incomodou. Eu sabia quem era o seu melhor amigo, ele não precisava esconder o nome do Daniel como se ele fosse um assunto proibido ou coisa do tipo.

— O Daniel é uma aventura com pernas, no fim das contas — Sorri fraco. — Ele não mudou nisso, ao menos!

— Ele não muda — Disse ele, conformado. — Continua o mesmo cara teimoso e de coração mole!

Baixei os olhos para os meus pés enquanto caminhávamos pelos corredores do mercado, lado a lado. Sorri discretamente me lembrando de como o jeitinho único de Daniel era capaz de fazer com que todos se sentissem um pouco mais confiantes.

Ethan me disse que estava lá porque precisava comprar um galão de leite, mas permaneceu ao meu lado até que eu terminasse de pegar todos os itens da lista de compras da minha mãe, talvez para garantir que eu alcançasse todos eles.

— Ah, não esquece que sexta é meu aniversário — Avisei, virando-me para trás, deparando-me com seus olhos surpresos. — A gente vai naquele café perto da escola, depois das sete. Eu quero que você vá! — Abri um sorriso largo. — Leva o Daniel, também!

O loiro empalideceu no mesmo instante. Eu queria saber se aquilo era um sinal ruim ou não, porque ele estampava um sorriso involuntário, talvez mal tivesse percebido que ele se formava bem abaixo do nariz, mas seu rosto, ao mesmo tempo, parecia assustado.

Seus olhos, que tinham cor de topázio azul, escondiam milhares de ideias. Eu praticamente conseguia as enxergar passando por ali, como se uma enxurrada de informações caíssem como cachoeiras dentro de sua mente e, por algum motivo, aquilo me animava e me assustava.

— Pode contar comigo! — Ele sorriu gentilmente. — Eu não perderia seu aniversário por nada!

Eu retribuí o sorriso sem pudor algum, mostrando meus dentes para ele antes de me despedir rapidamente e pagar pelas compras.

Enquanto eu voltava para casa, sozinha, meu coração saltitava dentro do meu peito ao encalço que minha mente fazia o trabalho de imaginar milhares de cenários diferentes para o meu aniversário.

Eu era praticamente capaz de sentir tudo o que imaginava, os cheiros, as texturas, tudo. E as cenas flutuavam pela minha mente como se realmente fossem se materializar da forma que eu queria que elas fossem.

Saltitei no meio da calçada, pensando que finalmente teria a oportunidade de falar com o Daniel depois de tanto tempo, pensando que, finalmente, eu poderia consertar o que quer que estivesse mal resolvido entre nós dois. Talvez eu poderia até beijá-lo novamente, e aquela sensação, aquela estranha expectativa de poder, no mínimo, olhar em seus olhos mais uma vez e encontrar seu coração novamente, me deixava tão empolgada que doía para respirar, como se eu quisesse explodir.

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