4. i love you

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Carter

Ethan não era o meu motorista favorito do universo, mas era o que tinha disponível, já que tínhamos combinado que ele me buscaria no aeroporto quando eu chegasse em Brookline.

Ele tinha algum tipo de medo de dirigir, ou coisa parecida, e, apesar de ser um cara calmo e gentil, se estressava facilmente com o trânsito.

Com as mãos presas no volante, ele não desviava os olhos azuis do movimento dos outros carros, dos espelhos, da rua. Seus ombros estavam tão tensos que eu estava praticamente pedindo para ele parar o carro e deixar que eu dirigisse.

— Cara, tem certeza que não quer que eu dirija? — Perguntei, me rendendo ao impulso de perguntar.

Ethan virou o rosto em minha direção, irritadiço.

— Não, você deve estar cansado da viagem! — Respondeu, virando-se para o trânsito novamente. — Como estão as coisas no time?

— Os caras ainda pegam no meu pé — Retruquei, cansado de ouvi-lo reclamando do cara que o cortara na avenida. — Sabe como é, eu sou o caçula do time, sempre vão pegar no meu pé. Mas eles são legais!

Ele ergueu as sobrancelhas, conformado.

Ethan sabia que, nem sempre, eu ficava muito feliz com o tanto que pegavam no meu pé dentro do time. Eu sempre o dizia que enchiam o meu saco e que às vezes tinha vontade de desistir por causa disso, mas ele sabia que era só porque eu era um preguiçoso que detestava me sentir vulnerável daquele jeito.

Diferente do que acontecera comigo no Brookline High School, eu não comecei como um cara admirável por ser mais novo e estar dentro do time titular da escola, eu não era o capitão da equipe e se quisesse o posto, teria que batalhar muito para conseguir. Ali, no meio do Michigan Pirates, eu era só mais um moleque novato que estava tentando aparecer, de alguma forma, que estava tentando fazer o nome virar destaque dentro do futebol americano, enquanto muitos deles já estavam passando pelo terceiro ou quarto time desde o início de suas carreiras.

— E quanto a você? — Perguntei. — Você disse que precisava tirar um tempo dos palcos, aconteceu alguma coisa que você não me contou?

Ethan parou o carro em um semáforo. Ele respirou fundo e batucou os dedos no volante do carro. Ele definitivamente não tinha me contado alguma coisa.

O loiro virou o rosto magro em minha direção, estampando um sorriso sem graça na curvatura dos lábios.

— Lembra do tal namorado que eu tive? — Perguntou e eu confirmei com a cabeça. — Ele era um cara foragido da polícia!

Eu hesitei. Provavelmente arregalei tanto meus olhos que eles quase pularam para fora da minha cara, porque Ethan apenas confirmou com a cabeça, como se já esperasse que aquela fosse a minha reação.

— Pois é — Ele deu de ombros. — Ele foi acusado de matar um cara e fugiu, conheci ele depois do teatro, ele assistiu. Eu te falei... — Ele encurtou. — Mas quando eu descobri que ele tava fugindo da polícia, caí fora e decidi vir passar um tempo com meu pai. Sai fora, não quero morrer tão cedo!

— Ainda bem, né?

— Bom, sim — Ethan acelerou o carro. — A Adalia me ajudou bastante, foi bem esquisito, na verdade. Mas tá tudo bem, foi só um susto!

Permanecemos em silêncio por alguns minutos. Aquelas ruas, os prédios, as pessoas andando, os lugares que estávamos passando, eu tinha boas lembranças de tudo por ali, e era reconfortante saber que eu estava de volta por algum tempo.

— Ficou sabendo? — Ethan perguntou e eu neguei com a cabeça. — O Jordan não te falou nada?

— Sobre o quê? — Perguntei.

Substancial |LIVRO 2|Onde histórias criam vida. Descubra agora