Ponto de partida

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Joguei meu corpo para frente levantando da cama desesperada, não gritava como de costume, porém ainda estava aterrorizada, meu pesadelo que costumava sempre ser o mesmo, desta vez foi diferente, eu ainda estava no mesmo bosque vazio, ainda me sentindo sozinha, abandonada,  diferente das outras vezes eu não estava parada olhando para os lados a procura de algo nas sombra que eu sabia que não iria aparecer, eu andava, seguia por entre as samambaias a procura do caminho de volta, eu não chamava por ninguém, mas minha boca desejava chamar, enquanto andava incansavelmente na esperança de achar o caminho de volta. Quando comecei a ver a luz em um espaço aberto no bosque, impulsionei meu corpo para frente na esperança de conseguir alcança-la, foi quando acordei. Ofegante e desesperada, mas também agitada, em minha cabeça ainda o desejo de encontrar uma saída, mas para que? O que aquele pesadelo queria me dizer? O que eu tinha que fazer para me ver finalmente livre daquele bosque frio e vazio?.

Suspirei e me levantei indo para o banheiro para escovar os dentes e após fazer isso eu desci para me preparar um cereal, é domingo e eu não tinha absolutamente nada para fazer, quando fui pegar o leite vi o recado de Charlie preso na geladeira por um imã.

Fui pescar com o Harry se precisar de mim é só me ligar.

                                                                              Bj Charlie.

Achei estranho ele ter colocado Charlie ao invés de pai, mais deduzi que ele devia estar com pressa quando estava escrevendo, coloquei o leite com o cereal na vasilha, peguei uma colher e subi para o meu quarto, sentei em minha cadeira de balanço e fiquei olhando a chuva que caia lá fora, eu me sentia abafada, levantei e abri a janela o máximo que pude, deixando a brisa da chuva adentrar, respirei fundo, o cheiro era bom, entrava no meu sistema e me dava a leve sensação de frescor, ri da ironia daquilo, quando cheguei a Forks odiava tudo isso, agora porem não me parecia tão ruim assim, sentei-me de novo e deixei que a brisa inundasse meu quarto, olhei para a janela e pensei no que aquilo significava antes, quando eu deixava a janela assim a alguns meses atrás, sabia que quando chegasse a noite não estaria mais sozinha ele estaria lá comigo, senti meus olhos marejar e meu peito doer, era sempre assim quando eu pensava nele.

"Vai ser como se eu nunca tivesse existido, eu prometo".

Suas palavras passaram pela minha cabeça, numa imitação imperfeita da sua linda voz.

"Que piada infame" – pensei comigo "Como se fosse possível isso"

Uma lagrima escorreu por minha bochecha até a ponta do meu queixo, aquilo não era justo, me dar um amor e uma felicidade maior do que qualquer outra e logo após arranca-los de mim, levando parte de mim no processo, me fazer acreditar que eu bastaria, quando nós dois sabíamos bem que eu não era o bastante, aquilo foi cruel. Desci para lavar a tigela de cereal, o fresco avia passando, trazendo de volta a sensação de que o ambiente estava abafado, me encostei na pia assim que terminei de lavar, encarei o Bilhete de Charlie me lembrando de quando era criança e ele costumava me levar junto para pescar, lembro de ter medo de cair do barco e ele me dizer para ficar calma pois ele jamais deixaria algo acontecer comigo, me pergunto se me vendo triste assim agora, ele não sinta que fracassou em sua promessa, pois algo avia acontecido, e eu tinha saído dessa muito machucada. Ao lembra dos verões de pesca com Charlie, me lembrei de duas crianças que eu costumava brincar aqui em Forks, as filhas mais velhas de Billy Black, pai de meu amigo Jacob, pensar em Jake trouxe a mim a lembrança dos tempos mais fáceis onde não avia tanta dor, onde eu nem sabia o que era amar, olhei o relógio na parede da cozinha, eram 11:30, será que meu velho amigo se importaria com uma visita?, teria ele ficado chateado comigo por ter sumido depois do que aconteceu?, não pensei muito mais por medo de desistir, subi as escadas correndo quase caindo no processo, me vesti rapidamente, sem prestar muito atenção no que usava, peguei minhas botas de chuva, casaco e minhas chaves, sai para a chuva que agora diminuía tornando-se um chuvisco fino, o  cheiro de tabaco do banco de meu carro me foi reconfortante, liguei a picape fazendo o motor rugir de maneira ensurdecedora e sai a caminho de La Push, não foi tão difícil de encontrar o caminho para velha casa dos Black como eu esperava, parei no meio fio, observando Jake sair na varanda para ver quem estava chegando, ele devia ter reconhecido o som de minha picape.

Aurora BorealOnde histórias criam vida. Descubra agora