Capítulo 7

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Como é que podes ser tu...tantos anos se passaram e ainda assim tudo em ti permanece igual...

Luke sabia que quanto mais tempo permanecesse ali, mas hipóteses teria de ser visto. Mas naquele momento nada disso o preocupava. Ele precisava de estar com ela. O seu cérebro e coração estavam em constante conflito, mas era inútil. Queria estar com ela, mesmo que todos os dias lutasse para a evitar. Mas agora que estava ali, não queria ir embora. Precisava de conhecer novamente aquela rapariga que estava à sua frente, que em tudo parecia a sua Emma, exceto a alegria que de si emanava que agora parecia não existir. Tinha vontade de ir ter com ela, mas deixou-se estar...enquanto fechava os olhos para sentir o sol que lhe batia na cara aquecendo momentaneamente o seu corpo deixando-o mais relaxado.

Enquanto isso Emma mergulhava pela última vez antes de sair da água. Ficaria ali o dia todo, se não fosse sentir o seu corpo ficar demasiado dormente e gelado. Quando abriu os olhos e fitou o local onde tinha deixado as suas coisas, viu um retrato familiar. Os caracóis definidos, caídos de forma desleixada sobre as curvas perfeitas da sua cara. Um corpo relaxado que descansava sobre a areia, enquanto deixava que os últimos raios de sol da tarde pairassem sobre os seus olhos fechados. Luke. Não o esperava ver ali, mas sabia que tinha de aproveitar aquela oportunidade para ir ao seu encontro. Saiu muito devagar da água, por sentir o seu corpo a arrastar-se de cansaço, enquanto os seus olhos permaneciam nele. A forma como a luz dourada do sol pousava sobre ele tornava as suas feições ainda mais angelicais. Que imagem aquela...Emma tinha uma memória fotográfica muito desenvolvida o que a ajudava muitas vezes na sua produção artística. Mas aquela imagem...era mais do que isso. Tinha que ficar mais um pouco a observá-lo, queria que perdurasse, para um dia mais tarde recordar. E ali estavam eles. Dois corpos parados, abraçados pelo vento leve. Cada um no seu universo, mas ligados pela pouca distância que existia entre eles. Alguns minutos passaram e Emma continuou o caminho até aos seus pertences.

-Não esperava ver-te aqui. - disse-lhe com uma voz muito suave enquanto agarrava a toalha que tinha trazido consigo.

-Não era suposto estar, mas depois de entrar neste lugar é difícil voltar para trás. - respondeu-lhe enquanto abria os olhos e a observava a secar o seu corpo.

-Entendo bem o que queres dizer. É um local que renova a alma. - respirou fundo e sentou-se ao lado dele. - como tens andado?

-Bem...

-Sinto que o cansaço que o teu corpo revela, desmente o que acabaste de dizer. - sorriu-lhe carinhosamente. - É normal sentirmo-nos cansados. E também devia ser normal podermos admitir que não somos de ferro e que o nosso corpo necessita de descanso.

-Mas eu sinto-me bem...- Luke não queria dar a parte fraca e apesar de saber que ela tinha razão, não queria admiti-lo.

Emma sabia que assim não ia conseguir chegar até ele. Estava decidida a ajudá-lo e tinha que tentar de outra maneira.

-Tira a tua roupa.

-O quê? - perguntou ele confuso.

-Tira a tua roupa, vamos entrar na água. - disse e fez um aceno de cabeça como quem diz para se despachar.

Ele continuava confuso mas decidiu obedecer. Enquanto se despia Emma observava cada movimento seu. A estrutura entroncada que era visível pela roupa, estava agora mais enunciada sem o tecido sobre a pele. Corou um pouco com o que os seus olhos viam e para que ele não percebesse desviou o olhar. Segundos depois olhou-o de novo e vendo que ele estava pronto a entrar na água pegou na sua mão e sem dizer nada encaminhou-os para dentro dela.

-E agora?

-Agora relaxa os músculos e deixa que a água se encarregue de te guiar. Ele parecia incerto do que ela lhe pedia e assim que se apercebeu disso, Emma pegou na outra mão que estava livre e fez com que ele fosse mais fundo. Como a água salgada ajuda a reduzir o peso dos corpos, foi fácil para ela colocá-lo a boiar enquanto mantinha as mãos firmes contra as suas costas.

I think I have amnesia (Luke Hemmings)Onde histórias criam vida. Descubra agora