Prólogo

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"Olá, chamo-me Emma Jones e tenho 17 anos. Sou australiana, e vivia nos Estados Unidos, desde os 10 anos. Tal como eu, a minha mãe é australiana e o meu pai americano. A história deles começa no dia, em que o meu pai de férias em Sidney, ouviu na rua uma voz que lhe soou como um anjo. Ao ir atrás daquele som, entrou num bar e encontrou uma mulher esbelta, alta, de cabelos loiros quase brancos, de olhos azuis que lembrava o oceano sereno, muito magra o que dava a sensação de ser muito frágil, mas com uma garra imensa enquanto cantava. Com apenas um olhar ficou encantado. E quando surgiu a troca de olhares, ela corou, ele ganhou coragem e foi ter com ela. O resto...é história. Um tempo mais tarde casaram-se e um ano depois a minha mãe ficou grávida de mim."

- Obrigada pela introdução Emma...

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No início a família Jones era apenas mais uma família comum. Homem conhece mulher, ambos se apaixonam e a partir daí seria o "E viveram feliz para sempre! "...mas não desta vez. Ao décimo aniversário de Emma, toda a sua vida mudou. Tudo aquilo que conhecia tornou-se névoa, viviam felizes e de um momento para o outro tudo desabou...mudaram de casa e sempre que Emma perguntava qual a razão, o assunto era afastado. Não sabia de nada e de repente passou a existir apenas um espaço em branco onde não reside qualquer memória.
Após a mudança a relação dos seus pais nunca mais foi a mesma. Discussões constantes começaram a desencadear-se. Todo o amor que havia nos olhos deles já não existia. O brilho desapareceu. Pouco tempo passavam juntos e o que passavam era em silêncio ou em discórdia. Dennis, o pai de Emma, começou a olhá-la com desprezo, como se algo de errado tivesse acontecido e a culpa fosse dela. O amor que sempre o viu ter por ela, desapareceu...a ligação que outrora tiveram, os longos passeios pelos jardins, as histórias contadas, as brincadeiras...tudo desapareceu...

Todas as vezes que tentava chegar perto dele, eram tentativas falhadas, mas algo lhe dizia para não desistir. Ao fim ao cabo ainda continuava a ser seu pai...

No entanto, toda a esperança que sentia acabou no dia em que ela ouviu tudo aquilo que não esperava ouvir. Aquela pessoa que ela achava ser seu herói, a que a deveria respeitar e apoiar em todas as situações, que era meigo, carinhoso, passou a ser uma desilusão. Enquanto a ameaçava bater disse-lhe, cheio de raiva que aos seus olhos a sua filha estava morta, que ela era insignificante. Emma sentiu-se destruída. Aquelas palavras soaram como pedras a cair sobre ela. Não sabia se tinha a haver com o seu passado ou não, mas uma coisa ela tinha a certeza, ele não tinha o direito de lhe dizer aquilo. Não tinha o direito de a fazer sofrer daquela maneira. A cada momento que aquelas palavras ecoavam na sua cabeça, mais uma vez a atingiam com toda a força, como uma ferida que permanecia aberta.

Essa foi a gota de água. A sua mãe já não aguentava mais e acabou com todo aquele sofrimento pedindo o divórcio. Entregou-lhe os papéis, que mantinha preparados esperando apenas o momento certo para lhos dar. Ele assinou-os sem qualquer hesitação, entregou a parte do dinheiro que lhes pertencia e disse para saírem. Sem olhar para trás Emma e sua mãe partiram.

- Promete-me que vens visitar-nos... - disse Allison enquanto limpava as lágrimas dos olhos. - promete-me que não te esqueces de nós...não te esqueces de mim...

- É impossível esquecer-me de ti. Tu és a minha pessoa. Foste a única que desde o primeiro dia esteve lá. Que me deu a mão e que nunca mais a largou. A ti só não te levo na mala porque não cabes. - disse-lhe entre risos e choro.

Allison era como uma irmã para Emma. Era incapaz de lhe esconder alguma coisa mesmo que quisesse. Conheceram-se na pior fase da Emma e nunca mais se separaram. No entanto Emma fez o esforço para que Allison não percebesse que o mais certo era ela não voltar à América. Olharam-se mais uma vez e sem dizerem uma única palavra sorriram, sabendo que a partir daquele momento o que as manteria juntas seriam apenas as mensagens e as poucas vídeo-chamadas que iriam fazer.

Mas pensava sempre ,
"Afinal, o que não nos mata torna-nos mais fortes, certo?"

Agora a caminho de Sidney voltam à sua terra natal para recomeçar do zero. Não sabia o que podia esperar, mas sentiu um peso sair dos seus ombros, pois ali já não era bem vinda e ela sabia-o.

I think I have amnesia (Luke Hemmings)Onde histórias criam vida. Descubra agora