Capitulo 1

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Depois de quase um dia de viajem, Emma olhou pela janela do avião e viu que estava quase a aterrar na sua terra natal. A viagem foi longa e mesmo forçando-se a adormecer tinha sido complicado descansar. Flashes de memória vinham à sua cabeça sempre que ela fechava os olhos e isso não a ajudou a relaxar. Pela janela via uma paisagem incrível, a longa costa rodeada por um areal que ao longe parecia branco, a água azul que tornava todo aquele local ainda mais parecido com o paraíso. A todo o custo tentou lembrar-se de alguma coisa ou memória que lhe trouxesse de volta àquele lugar mas nada lhe parecia familiar. Todas as suas memórias são vagas e desfocadas. Ao contrário dela, Maria, a sua mãe, lembra-se de tudo, e sabia que estava em casa. Uma onda de felicidade inundou-a, como um abraço de mãe a um filho que retorna a casa. Por momentos Emma pensou ter visto um brilho nos olhos da mãe que pensava não existir mais. Assim que se apercebeu que estava a ser observada, abanou a cabeça como quem afasta pensamentos e sorriu para a sua filha. Tinha tudo preparado, casa, escola e trabalho. Emma não conseguiu disfarçar o incomodo ao perceber que aquela viagem já há muito tempo estava a ser preparada. No entanto, deixou esses pensamentos desvanecerem assim que percebeu que a sua nova casa ficava perto dos seus avós e da escola. Do aeroporto foram diretas a casa deles. Muitos anos passaram e Emma mantinha contacto assíduo com os avós através de cartas, porque a diferença horária não permitia que fizessem vídeo-chamadas. Eram tantas as saudades, que assim que avistou a casa, correu sem hesitação batendo à porta.

-Evelin querida, podes ir tu? Estou ocupado! - ouviu-se do outro lado da porta.

-Já vou, querido!- lágrimas de felicidade correram pelos seus olhos ao ouvir as vozes daqueles seus parentes tão importantes.

A porta abre-se e no mesmo momento a jarra que estava nas mãos de Evelin, acabou partida no chão.

-Rudolph anda cá rápido! - gritou e logo de seguida abraçou-a de uma forma tão apertada ao mesmo tempo que lágrimas percorriam a sua cara.

-Emma...minha querida, estás tão grande.

-Que se pa...Emma? Oh meu Deus, anda cá ao avô!!!- disse ele e como uma criança que procura consolo correu imediatamente para os seus braços. Quantas eram as saudades. Apesar de estarem do outro lado do mundo, através das suas cartas Emma sentia-se perto deles.

-Avô! Avó! - disse ainda agarrada a eles lavada em lágrimas - tinha tantas saudades vossas.

-Também nós tínhamos, pequena! Não faças aqui o teu velhinho morrer de emoção!- brincou ele.

-Avô!!! Não diga isso nem a brincar, você é muito novo para partir.

-A idade já não perdoa minha filha.

-Emma, querida, a tua mãe?

-Esqueceu-se da mala no carro e voltou a trás para a ir buscar.

Nesse mesmo momento Maria aparece e corre para abraçar a sua mãe.

-Mãe!! - chamou enquanto corria para os seus braços como uma criança lavada em lágrimas - Tinha tantas saudades.

-Também eu minha filha.

-Vamos para dentro lanchar- disse Rudolph enquanto abraçava a sua filha.

A tarde passou a voar e Emma e Maria explicaram o porquê de voltarem. Os seus avós nunca foram a favor da relação dos seus pais e as mudanças que provocou nas vidas de todos. No entanto nunca foram capazes de impedir a sua filha de fazer o que queria. Apesar da tristeza que sentiam, sempre acharam que o melhor era deixarem ela seguir o seu próprio caminho e aprender com as suas próprias experiências, mesmo que isso implicasse sofrer.

I think I have amnesia (Luke Hemmings)Onde histórias criam vida. Descubra agora