Que vergonha....

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Mariana's POV

Eu não acredito que o meu pai tinha acabado de nos perguntar aquilo. Nem imagino como é que o Michael se deve estar a sentir.

-Não pai, nós apenas somos amigos.

-Na minha altura, um homem só viajava ou para trabalhar ou para namorar.

Eu não acredito nisto, acho que aparecesse um buraco no chão, eu iria enfiar-me lá.

-Querido, não os chateies. Se eles dissem que não namoram, é porque não. Mariana, não ias sair com os teus amigos.

Obrigada meu Deus por me ter dado uma mãe que sabe desviar os assuntos inoportunos.

-Sim mãe. Só vou acabar de me preparar.

Eu levanto-me da mesa e vejo que o Michael fica sentado. Será que ela não vê que é para sair comigo? 

-Michael, vem também. Assim apresento-te as minhas amigas.

-Mas...

Ele deve ter visto a minha cara e calou-se antes de se enterrar. Ele pediu licença e levantou-se da mesa e segui-me para o quarto.

Quando lá chegámos ele desatou a rir. Ao ver que o olhava como quem olha para um demente, ele pergunta:

-O que é que se passa? Porque é que estás assim?

-Porque se calhar acabei de passar uma das maiores vergonhas da minha vida? Como é que tu te podes rir depois da conversa que acabamos de ter com o meu pai?

-Não achas que estás a exagerar um bocadinho. Eu não levei a mal. Antes pelo contrario,  fiquei lisongeado com o facto de o teu pai achar que eu sou homem o suficiente para namorar a filha dele.

Okay, o que é que uma pessoa responde a um comentário destes?

Vendo que eu não respondia, ele pôs cara séria e sentou-se na cama.

-Desculpa. 

-Porquê? - perguntei.

-Por ter aparecido assim de surpresa. Por estar a querer meter-me onde não sou chamado. Por...

-Eu é que devia pedir desculpa. Estou stressada como começo das aulas e quando as coisas não estão a correr como planeado, começo a barafustar.

Começo a andar de um lado para o outro enquanto falo. Quando dou conta, tenho os braços do Michael à minha volta fazendo-me parar. Não dissemos nada durante aquele tempo, e foi bom. Serviu para eu me acalmar e pensar bem no que ia dizer a seguir. Até que ele me beijou.

Não tenho palavras para descrever, a não ser que foi algo do outro mundo. Eu apenas tive um namorado no ensino básico e tinha sido desastroso, mas com o Michael foi diferente. Foi gentil, e ao mesmo tempo que me beijava, acariciava o meu pescoço.

Mas depois vieram as palavras que tive de uma conversa com a Rita à minha mente: 'Eu não quero ser má, mas não achas estranho o MIchael ter ficado fascinado por ti assim quase que do nada? Eu sou tua amiha, mas sabes que eu digo o que penso. Não estou a fizer que não sejas material de fascinio, porque o és, mas não achas estranho? Vou ser sincera, eu acho que ele só continua a falar contigo porque quer algo em troca, algo que eu sei que não estás disposta a dar ainda, e se for preciso aidna acabas com o coração partido e eu não te quero ver embaixo por causa de um rapaz que talvez nunca mais venhas a ver em carne e osso'. 

Na altura fiquem chateada com a Rita por ela ter dito aquilo, mas agora que o Michael me estava a beijar e a colocar a mão por baixo da camisola, as palavras da Rita não me saiam da cabeça. Não que eu não estivesse a gostar, porque estava, mas ela tinha razão. Era melhor parar agora, antes de as coisas começarem a ficar feias para o meu lado.

Afastei-me dele e deu para reparar que ele ficou surpreso por eu o ter feito, mas agora não importa. É preciso ditar limites, como a minha mãe diz.

-Desculpa. Mas nós apenas no conhecemos algumas semanas e eu gosto da amizade que estamos a criar e eu não quero estragar tudo por um capricho.

Michael's POV

Eu não acredito que pode ser tão estúpido. Ela deve pensar que eu apenas a quero levar para a cama e depois dar o fora. Se calhar era o que eu faria à uns meses, mas agora á diferente.

-Eu é que tenho que pedir desculpa. Eu também gosto da nossa amizade e também não quero estraga-la. Desculpa se fui longe demais.

Afastei-me dela. Dei-lhe espaço para ela pensar. Acho que neste momento, se ela me dissesse para dar o fora, eu faria-o. Mas ela apenas sorriu para mim, com a aquele sorriso que me fez percorrer meio mundo só para o ver ao vivo.

Ela pegou numa carteira que estava pendurada atrás da porta e depois de se olhar ao espelho e aplicar batom de cieiro, abriu a porta do porta.

-Vamos? Eu tinha combinado ir ter com os meus amigos ao café, vem também.

Sem pensar duas vezes seguia, e quando dei por mim estava a entrar num café cheio de adolescentes que nem pararam duas vezes para olhar para nós. Apenas olharam, viram que não era quem eles queriam e retornaram às suas conversas. Segui a Mariana até ao fundo do café onde um grupo de rapazes e raparigas estavam à volta de uma mesa de matrecos. Quando chegámos ao pé deles, as conversas cesaram e ficaram todos a olhar para nós.

Separados por meio mundo - M.C.Onde histórias criam vida. Descubra agora