Capítulo 8 - Chaveiro.

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MAX

— E aí, Yorkes? — Algum garoto que eu não conheço aparece e puxa papo com a Anne. Já sinto um ar de arrogância daqui, pelo porte físico e postura diria que vive no setor de educação física. Segundo Anne, alerta vermelho de babaquice, mas fico em silêncio. — Cadê o chaveirinho novo? Ele já cansou de você?

— Sempre um prazer falar com você, Alex. — Anne responde com total desdém. Percebo que o tal Alex não sabe que eu estou aqui, vamos ver até onde vai. — O "chaveirinho" tá por aí sabe, circulando e cuidando da própria vida. Deveria até se inspirar nele, agora posso voltar a ler, Davis?

Alex Davis, agora o nome me significa algo. Filho do doce prefeito republicano, John Davis. Pelo que já ouvi dos pronunciamentos do homem, a babaquice é hereditária.

— Só quero saber das novidades, relaxa. Quando o chaveiro se cansar de você, sabe que eu estou aqui. — O babaca fala em tom de flerte.

Seria babaca por si só, mas se torna pior sabendo que boa parte do discurso político do pai se baseia nos valores familiares e em como seu filho tem um relacionamento perfeito com outra aluna.

Talvez o que eu estou pensando em fazer não seja a melhor decisão, mas não me impede. Nunca me impediu, afinal.

Guardo meus materiais na bolsa e a penduro em outro galho, em total silêncio.

Desço da árvore em um pulo, me sentando ao lado de Anne. Não sei por que os comentários do garoto de ouro da cidade me irritam, mas definitivamente irritam.

Quando ele se mexe, um molho de chaves pendurado no cinto dele fazem barulho, é quase um alerta de "babaca à vista".

— Acredita que o "Chaveirinho" gosta de estar em conversas sobre ele? Aliás acho que ele tem nome. — Falo em tom de deboche e sorrio para o garoto. — Max, a propósito. Grande experiência conhecer o doce Alex Davis que todos falam sobre, na verdade ninguém fala muito e batem na madeira depois, mas sabe como é "fale bem ou fale mal..." — Complemento dando três batidas no tronco da árvore e Anne acompanha.

O garoto ainda surpreso por eu estar ouvindo a conversa, tenta falar alguma coisa, mas não tem nada para falar então só mexe os lábios tentando procurar algo para dizer. Depois de um silêncio humilhante para ele, se vira de costas e saí andando resmungando.

— Vão se foder, — Ele fala baixinho andando para longe. — os dois se merecem.

Mal esperamos ele ir para longe e caímos no riso. Acho que faz parte da experiência do ensino médio, criar inimigos, entrar em discussões fúteis. Mas, admito que queria fazer mais alguma coisa com o babaca.

— Ele te incomoda muito? — Pergunto para Anne. — Parece que ele é o tipo de pessoa que vale a pena se cultivar uma amizade linda e sincera.

— Ele incomoda todo mundo, normalmente quando tá com o ego ferido, — Ela fala casualmente e me irrito mais um pouco com o garoto. — e ele frequentemente está com o ego ferido. As pessoas não fazem nada porque em parte tem pena dele, e em parte porque não vale a pena o estresse.

— Para o bem dele, que não venha incomodar o chaveirinho. — Digo subindo de novo na árvore para pegar minha mochila, que acaba caindo e assusta Anne lá embaixo. — Não tenho muita paciência, ou pena pra falar a verdade.

— Mudando de assunto, essa árvore é relativamente alta e você sobe e desce como se não fosse nada. Se eu tentasse pular daí de cima, sem dúvida eu me quebraria. — Ela pergunta enquanto eu desço da árvore e coloco a mochila nas costas.

— Sou uma caixinha de surpresas, — Falo sorrindo. — e pra falar a verdade, eu só sentei antes porque meu joelho estava doendo da queda. Queria dar uma olhada mais de perto no babaca. Ele namora, não? Falar daquele jeito com você é meio estranho.

Punhal e GarraOnde histórias criam vida. Descubra agora