MAX
Sinceramente? Minha vida se tornou uma bagunça depois que eu morri. Na verdade, sempre foi uma bagunça, mas não necessariamente envolvia sobrenatural.
Gostaria de pensar que estou só enlouquecendo, mas não me lembro de ter roubado as chaves de Alex.
Enfim, os últimos dias foram mais calmos, para os meus padrões de vida. Ontem fiz uma visita a um bosque aqui por perto, escondi minha pulseira rastreadora em uma árvore, na segunda pego de volta. Tem uma visão boa do resto da cidade, e tem uma clareira ótima, acabei montando uma área de tiro ao alvo.
Adoraria esquecer tudo que meu pai insistiu para enfiar na minha cabeça, queria poder relaxar, mas mal consigo dormir a noite, quem dera abaixar a guarda e poder parar de treinar para machucar os outros.
Batidas na porta da frente, Anne deve ter chegado, falei para ela vir mais cedo, mas não esperava que fosse tão cedo. Abro a porta e ela tem uma crise de riso.
Me toco só agora que estou com roupão e uma calça surrada, além do fato de eu estar com uma máscara de argila verde na cara e uma tiara para prender os cabelos. Assim que vejo ela, fecho o roupão que, por sorte, disfarça bem a Marca.
— Bom dia, cheguei meio cedo, imagino. — Anne fala ainda rindo. Ela está vestindo uma calça jeans rasgada, uma camiseta branca e um brinco em uma única orelha, brinco de penas roxas, algo bem hippie. — Relaxa, eu espero a Tiana virar humana de novo. Qual é a das orelhinhas? — Ela entra e se senta no sofá, meu gato logo se aproxima e pede carinho para ela. Ainda dizem que gatos não são carinhosos.
Sobre as orelhinhas, ela está perguntando da tiara, que ironicamente tem orelhinhas de lince. Quando comprei, era fofo, agora é tragicamente cômico.
— Já tiro isso e me visto, comprei a tiara numa loja de coisas estranhas. — Digo rindo. Me lembro das nossas várias conversas e percebo que ela tem o costume de dar apelidos relacionados a princesas. — Qual a sua com princesas da Disney? Acho melhor esperar lá no quarto.
Subo as escadas para ir ao meu quarto e ela me segue, entro no banheiro para enxaguar o rosto e percebo que ela está analisando cada centímetro do quarto, que por sorte está arrumado. Lince, que sequer levantou da cama hoje, se empertiga e parece preocupado com Anne chegando perto do território dele, não faço ideia de qual o problema dele com ela.
Aliás, ele começou a dormir na minha cama o que torna bem complicado para dividir o espaço, ontem desisti de ficar apertado e dormi na rede que está no meu canto de leitura. Esse bicho é levemente abusado, só o gato já tomava conta da cama inteira.
— Era um lance meu com a minha mãe, assistíamos sempre que dava. Devo admitir que não esperava tantos livros, suculentas ou incensos. — Ela fala enquanto mexe na minha estante e aparentemente reconhece alguns livros. — Sem ofensas.
— E o que você esperava? — Pergunto, realmente curioso com a imagem que ela tem de mim.
— Já viu aqueles quartos almofadados e brancos? — Ela fara rindo e se encosta no batente da porta enquanto seco meu cabelo.
— Esse era meu quarto antes, agora subi de nível um pouco. — Sorrio, mesmo sabendo que não é tão longe da verdade. Não era almofadado e branco, mas tinha só a mobília básica e não tinha direito de alguma decoração.
Volto para o quarto e abro meu guarda-roupas, não faço muito ideia de que roupa usar, senso de moda nunca foi uma necessidade na minha vida. Mas, sei que o melhor é uma roupa leve e casual, para causar uma impressão boa, mas não arrogante? Também. Mas, o motivo é outro, tenho minhas surpresas para o dia de hoje.
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Punhal e Garra
FantasyMax Erin se tornou órfão. Ao se ver finalmente livre de seu relacionamento conturbado com o pai, o jovem artista se vê cheio de desejos e oportunidades. A mais pura promessa da vida enfim livre. Até que algo muda para sempre. Depois de um acidente...