MAX
Ontem, quando cheguei em casa, Lince estava lá. Não disse uma palavra, nem sei se ele pode afinal, mas não mostrou mais nenhum sinal de que entendia o que eu falava. E eu tentei, por algum tempo considerável.
E novidades. Quando estava tomando banho notei uma mancha estranha, não era um hematoma normal e sim alguma luz que estava escapando de mim, multicolorida e mudando de lugar na minha pele.
Não tenho mínima ideia de que merda está acontecendo comigo, e a única coisa que aparentemente pode saber não abre a boca. Tudo bem que eu tenho medo de que caso ele abra, seja para me comer.
Demorei muito a dormir, não que normalmente eu tenha boas noites de sono, mas tentar dormir com seu corpo emitindo uma luz estranha e tendo uma criatura misteriosa do lado da sua cama não ajuda, conseguia sentir o cheiro estranho e o hálito gélido de Lince.
Acaba que realmente vou chamar ele assim, na falta de qualquer outro nome que ele fale.
Agora mesmo estou andando até a escola, ouvindo música num volume tão alto que provavelmente alguém do outro lado da rua vá conseguir escutar o som dos meus fones. Mas, é a maneira que eu encontrei de conseguir focar em um só pensamento e tentar digerir tudo que está acontecendo.
E pra acalmar meus ânimos, Lince também está me seguindo a cada passo que dou hoje, se essa coisa me matar eu vou ficar muito puto.
Falando em coisas estranhas, a Marca está nas minhas costas, e estou tendo que vestir duas camadas de roupas para esconder a luz que saí dela. E é verão na Califórnia, ou seja, está quente para caralho e preciso ressaltar que odeio calor.
Alguma coisa estranha, até para os meus padrões, está acontecendo. As criaturas não focam em mim, elas olham para o Lince e saem de perto como se o desprezassem, e nesse momento eu sei que perdi minha sanidade.
— Alguém não está com a popularidade em alta, né? — Eu começo a falar com a criatura me seguindo e posso jurar que escuto um suspiro. — Talvez sejam os chifres, te dão um aspecto meio ameaçador, mas fica bem em você.
Aproveito que a rua está meio vazia e vou o resto do caminho conversando com Lince, se é que se pode chamar de conversa quando só um fala.
Criaturas continuam desviando dele, e juro que tento ser tão amigável quanto possível. Mal acredito que estou começando a simpatizar com ele, talvez eu esteja me vendo nele.
E eu talvez esteja certo em me ver no Lince, chegando na escola todos me olham como se eu não pertencesse a aquele lugar. O que é uma pena, porque não vou sair daqui, mas entendo o lado deles, teoricamente a Hellster não deveria aceitar novos alunos depois do início do projeto.
Estou sentado embaixo de uma árvore desenhando o Lince, que a propósito ainda está me seguindo e agora está sentado na minha frente. O rádio da escola chama meu nome, como uma escola tão moderna ainda usa rádios para se comunicar com os alunos eu não sei, a privacidade é mandada para o inferno. "Max Erin, se encaminhe para a enfermaria." Um arrepio de alívio passa pelo meu corpo ao perceber que ignoraram meu segundo sobrenome, ironicamente estou na cidade natal do megaempresário e bilionário, Joseph Doyle, também meu falecido pai.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Punhal e Garra
FantasyMax Erin se tornou órfão. Ao se ver finalmente livre de seu relacionamento conturbado com o pai, o jovem artista se vê cheio de desejos e oportunidades. A mais pura promessa da vida enfim livre. Até que algo muda para sempre. Depois de um acidente...