Capítulo 7 - Um garoto chamado Max.

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ANNE

Ainda não passa do meio-dia e hoje já está se provando um dia estranho.

Quando acordei, meu pai já estava de pé e tinha feito o café da manhã, o que não parece tão estranho, mas ele nunca faz isso. Chase estava enrolado nos meus cobertores comendo uma fatia de bacon e espalhando gordura para todo lado, eu amo esse cachorro, mas ele se esforça pra sujar tudo na casa.

Na cozinha tive um começo de conversa bem constrangedora com meu pai, e eu não preciso de muito pra saber que isso iria acabar na minha mãe e tudo que aconteceu, interrompi dizendo que estava atrasada para a escola e saí logo, tenho certeza de que essa conversa vai surgir hora ou outra.

Eu realmente queria conseguir falar sobre ela com ele, mas eu demorei tanto tempo pra aceitar que foi escolha dela e não me importar se ele tem culpa ou não, mas ainda não me sinto confortável em olhar nos olhos dele quando entramos nesse assunto.

Ele se sente culpado por isso, ele volta e meia começa com essa conversa pra ter uma justificativa para se enfiar numa poça de auto piedade. Eu tenho a sensação de que ele sabe mais do que conta sobre ela, talvez até saiba onde ela está.

Enfim, já estou na rua, o sol esquentando minha pele, talvez mais para queimando. Amo o calor, o que é bem conveniente quando se vive numa cidade litorânea, por mais que eu não vá a praia há algum tempo.

Era meio que o meu lance com a minha mãe e agora parece que não é certo ir lá sem ela. Tudo sempre acaba nela, e isso me irrita. Com que direito ela some do nada? Agora todos olham pra mim com pena da garota que foi abandonada pela própria mãe, que aliás aparentemente fugiu com outro cara.

Eu tenho raiva dela, queria poder dizer que a odeio, mas nem isso eu consigo. Sei que a raiva é a forma que eu arranjei pra lidar com a falta dela, e que tá tudo bem eu me sentir assim, mas já tem tempo e parece que a cada dia só piora. As vezes a raiva acaba e um vazio toma lugar, uma tristeza talvez.

Já estou na escola há um tempo, na porta do setor de artes, talvez esperando o Max

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Já estou na escola há um tempo, na porta do setor de artes, talvez esperando o Max. Sou uma pessoa naturalmente curiosa, e pelo regulamento da escola, ele não deveria estar aqui. Então o garoto tem alguma coisa especial o bastante pra fazer a diretoria abrir algumas exceções, ou é filho de algum ricaço que subornou alguém, ou nada disso.

E não demora pra ele aparecer, fones de ouvido, comendo uma barra de cereal, com mais roupa do que o sensato para o clima, outra jaqueta jeans com algum quadro famoso pintado nas costas, mangas puxadas para cima e um curativo no braço. Talvez eu devesse ter avisado pra ele do cartão de visita de um aluno da Hellster. Me aproximo e começo a andar do lado dele, que provavelmente nem reparou.

— Leõezinhos bonitos, ela te deu um pirulito e um ursinho de pelúcia também? — Falo na maior casualidade e tom sarcástico, aparentemente ele realmente não me viu por que deu um mini pulo de susto.

Punhal e GarraOnde histórias criam vida. Descubra agora