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— Você está correndo perigo e resolve ir em um encontro romântico! — A voz incrédula de Yoongi fazia minha cabeça latejar pelo impacto que recebi dele. Minhas memórias ainda eram confusas, mas consegui me sentar e apoiar meu braço na cadeira para conseguir me erguer.

— A culpa não é minha se minha memória foi alterada. — Rebati frustrado, entendendo o motivo da raiva do meu noivo, mas não querendo aceitá-la. — E não era um encontro romântico.

— Mãos entrelaçadas, uma mesa mais afastada das outras, sorrisos trocados... Eu sei o que isso significa no mundo humano. — Ao contrário do que eu imaginava, havia mágoa em sua voz, o que me deixou angustiado. Ele evitava me olhar, mas me aproximei, cauteloso.

— Yoongi, você ouviu a nossa conversa, sabe o que estava acontecendo. — Toquei em sua mão, sabendo que não poderia ir além disso. Yoongi sempre entrava na defensiva quando se irritava. Na maioria das vezes, eu estava errado e pedia desculpas, mas, agora, eu só desejava que sua razão superasse o ciúmes e ele parasse de agir daquele jeito. Não queria ficar naquele clima quando finalmente tinha a oportunidade de tê-lo comigo de novo.

— A única coisa que eu sei, é que o general de seu tio descobriu onde você está. — Ele se desvencilhou e colocou uma distância entre nós. O pior de tudo é que eu nem poderia ir contra ele, porque se fosse o contrário, com certeza não estaria tão controlado como ele. Suspirei. Eu precisava priorizar outras questões, meu torturador já tinha me descoberto e eu não poderia deixar que ele me levasse de novo. Estar nas mãos daquele homem já foi desesperador o suficiente para que eu arrisque uma segunda vez, principalmente com Yoongi ali. Nunca permitiria que ele tocasse em meu noivo.

— Como descobriu?

— Não temos tempo, depois eu explico. Você precisa vir comigo. — Senti o ar a minha volta ficar mais denso e encarei Yoongi criar um portal. Aquilo consumia muito de sua energia, mas não havia outra escolha, se fôssemos pelo método tradicional, era arriscado sermos descobertos.

— E o que vai acontecer com essas pessoas? — Yoongi desviou sua atenção para mim, a raiva antes esquecida agora explícita em seu olhar, como se me acusasse de algo.

— Não se preocupe, seu amigo vai ficar bem.

Vi Yoongi passar pelo portal e a energia adensar, o portal ficando menor. Encarei Chungho uma última vez, jurando não esquecer seu rosto, uma vez que ele não se lembraria mais de mim quando acordasse. Apressei-me pelo portal e o atravessei, meus pés atingindo o chão coberto por grama. Perdi o equilíbrio, meus joelhos alcançando a grama úmida, o enjoo me provocando ânsia. Era desconfortável passar por um portal e eu raramente o fazia quando ainda morava no palácio.

Senti a palma de Yoongi em minhas costas e suspirei aliviado pelas sensações incômodas desaparecerem. Às vezes eu esquecia do quão talentoso ele era e de como isso o privilegiou ao assumir o cargo que tem hoje. Todos possuem qualidades, mas eram poucos os que conseguiam desenvolver mais de uma. Yoongi era um deles, tão raro que eu só conhecia ele.

— Melhor? — Assenti e me sentei, analisando onde eu estava. Era um campo aberto, como os diversos que existiam na Terra, mas eu conseguia sentir as vibrações de energia protetoras que envolviam o lugar. Percebi ser um dos diversos elos limítrofes que separavam os planos.

— Não é perigoso estarmos aqui? — Yoongi sentou-se ao meu lado, mas notei a distância que ele preferiu colocar entre nós. Talvez fosse difícil fazê-lo esquecer do que viu. E eu só queria abraçá-lo.

— Poucas pessoas conhecem essa fronteira. Seu pai era um deles, nós o descobrimos meses antes da guerra destruir tudo. Seu tio desconhece esse lugar. — Yoongi explicou enquanto olhava ao redor. O que deveria ser céu era apenas escuridão, a luminosidade era proveniente das barreiras criadas para defender o elo, a energia tão vibrante que eu conseguia ver o ar mover-se acima de nós.

Segunda Chance [TaeGi]Onde histórias criam vida. Descubra agora