Segunda Chance [TaeGi]

15

200 anos atrás...

Não precisei abrir os olhos para saber que Yoongi estava ao meu lado. Lembrava do que tinha acontecido, de ter sido jogado em frente aos portões e ter desmaiado em algum momento. Abri os olhos, mas senti-os doloridos pela claridade excessiva. Movi-me para sentar e gemi pela dor que irradiava por todo meu corpo, os momentos de tortura vindo em minha memória.

Senti sua angústia culpada e respirei fundo, sentindo-me do mesmo jeito. Não queria que ele me visse assim, todo machucado e destruído por dentro. Tentei abrir os olhos mais uma vez e suportei o incômodo, a visão embaçada se acostumando à luz aos poucos. Vislumbrei o rosto vermelho e inchado de Yoongi e odiei vê-lo daquela forma.

Ele estava em pé um pouco afastado da cama onde eu estava, mas era nítido para mim que ele estava me observando dormir, esperando o momento em que eu despertaria. Por qual outro motivo permitiriam que o líder dos oficiais deixasse sem posto por tanto tempo?

一 Meus pais? 一 Tentei me sentar, mas sozinho era impossível. Yoongi se aproximou quando notou minha dificuldade e me ajudou a encostar na cabeceira da maca. Eu estava na ala de recuperação do palácio. A dor que senti ao encostar desleixadamente minhas costas no ferro foi reprimida por mim, as feridas abertas lembrando-me do que eu não possuía mais.

一 Estão em reunião. Preparando-se para contra atacar BongCha. 一 Notei o tom pesaroso em sua voz, sua expressão assumindo uma irritação crescente. Eu via o cenho franzido e a raiva em seu olhar. 一 O que aconteceu com você não vai ser esquecido.

一 Minha mãe está grávida.

一 Ela ficará no palácio.

一 E você, ficará? 一 Eu sabia a resposta para aquela pergunta, ainda sim tinha esperanças de que ele ficasse seguro aqui comigo.

Nossa troca de olhares foi suficiente para eu entender que aquela pergunta não seria respondida, eu já sabia o que saíria por seus lábios. Eu temia por sua segurança, mas não poderia obrigá-lo a ficar, era egoísmo da minha parte.

一 Você irá para o quarto ainda hoje. 一 O ouvi falar e assenti aliviado, odiava ficar ali, era chato e silencioso demais. Não que fosse diferente em meu quarto, mas lá eu sentia certa familiaridade. Aqui era tudo branco demais, indiferente demais. 一 Alguns celestes estarão encarregados de sua melhora.

一 Eu não quero. 一 rebati no mesmo instante, repugnando a ideia de ter pessoas me tocando. Não me sentia confortável com a ideia e não aceitaria algo diferente do que eu tinha em mente. 一 Eu posso cuidar de mim mesmo.

一 Você mal consegue se mexer e acha que pode cuidar de si mesmo? 一 Sua expressão ao me encarar era irritada, mas eu não me deixei abalar. Mantive meu olhar no dele e o observei pressionar as mãos no ferro lateral da minha cama. Sua expressão suavizou quando voltou a falar. 一 E se... Eu cuidar de você?

Recostei-me na cabeceira, o peso de meu corpo contra o ferro frio. Respirei fundo querendo contar sobre tudo que aconteceu, sobre tudo que sofri, mas não conseguia. Eu sabia que isso o afetaria e não queria mais um obstáculo entre nós dois. Eu confiava nele, então concordei em silêncio.

一 Apenas você. 一 enfatizei, olhando-o nos olhos e vendo sua confusão silenciosa. Ele queria me perguntar, mas não o faria, eu sabia que não.

一 Então me prometa que vai obedecer a qualquer recomendação minha.

一 Prometo. 一 Sorri para demonstrar sinceridade. Eu estava disposto a seguir qualquer conselho, ordem ou pedido, desde que isso me fizesse curar mais rápido. Ter minhas asas arrancadas de mim afetou a dispersão de minha aura em meu corpo, o processo de cura demorando mais do que o necessário. Era como se meu corpo sentisse falta de algo e, por isso, não soubesse qual o caminho correto a seguir quando preciso. Eu teria que aprender a direcionar minha energia interna.