200 anos atrás...
一 General, estabelecer uma linha de fronte forte seria o melhor para nossas tropas. Meu tio não vai conseguir avançar se o determos já no início do conflito. 一 Expliquei da maneira mais simples possível, tentando não me atrapalhar com as palavras.
Estávamos em reunião, oficiais, meu pai e eu. Minha mãe tinha se recusado a participar por estar indisposta, então precisei buscar meu próprio autocontrole para tratar Yoongi do jeito mais natural e neutro possível. Não haveria indiferença, arrogância ou ironias, mas também não existiria o típico traço carinhoso que eu sempre direcionava a ele.
Seu olhar pairou sobre o meu, durou poucos segundos, mas consegui notar sua surpresa. Contudo, continuei ridiculamente firme em minha atuação e sustentei seu olhar, vendo-o apoiar suas mãos sobre a mesa e se inclinar em minha direção. Estávamos em extremos opostos na mesa, mas nada parecia existir ao meu redor. Era sempre Yoongi estar próximo de mim e tudo que não dizia respeito a ele deixar de importar.
一 E quem lideraria essa fronte? 一 Semicerrou os olhos em minha direção, a pergunta soando irônica, todos já sabiam qual era a resposta. Apesar disso, ele parecia bravo e eu me perguntei se era por algo que eu tinha dito durante a reunião.
一 O general é o mais capacitado para realizar tal feito. 一 Encarei meu pai, seu rosto movimentando-se discretamente e sorri. 一 Sei que nos trará mais uma vitória.
Suas mãos se fecharam sobre a mesa, mas parecia ser o único a notar tantos detalhes de Yoongi. Seu olhar não me deixou por um minuto sequer e eu desejava deixar aquela sala o quanto antes, não sabendo mais quanto tempo conseguiria agir com racionalidade.
Meu pai tomou a decisão final, após ter escutado e discutido com cada pessoa presente naquela sala. A líder das arqueiros parecia ansiosa para deixar a sala e eu poderia entendê-la, a tensão era predominante ali e era um sentimento que deveras incomodava os celestes.
一 Quatro mil homens devem ser o bastante para deter os avanços de meu irmão. 一 Meu pai olhou cada um dos oficiais, sua expressão autoritária deixando explícito que aquela era sua decisão final. 一 Quero os arqueiros e os espiões nesse batalhão.
Todos se levantaram e curvaram-se diante do rei antes de deixarem a reunião. Levantei por último, aguardando que me deixassem a sós com meu pai e contive um suspiro quando Yoongi passou por mim, bufando quando seu olhar pairou sobre o meu uma última vez. Balancei a cabeça como num cumprimento discreto e obriguei-me a encarar meu pai, fingindo que a presença do general não me afetava.
Só quando ouvi seus passos ao longe foi que me permiti sentar novamente e suspirar, deitei meu tronco sobre a mesa como se aquilo fosse resolver meus problemas. Ouvi uma risada e virei-me para encarar o homem ao meu lado.
一 Qual é a graça?
一 Você está sendo ridículo. Ele sabe que está sendo ignorado, Taehyung. 一 Apoiou suas mãos sobre a barriga e sorriu para mim, fazendo-me sentir com dez anos quando ele me dizia o óbvio, mas eu não queria aceitar.
一 Não estou o ignorando, só tentando fazer parecer que não me importo. 一 Sentei ereto, o ouro gelado da cadeira em minhas costas.
一 Mamãe disse para deixá-lo sozinho.
一 Deixá-lo sozinho não é ignorá-lo, filho. 一 Seu olhar pesava sobre mim e meu desconforto só piorava por já não saber mais o que fazer para que Yoongi me aceitasse. 一 Eu vejo o jeito como ele te olha.
一 Com ódio? 一 Tentei parecer sarcástico, mas acho que meu pai conseguiu sentir a dor em minhas palavras.
一 Com amor, Taehyung. Qualquer um pode ver que ele te afasta por medo, você sabe que o Conselho jamais aceitaria um casamento real com uma casta diferente. E Yoongi não pensará duas vezes antes de protegê-lo.
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Segunda Chance [TaeGi]
Fanfiction[Concluído] Para protegê-lo, Taehyung teve sua memória alterada. Esqueceu-se de que era o futuro rei. Esqueceu-se que controlava um dos reinos mais poderosos do mundo. Esqueceu-se também da destruição que a inveja causou em seu reino. A única coisa...