Segunda Chance [TaeGi]

07

Encarava o jardim. Sentia o frio da madrugada penetrando o pouco tecido que usava, enquanto, da sacada do quarto, o vazio era cercado de energia intensa. Não conseguia dormir, mesmo cansado das horas que passei amando Yoongi. Quando eu fechava os olhos, conseguia ver apenas sangue, morte e um palácio destruído por inveja e ganância.

Pensei em meu tio, em quando ele passou a nos odiar por não ter o poder dos celestes. Sempre desejou reinar, mas quando meu pai foi escolhido para o cargo, a inveja dominou meu tio e ele deixou o palácio, ameaçando tomar o trono de nossa família. Por anos, meus pais conseguiram mantê-lo longe, os conflitos e batalhas quase sempre sendo vencidos por nosso exército. Nesse momento, Yoongi se destacou e assumiu a liderança como general e eu o conheci.

Nunca pensei que poderia me apaixonar por um dos meus subordinados, principalmente por ter passado anos aprendendo o quão inadequado era a união entre diferentes castas. O Conselho ainda mantinha ideais antiquados, então foi um verdadeiro problema quando anunciei meu desejo de desposar o meu general mais hábil. Apesar disso, ainda fiquei surpreso quando descobri a traição do Conselho a meu pai. Os anciões tinham se aliado ao meu tio e só por isso conseguiram invadir o palácio e usurpar o trono.

Ainda conseguia lembrar precisamente de meus pais mortos. Eu estava em batalha, mas quando meu tio apareceu com dois guardas atrás de si segurando corpos, soube no mesmo instante o que aquilo significava. Minha mãe estava prestes a ter uma criança e nem assim sua vida foi poupada. Se não fosse por Yoongi me dominando e me escondendo na Terra, eu teria perdido bem mais que meus pais e irmã.

Senti braços firmes em minha cintura e um corpo quente colando-se em minhas costas. Sorri ao acariciar suas mãos, o mero toque me acalmando. Yoongi era o que ainda me mantinha racional, me impedindo de ceder ao desejo de vingança que eu ansiava por concretizar. Meus soldados poderiam aniquilar todo o exército de meu tio, mas ele e seu general precisavam ser mortos por mim. Só assim esse desejo seria satisfeito. Só assim eu conseguiria esquecer os corpos mutilados de meus pais.

— Volte a dormir. — Sussurrei ao sentir seus braços me apertando ainda mais, o rosto de Yoongi em minhas costas.

— Senti sua falta na cama. — Virei-me para respondê-lo, mas perdi a fala ao ver seu corpo magro e desnudo decorado em diversos tons roxos e vermelhos. Tentando lembrar o que iria dizer a ele, senti meu corpo esquentar pela visão que tinha. Toquei sua pele quente, a maciez em meus dedos atiçando-me. Tínhamos feito amor há poucas horas, ainda assim meu corpo desesperava-se por mais. Quando o assunto era Yoongi, eu me tornava insaciável.

Segurei em sua cintura e o trouxe para mim, ansiando por seu carinho. Virei-me, encurralando-o entre mim e a sacada, abaixo de nós apenas jardins, escuridão e energia ressoando protetoramente ao nosso redor.

— Não consigo dormir.

— Pesadelos? — Yoongi me encarou, seus olhos exibindo a preocupação e atenção que eu precisava. — Senti sua aura enraivecida. Consigo sentir sua tensão.

Minha mão descansou em seu coração, tão acelerado quanto o meu. Yoongi sempre sentiria o mesmo que eu devido nossa ligação e saber que eu o acordei com minha angústia me deixou frustrado.

— Desculpe. — Desabafei, deitando contra seu pescoço, mas sem usar a força para que ele não se machucasse contra a sacada, afinal, ele estava sem roupas. Minhas mãos desceram para sua cintura e me pressionei nele, ouvindo-o ofegar surpreso ao sentir minha rigidez. Não pretendia alertá-lo daquilo, mas o desejo era mais forte e tê-lo nu em meus braços aguçava minha imaginação. Eu estava há treze anos sem a presença constante do meu noivo, não me envergonhava de mostrar a ele o quão ansioso eu me sentia para tê-lo sempre que possível.