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Meu pulso doía tamanha a força com que usei para atingir meu primo, mas o sangue em seu rosto me fez sorrir. Depois de dias apanhando e terminando no chão, incapaz de me mover, consegui vencê-lo. Apesar disso, afastei-me por saber que ele ainda conseguia se manter em pé e me atingir na menor distração que eu apresentasse.

— Seu poder está mais forte. — Jimin resmungou ao massagear o queixo, o lábio inferior machucado e sujo de sangue.

— Eu também sinto minha aura circulando com mais facilidade. — Respondi após fechar os olhos e me concentrar na força da minha energia interna. Talvez fosse os treinos que estivessem me libertando da barreira, não sabia dizer, mesmo assim, a ideia de que minhas habilidades estavam cada vez mais perto do seu real poder me empolgava a continuar treinando.

Assim que abri os olhos, Jimin estava na minha frente, tão perto que sentia o calor emanando de seu corpo. Preparei-me para o golpe quando notei seu sorriso vitorioso e senti meu corpo ceder tanto pelo cansaço quanto pela força usada por meu primo. Voei alguns metros, minhas costas chocando-se com a parede dura arrancando gemidos dolorosos de meus lábios. Senti o ar faltar pelo impacto e caí no chão, meu quadril absorvendo grande parte do choque. Tentei levantar, mas não consegui, meu corpo não suportava mais sofrer danos. Bati as mãos no chão e ouvi os passos apressados de Jimin vindo me ajudar.

— Você me obriga a te levar a exaustão. Yoongi me olha com raiva sempre que me vê, como se eu fosse culpado.

Ri baixo, antes que a tosse me fizesse cuspir sangue. Era difícil respirar e mais difícil ainda me mover, mas recebi ajuda para me sentar. Encostei-me na parede e gemi pelos machucados das costas, imaginando o sermão que ouviria por ser irresponsável.

— Ele não tem raiva de você, sabe que segue minhas ordens.

Fechei os olhos tentando normalizar as reações de meu corpo, aos poucos conseguindo sentir minha aura estabilizando as feridas internas. Faltava pouco para que eu pudesse reivindicar meu trono, não podia mais treinar até que não conseguisse mais ficar em pé. Quando meu exército dominasse os homens de meu tio, vencê-lo seria fácil. Mas, para isso, eu precisava matar seu general ou nunca conseguiria alcançá-lo. A única vez que tentei, fui capturado e torturado por horas.

— Yoongi me pediu que o levasse ao campo de treinamento.

— Eu preciso de mais um tempo. — Respirei fundo e deixei meu corpo ceder, deitando no chão à medida que sentia-me entorpecer pela quantidade abrasiva de energia sendo condensada em meu corpo. Conseguia senti-la curando cada órgão sofrido, cada costela fraturada, mas a dor externa permanecia porque Yoongi fez-me sentir culpado pelas minhas ações. Ele se recusou a fazer a dor desaparecer e eu não tinha essa habilidade, então poderia apenas suportar cada movimento incômodo que sentia ao me mover. Era melhor do que ver seu olhar desapontado ao me encarar após um dia de treino que passou dos limites.

Precisei de quase uma hora para conseguir me levantar sem ajuda. Andei pelo palácio até conseguir ouvir os gritos dos soldados em treinamento. Caminhei pelo longo salão, as vozes cada mais mais altas e irritadas, uma delas se destacando dentre todas.

Sorri nervoso por reconhecer a voz de Yoongi, apreensivo por ter que vê-lo estando em uma situação tão lamentável. Por mais que estivesse aparentemente bem, minhas roupas mostravam o quão machucado fiquei naquele manhã, sangue manchando-o em diversos pontos. Não havia mais nada a ser feito, não podia mais voltar, ele já tinha sentido a minha presença.

— Em formação! — Ouvi sua voz firme no mesmo instante em que me vi em campo aberto. Milhares de soldados enfileiravam os batalhões, a maioria coberta de suor e sujeira da luta que travavam. Procurei meu noivo, mas não o encontrei, minha atenção sendo tomada pela formação das arqueiras que se organizavam no céu, os arcos em ouro reluzindo ao mais leve movimento.

Segunda Chance [TaeGi]Onde histórias criam vida. Descubra agora