02

156 30 8
                                    


Abri meus olhos sentindo o incômodo da claridade dificultar que eu enxergasse meu quarto. Sentei na cama com dificuldade e levei a mão à cabeça, gemendo baixo ainda sentindo um pouco de dor. Ao lembrar do garoto em meu quarto, procurei-o pelo quarto e lá estava ele, sentado na mesma cadeira e ainda na mesma posição de antes. Mas, agora eu lembrava dele, agora eu lembrava do meu noivo. Estudei seu rosto por um momento, sentindo meu coração acelerar ao notar que seu olhar era de preocupação e esperança.

— Yoongi... — Vi-o sorrir e se levantar da cadeira e caminhar apressadamente em minha direção. Sentou-se na cama, bem próximo de mim pegando minha mão entre as suas.

— Como o Príncipe Herdeiro se sente? — Ele perguntou ao me encarar. Suas mãos tremiam ao segurar a minha. Eu podia notar que algo estava errado.

— Não me chame assim. — O encarei recuar e tentar levantar, mas eu já o conhecia o suficiente para saber que ele sempre tentava manter a formalidade quando não estávamos sozinhos. Só que agora, além de estarmos sozinhos, não estávamos no reino celestial. — Não tente colocar um muro entre nós.

— Eu senti tanto a sua falta, Tae. — Pude ver as lágrimas margeando seus olhos e o nariz ficar vermelho. O puxei para mim e o abracei podendo aspirar seu cheiro depois de tantos anos. Yoongi se agarrou a mim e eu gemi dolorido quando senti seus braços envolvendo minha cintura. — Ah, desculpe. Eu esqueci que você está sem os seus poderes. Você está melhor?

— Não se preocupe comigo, eu estou bem. — A mão de Yoongi foi até minha testa, mas eu impedi que ele fizesse o que queria e peguei sua mão para afastá-la de mim. — Você está tremendo, amor. Eu sei que já se esforçou tentando controlar minhas alucinações.

— Deixe-me. — Ele soltou sua mão do meu aperto e voltou a tocar seus dedos gélidos em minha testa. Senti a dor desaparecer e suspirei satisfeito quando os dedos de Yoongi acariciaram meu rosto suavemente. Seu toque era tão frio e caloroso, e eu senti tanta falta dele. De nós.

— Yoongi, o que está acontecendo? Onde estão meus pais? Por que eu estou no reino dos mortais? — Ele me olhou cauteloso antes de respirar fundo e envolver minha cabeça com ambas as mãos. O vi fechar os olhos e, então, pude sentir minhas memórias voltando com tanta rapidez que precisei me apoiar na cama para não cair. Sentia como se pudesse desmaiar a qualquer momento.

Yoongi se afastou com a respiração ofegante enquanto me encarava. Seu semblante mostrava cansaço e eu me repreendi por ignorar o fato de que os seres celestes tinham seus poderes reduzidos quando deixavam seus reinos de origem.

— Sinto muito, Taehyung. Seus pais morreram há 13 anos e seu tio governa o reino desde então.

Precisei de um momento para que minha mente apagasse as lembranças implantadas e as verdadeiras ficassem mais claras para mim. Meu reino tinha sido usurpado por meu tio, e toda a paz consolidada por séculos foi destruída com seu governo. Yoongi me fez ver através dele, e pude ver como as coisas tinham sido nos últimos 13 anos.

— Você me salvou e me trouxe para este reino. — Encarei Yoongi e o vi assentir. — O anjo com asas manchadas em sangue que eu via nos meus sonhos...

— Quando me pediram para alterar suas memórias como forma de proteção, eu aceitei, porque era o melhor a ser feito. Você cresceria entre os mortais e eu viria todos os anos para alterar suas memórias. Você não pertence a esse plano, então precisei fazer com que você pensasse que teve uma infância. — Yoongi ficou em silêncio e eu podia sentir seu nervosismo. — As pessoas que fingiram ser seus pais eram dois dos meus melhores guerreiros. Mas, quando eu entendi que você precisaria me esquecer... Não consegui. Deixei a última lembrança minha da qual se lembrava. Eu não ia suportar viver sabendo que você não lembrava mais de mim. De seu noivo.

Segunda Chance [TaeGi]Onde histórias criam vida. Descubra agora