Segunda Chance [TaeGi]

03

200 anos antes...

— Filho, preste atenção na reunião. — Ouvi o tom frustrado de meu pai e o encarei constrangido. Eu não conseguia controlar, ter Min Yoongi no mesmo ambiente que eu me deixava eufórico. O mundo ao meu redor não importava.

— Desculpe. — Pedi, mas não havia sinceridade em minha voz e todos os presentes na reunião notaram. O general Min, por outro lado, ignorava minha presença.

Meu pai deu voz a Yoongi e eu finalmente pude prestar atenção ao que acontecia naquele gabinete. Desde que meu tio declarou guerra ao nosso reino, a tensão e o medo pairava entre os moradores. Nossas tropas quase sempre venciam as investidas do meu tio, mas ultimamente as batalhas têm ficado cada vez mais violentas e desonrosas. Meu tio não media esforços para usar qualquer tática suja na tentativa de derrubar seu irmão. Consequentemente, nosso general mais experiente precisava estar à frente do batalhão para que nossos soldados não se intimidassem.

Yoongi assumiu a reunião, e mostrou o que tinha sido feito até aquele momento, e sua ideias para mudar a tática de alguns batalhões. Eu o ouvia sem realmente entender o que falava. Tinha certeza que se ele estivesse falando sobre a coisa mais boba e sem graça do mundo, eu ainda acharia incrível. Entretanto, estar apaixonado pelo celestial da guerra tinha suas desvantagens. Na maior parte das vezes, eu pensava existir apenas desvantagens, porque Yoongi não cedia para nenhuma das minhas investidas, e quando eu tinha a sorte de estar sozinho com ele, era tratado formalmente. Ele agia como meu subordinado e eu me irritava profundamente.

O pior dia da minha vida tinha sido há alguns dias atrás. Papai me pediu para entregar uma carta para o Yoongi, e eu concordei rapidamente, estava feliz em poder vê-lo tendo uma desculpa para estar perto dele. Caminhei pelos corredores brancos da Sede Celestial, podendo ver alguns soldados treinando nas áreas destinadas para tal. Eu me sentia orgulhoso do império que meus pais construíram e de como as coisas funcionavam de maneira honesta e justas em sua grande maioria.

Pude ver a grande porta de ouro que dava acesso ao gabinete do general e meu coração acelerou. Antes que eu pudesse anunciar minha presença, a porta tremeu e abriu sozinha e eu me repreendi por esquecer que Yoongi podia fazer as coisas obedecerem o poder de sua mente. Não tive tempo para preparar o caos que eu sentia dentro de mim quando o vi sentado atrás da mesa, enquanto analisava alguns papéis.

— Príncipe Herdeiro, à que devo a honra? — Ele me encarou, e eu senti a frieza de seu olhar me atingir como um raio. Yoongi não me dava nada além de respeito por eu ser o futuro rei e desprezo aos meus sentimentos.

— Meu pai pediu para te entregar. Não sei sobre o conteúdo da carta. — Entrei em sua sala, e o vi se levantar. Yoongi caminhou em minha direção, nunca desviando seu olhar sério de mim, e eu nem sabia mais como ainda sentia força nas pernas para continuar andando até ele. Eu poderia ser rígido e racional quando o assunto era o meu reino, mas no que dizia respeito àquele general, eu era o resultado de medo, insegurança e amor.

Senti seus dedos frios tocarem os meus quando lhe entreguei as cartas e esperei que ele a lesse. Podia querer entregar alguma outra carta ou aviso para meu pai, então fiquei em silêncio e esperei suas ordens.

— Por favor, diga que eu farei o que foi pedido o quanto antes. — Ele falou, e se virou, com a intenção de voltar para a mesa e ignorar a minha existência. Não podia perder a oportunidade que me foi dada, e só sairia dali quando Yoongi falasse comigo de homem para homem, sem que os títulos interferissem.

— Yoongi... — Tentei falar, mas fui cortado.

— Príncipe Herdeiro, eu prefiro que me chame por General Min. Seria ruim ter que explicar, caso outras pessoas o ouçam. — Ele me encarou, provavelmente já sabendo o que viria. Ele vinha recusando meus convites como se odiasse o fato de estar sozinho comigo, e aquilo me magoava. Eu não tinha culpa de ter me apaixonado. Não era minha culpa que celestiais só amam uma vez e meu coração o escolheu. — O que deseja?