33. 'Cause the world is 'bout a treat

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Gatilho: violência sexual

Pov Hannah

...6° dia na cela

  Eu não aguento mais o meu próprio cheiro. Tudo aqui me dá ânsia. Acho que é o bebê. Espero que nada disso esteja afetando ele. As vezes fico com falta de ar aqui dentro e os vômitos pioram tudo.

  A dor no meu peito é ainda pior do que a primeira vez que tive pneumonia. O meu corpo está muito fraco, parece que estou em terceira pessoa assistindo tudo de dentro da minha cabeça.

  É difícil não pensar no Negan aqui. Pensar em xingamentos para ele é a coisa que mais faço aqui dentro para passar o tempo e o tempo passa muito devagar aqui quando eu não estou dormindo ou desmaiada, então eu até já criei alguns nomes que não existiam.

  Hoje eu lembrei de uma coisa quando estava xingando ele. "Indiota". Quando eu era criança eu falava essa palavra errada e meu pai ria muito de mim. Isso me deixava mais irritada e eu falava ainda mais errado, fazendo ele rir mais e isso virava um looping infinito. Sinto falta disso. Sinto falta dele.

  A música para fazendo meus pensamentos pararem junto. Simon abre a porta. Ele mantém o seu sorriso idiota no rosto. Sinceramente, já parei de esperar o dia em que vou poder sair daqui, é melhor do que me decepcionar toda vez.

  O homem me entrega o copo de água e sai. Sem gracinhas, sem insultos, ele apenas sorriu quando me viu e me entregou o copo antes de sair. Merda. Eu devo estar péssima para ele ter feito isso.

...7° dia na cela

  Acordo ofegante. Meu coração bate forte dentro do meu peito com o susto. Olho para cima e vejo que Simon segura um balde. O desgraçado havia jogado água em mim?

—Hora do banho, querida. Se zumbis cagassem, a bosta deles teria o mesmo cheiro que você.

  Passo a mão no rosto tirando o excesso de água dos olhos e empurro meus cabelos para trás. Olho para a minha roupa toda molhada e vejo que ela não vai secar até a noite chegar. Dou um suspiro sem poder retrucar o homem.

—Vem, vamos tirar as suas merdas do balde.

  Ele me puxa pelo braço me colando de pé. O homem coloca o balde na minha mão e faz eu carregar ele pelo Santuário. Todos olharam para mim enquanto eu sentia o meu peito doer pelo esforço e cansaço.

  Passo os meus olhos pelo lugar procurando por ele, mas não o encontro. Como se fosse mudar algo se ele me visse... Por que eu ainda acredito nele?

  Simon me leva até a parte de trás do Santuário. Ele me entrega uma pá e manda eu cavar um buraco para jogar a sujeira que tinha ali. Depois de feito ele me faz enterrar tudo. Meu peito sobe e desce ofegante. 

  Fizemos todo o caminho de volta e mais uma vez os olhares curiosos se prenderam em mim. Apesar de toda a humilhação, foi bom sair e ver a luz do dia. Entro de volta na cela e antes que ele feche a porta, eu chamo a sua atenção:

—Espera!– faço uma careta sentindo o meu peito doer– eu preciso de água.

—De mais água?– ele me olha encharcada e ri antes de fechar a porta e me deixar sozinha no escuro.

...8° dia na cela

  A noite foi difícil, as minhas roupas ainda estavam molhadas então foi mais frio do que o normal. Minha pele está completamente gelada. Nada do que eu fazia me esquentava, nenhuma posição, nada.

HANNAH | Livro Um | NeganOnde histórias criam vida. Descubra agora