HANNAH | Livro Um | Negan

Epílogo

Pov Hannah

...Um mês depois

  Os remédios e as vitaminas que Carson me deu foram ótimos. Já não sinto mais nada da pneumonia ou da fraqueza. Só o que restou foi o sofrimento pelas mortes de quem eu gostava.

  É difícil descrever a dor de perder um filho, alguém que você nunca conheceu, mas ama como se fizesse parte de você e você precisasse dele para sobreviver.

  Tudo ficou pior quando eu soube que Mary morreu em um dos ataques dos alexandrinos ao Santuário. Ainda não estou bem com tudo isso, mas sei que vou ficar.

  Daryl assumiu a liderança daqui e Negan está preso em uma cela em Alexandria. Nunca mais o vi desde que ele partiu aquele dia no consultório quando perdi meu filho e sinceramente foi melhor assim. É como se ele tivesse morrido para mim.

—Entre– digo ao ouvir alguns toques na porta.

—Eu só vim saber se está bem e...

  Daryl para de falar quando vê a mochila em minhas mãos. Desde que ele veio para cá, ele me faz visitas diárias para saber como estou e tenta cuidar de mim com aquele jeito caipira dele. Ele é um anjo com colete de asas.

—Vai para algum lugar?– ele pergunta analisando as minhas expressões.

—Meu lugar não é aqui, Daryl...

—Ele não vai mais voltar, não precisa se preocupar– o homem insiste.

—Eu sei... Mas tudo aqui me faz lembrar das coisas que passei. As paredes cinzas, o cheiro ruim, as pessoas...– ele me olha triste.

—Para onde você vai? Você pode ficar em Alexandria ou em Hilltop, você será bem vinda lá.

—Não, sem mais comunidades e pessoas... Eu quero um tempo para mim, sozinha...

—Se é isso o que você quer...– ele desvia o olhar e eu o abraço. Demora alguns segundos, mas ele retribui– eu nunca agradeci, mas obrigado... Pelo que você fez por mim aquele dia na cela.

—Eu fiz o que precisava ser feito– me separo do abraço do homem e dou um sorriso para ele antes de sair pela porta– a gente vai se ver outra vez ainda– dou uma última olhada para trás e ele força um sorriso para mim.

Flashback on

...O dia em que descobri as esposas

  Corro até o nosso quarto e fecho a porta atrás de mim liberando todas as lágrimas que se prenderam pelo caminho. O que mais ele escondia de mim? Como eu podia ter um filho de um cara que eu mal conheço? E se Daryl estivesse falando a verdade?

  Começo a revirar a minha gaveta em busca da chave que eu guardei ali. Estico meu braço para alcançar o fundo e quando meus dedos encontram o metal gelado, eu o puxo para mim. Pego um boné velho que Negan tinha em suas coisas e uma blusa de frio para que Daryl possa se disfarçar e sair.

  Ando rapidamente pelos corredores. Eu precisava saber a verdade, mas primeiro eu queria ouvir outra pessoa. Chego na porta da enfermaria e dou batidas frenéticas nela esperando que Carson esteja lá e esteja sozinho. Ele abre a porta e eu dou um suspiro de alívio ao passar os meus olhos pelo lugar e não ver ninguém além dele.

—Precisamos conversar– digo entrando– eu preciso que você me diga a verdade, o que o Negan faz? Por que você tem tanto medo dele?– pergunto olhando em seus olhos buscando por uma resposta.