HANNAH | Livro Um | Negan

34. When you're on easy street

Gatilho: suicídio e violência sexual

Pov Hannah

...10° dia na cela

  Pensei algumas vezes em falar com a mulher da cela ao lado. Queria perguntar de qual comunidade ela era e o que aconteceu com eles, mas tenho medo de Simon me pegar e se irritar. Então estou apenas escutando as conversas que ela tem com os salvadores.

  Depois da visita do Negan alguns salvadores vieram alimentar a mulher e um homem chamado Eugene veio conversar com ela. Acho que eles eram da mesma comunidade.

  Ela e as pessoas do lugar de onde ela veio parecem ter sofrido demais nas mãos do Negan. Ouço uma voz masculina e começo a prestar atenção. É o tal Eugene, ele voltou.

—Sasha? É o Eugene. Fiquei sabendo que concordou com as coisas aqui– homem diz com a sua voz grave.

—Eu estava errada– ouço a voz triste da mulher– não posso... Eu fiquei sentada aqui imaginando como eu ia conseguir fazer isso com os nossos amigos ainda lá fora sendo feridos por eles, eu não sei como pude concordar com aquilo... Você tem que me ajudar.

—E-eu vou! Eu vou te ajudar a se acostumar com a idéia– o homem se atrapalha com as palavras, mas diz de maneira confiante.

—Foi um erro, eu estava pronta para morrer. Eu sabia que se não matasse ele ontem a noite acabaria para mim e eu não matei, então acabou. Tem que ser assim. Tem que me arrumar alguma coisa. Uma faca, uma navalha, uma arma...– a angústia me corrói ouvindo as palavras tristes da mulher.

—Para o Negan?– o homem pergunta, mas nós dois sabemos que não é para o Negan.

—Não. De qualquer jeito ele vai me usar para ferir os nossos amigos e não tem nada que eu possa fazer, a não ser ter a certeza de que eu não vou estar viva para dar essa chance para ele. Eu tenho que morrer, é o único jeito– a mulher diz com a voz chorosa.

—Eu n-não... Eu não acho que...– sinto a tristeza no tom do homem.

—Não deixa me usarem para ferir o nosso pessoal. Por favor... Você tem que me dar uma coisa para parar isso. Uma arma, uma faca, vidro... Eu não me importo, eu tenho que morrer. Por favor...– o desespero da mulher faz com que eu me sinta cada vez pior.

—Eu... Eu vou pensar nisso...– o homem parece desnorteado.

—Obrigada– ouço o sorriso triste em sua voz.

  Segurei as lágrimas algumas vezes e fiquei em silêncio, mas agora eu não posso só escutar. Não posso deixar que ela faça isso. Esse não é o melhor caminho. Presto atenção nos passos do homem e quando eles parecem distantes o suficiente eu a chamo:

—Ei, é Sasha, não é?– forço a minha voz ao máximo para que ela escute, faço uma careta com a dor que preenche o meu peito.

—Quem é você?– o tom da mulher parece variar entre medo e desconfiança.

—Ninguém... Estou na cela do lado da sua– bato na parede algumas vezes para ela ouvir– você não tem que fazer isso.

—Eu já me decidi, nada do que você falar vai mudar isso– ela diz rude.

—Você não pode deixar ele vencer– insisto.

—Você não entende? Ele já venceu essa– as palavras da mulher ficam na minha mente.

...11° dia na cela

  Não consegui a salvar. Supliquei o possível para que ela não fizesse aquilo, mas mais tarde naquele mesmo dia, Eugene trouxe um comprimido para ela.