07 - Paige

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Depois de um dia inteiro curtindo o sol e o mar no iate do Lee, agora estava no quarto me vestindo para um jantar em um dos restaurantes de Mônaco. Esse final de semana está sendo lindo, divertido e relaxante, a mansão de Lee e Grace é realmente linda e eu estou adorando essa viagem.

Me olho no espelho e dou um suspiro longo, coloquei um vestido cor de ameixa com decote ombro a ombro e meus seios estão quase saltando para fora. Depois que tive minha segunda filha, Charlotte, no ano passado, eu ganhei algumas curvas a mais e meus seios ficaram maiores, a gravidez foi bem difícil, eu ganhei muito peso e tudo foi bem complicado, agora estou lutando para voltar ao meu corpo de antes.

Continuei me olhando no espelho decidindo se usaria mesmo esse vestido ou não quando Connor sai do banheiro com a toalha enrolada na cintura, ele continua lindo e charmoso, parece que o tempo só realça sua beleza. Sempre fui insegura comigo mesma, depois que conheci Connor eu sempre ficava com aquela vozinha na minha cabeça dizendo que um homem como ele não iria manter um interesse em mim por muito tempo. Essa vozinha sumiu quando nos casamos mas desde que Charlotte nasceu ela voltou e eu me sinto insegura ao lado de Connor porque não me acho mais bonita ou atraente o suficiente e piorou ainda mais quando ele me contou sobre a mulher no Cassino.

- Você está linda meu amor... - Connor elogia ficando atrás de mim.

- Não acha que esse decote está mostrando demais? - pergunto e ele sorri.

- De jeito nenhum... Eu adoro os seus seios.

Me viro e beijo seus lábios de forma lenta e provocativa, ultimamente eu tenho usado o sexo pra sentir o seu amor, sentir que o seu desejo por mim ainda é o mesmo, sei que não é certo e eu sei que preciso conversar abertamente  com ele mas ainda não consigo. Connor foi se vestir e eu fui terminar de me aprontar.

*****

O restaurante é lindo e tem uma decoração impecável, nos sentamos em uma parte reservada apenas para nós com uma vista privilegiada. O jantar correu bem, foi divertido, dei ótimas risadas, tomei coquetéis deliciosos e agora eu me sentia mais leve, segurei a mão de Connor e ele entrelaçou seus dedos nos meus, olho para ele que ria de alguma coisa, eu estava alheia a conversa, lembrei do quanto Connor é companheiro, de como têm sido mais do que eu imaginei.

Lembrei de duas semanas atrás quando eu cheguei tarde do trabalho e ele estava na sala de estar, segurando Charlotte em seu colo enquanto dançava com ela, Hannah estava sentada no sofá desenhando, foi uma das cenas mais lindas que eu vi. Quando minha mãe morreu no ano passado de um infarto fulminante, eu só lembro de Connor resolvendo tudo do funeral e no final ainda dedicou uma grande parte do seu tempo pra ficar ao meu lado. Connor é a pessoa mais amável que eu conheci, estar com ele é uma dádiva e eu não sei o que faria se o perdesse.

Ficamos no restaurante conversando e aproveitando, todo o final de semana foi tranquilo, com muitas risadas e ótimos momentos, acho que cada um de nós precisava de algo assim. Fazer parte dessa família é um presente divino, eles enquanto irmãos tem uma grande sintonia e amor, e nós enquanto agregados somos privilegiados por poder conviver com os Bass. Fico emocionada e levanto do meu lugar, Connor me olha mas não diz nada, saio do restaurante e respiro o ar fresco na entrada. Algum tempo depois Ellie surge e anda até mim.

- Está tudo bem Paige? Você saiu faz tempo.

- Não... eu... tenho me sentido tão confusa ultimamente, me sinto estranha sabe?

- Como assim?

- Eu tenho medo de não ser mais suficiente pra o Connor... Eu sinto que eu perdi a sensualidade, a minha feminilidade... Você sabe que a gravidez da Charlotte foi complicada e  as coisas mudaram tanto em mim, não me sinto mais como a mulher do Connor, me sinto só como a mãe das filhas dele, não me sinto poderosa eu só me sinto cansada o tempo todo.

- Vocês dois conversaram?

- Ainda não... Eu fico com vergonha de falar sobre isso com ele... Mas tenho medo de perdê-lo, saber que outra quase o beijou me deixou ainda pior.

- Sinto muito Paige por tudo isso, ser mãe, esposa e ainda trabalhar não é fácil... ser mulher não é fácil... Mas uma das coisas que aprendi é que comunicação entre o casal é um dos pilares da relação, eu e Dan conversamos abertamente sobre tudo, também tive medo que as coisas entre mim e ele esfriassem mas me abri com Dan e foi a melhor coisa que fiz. - Ellie segura minha mão - É muito importante pra gente dizer o que sente e o que precisamos Paige, ser clara sobre nossos sentimentos e batalhas internas. Sei que está com sua autoestima baixa, mas você é linda e uma mulher incrível por dentro e por fora, Connor te ama muito.

- Obrigada Ellie. - Abraço minha cunhada e ela retribui.

- Se quiser pode me acompanhar no pilates, vou todos os dias e é uma maravilha pra nossa mente e nosso corpo, além de melhorar nossa flexibilidade. - Ellie comenta e dá um sorrisinho na última parte.

- Obrigada de novo e vou pensar a respeito.

Voltamos juntas para a mesa, Ellie se tornou uma grande amiga para mim, adoro sua sinceridade, aliás, todas elas se tornaram minhas amigas e acho ótima minha relação com as meninas.

Bem mais tarde, quando voltamos para a casa, Connor estava sério e pensativo, os seus irmãos ficaram na sala de jogos jogando sinuca mas ele foi até o jardim próximo a piscina e sentou em uma das espreguiçadeiras, tirei os saltos e fui até lá.

- Ei bonitão... não quer jogar com seus irmãos?

- Precisamos conversar... de verdade agora Paige, nós só vamos entrar quando a gente se acertar.

- Como assim? - pergunto ficando nervosa.

- Eu ouvi tudo o que você falou pra Ellie... Paige, porque nunca me contou que se sentia dessa forma?

- Eu não sei... estava com vergonha de mim por me sentir assim e fiquei com vergonha de expor isso pra você.

- Eu não entendo... achei que fôssemos amigos, confidentes Paige.

- E somos! Nós somos assim Connor.

- Acho que não... Não consegui nem perceber as suas necessidades, não vi o que você está passando.

- Você não tem culpa, isso é algo mais relacionado a mim mesma e não tem nada a ver com você. - respondo e Connor me olha chateado.

- Como não? - ele pergunta e se levanta- Paige tudo o que diz respeito à você tem a ver comigo! Você precisa se abrir comigo, me contar o que se passa com você pra eu te ajudar, pra eu cuidar de você.

- Connor, eu...

- Não Paige, não! - ele passa a mão no cabelo e fica vermelho - Não tenta fazer com que eu me sinta melhor... eu devia ter notado que você estava insegura e vulnerável.

- Desculpa... - é só o que consigo dizer e ele me encara.

- Eu sei a gravidez foi difícil, os últimos meses foram de risco, você precisou ficar de repouso, o parto foi complicado... mas sabe no que eu pensava? Em você Paige! O tempo todo eu fiquei preocupado com você, porque eu te amo tanto, eu não consigo cogitar a ideia de ficar sem você, eu sei que não conseguiria criar nossas filhas sozinho, porque você é o sentido de tudo, você é tudo pra mim... Eu tive tanto medo de te perder naquela sala de parto que eu passei mal, você não é apenas a mãe da Hannah e da Charlotte, você é a mulher da minha vida, você é o motivo principal de eu ficar desejando que o dia passe rápido pra eu voltar pra casa, as meninas foram algo que fizemos juntos, é uma extensão de nós dois, um dia elas irão crescer e viver suas vidas e então iremos ser só nós dois de novo como no início de tudo, sempre seremos eu e você Paige.

Eu não sabia o que dizer, estava chorando e Connor também, me aproximo dele e o abraço apertado.

- Me desculpe... eu sou uma idiota. - falo.

- Você não é... sei que também não tem culpa de se sentir assim... me desculpe por não perceber nada disso.

Connor me beija demoradamente nos lábios, depois eu passo as mãos no seu rosto secando suas lágrimas.

- É melhor entrarmos... está tarde e acho que é minha vez de jogar. - ele fala e eu sorrio.

- Estamos bem? - pergunto.

- Sim, estamos.

Connor me beija mais uma vez e entramos de mãos dadas na casa.

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