09 - Adam

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A noite de ontem saiu totalmente de controle, bebemos muito além da conta e a festa na casa do Lee durou até o dia amanhecer, ainda fico impressionado com a energia e animação dessa família. Acordei no sofá, Connor estava praticamente em coma no chão da cozinha, fiquei me perguntando como ele adormeceu lá, Daniel e Ellie estavam dormindo juntos numa espreguiçadeira na área externa, Paige dormia no outro sofá, avistei Grace e Liam conversando no terraço, os únicos sóbrios da casa, dei um meio sorriso.

Quando minha mente parou de girar e a ânsia de vômito diminuiu, levantei do sofá e subi para o quarto, ao ouvir o barulho do chuveiro, segui para o banheiro e encontrei Amy debaixo do jato de água, estava com os olhos fechados e com as mãos espalmadas na parede. Começo a me despir em silêncio mas é claro que Amy sentiu a minha presença.

- Me lembre de nunca mais beber desse jeito. - ela resmungou e eu dei um sorriso.

Eu amo essa nossa conexão, algo que só aumentou ainda mais nesses dois anos de casamento, esse reconhecimento entre nós faz com que nossa relação seja única e muito preciosa para mim. Entro no box, abraço seu corpo e beijo o topo da sua cabeça molhada.

- Como se sente, cereja?

- Como se eu fosse morrer... Arg! Odeio ficar de ressaca.

- Eu também não estou muito melhor, seus irmãos são loucos.

- Foi só um sonho ou o Connor dançou em cima da mesa de sinuca? - ela perguntou e eu dei uma risada.

- É... Aquilo realmente aconteceu. - respondi e Amy sorriu mas depois gemeu baixo - Está enjoada?

- Estou e minha cabeça doi.

Amy se vira de frente pra mim e me abraça, adoro sentir seu corpo pequeno e macio contra o meu, beijo de leve seus lábios e então ela finalmente abre seus belíssimos olhos azuis, sinto uma emoção toda vez que ela me olha dessa forma profunda e intensa.

- Apesar dessa ressaca monstruosa, amei essa viagem, principalmente porque nossas agendas encaixadam, faz tempo que não viajamos juntos. - ela comentou e eu passei a mão no seu rosto - Nossa última viagem foi pra Viena no final do ano passado.

- Aquela viagem foi ótima.

Amy tinha ido a Viena para cobrir um torneio de tênis, eu tive um final de semana de folga e consegui viajar para encontrá-la. Tinha ficado com tanta saudade dela que passamos um dia inteiro no quarto do hotel, apesar de conviver com a Amy, quando estamos longe um do outro fico angustiado, só me sinto completo quando estou ao seu lado e quando ela viaja a trabalho, assim que tenho oportunidade vou encontrá-la.

Amy ficou na ponta dos pés e me beijou nós lábios, em seguida saiu do box e se secou e eu continuei o meu banho. A encontrei deitada na cama, parecia que estava passando mal, me aproximei dela ficando preocupado.

- Amy, meu amor... Está passando mal?

- Acho que vou morrer... - ela resmunga e eu dou um sorriso, comecei a passar a mão no seu corpo.

- Não vai não... Você não pode me deixar assim, lembra do nosso trato?

Perguntei relembrando do nosso casamento, onde prometemos ficar juntos até envelhecer. Ás vezes eu ainda penso que estou em um sonho e que vou acordar a qualquer momento, estar casado com Amy surreal, é maravilhoso de todas as formas. Me afasto dela e visto a cueca, depois volto para a cama e ela me abraça. Acordamos quando parecia ser início de tarde, Amy ainda dormia, beijei seu pescoço e seu rosto e então ela despertou e sorriu e abriu seus magníficos olhos azuis.

- Que horas são? - ela perguntou sonolenta.

- Não sei... Se sente melhor?

- Sim... Mas ainda me sinto estranha, preciso me hidratar. - ela se virou e pegou o celular - Ah, são duas da tarde e sua mãe me enviou uma mensagem, avisando que marcou um voo pra o próximo fim de semana.

- Que ótimo... Mas eu não sei se consigo estar em casa, tenho corrida.

- Não se preocupe, eu fico com a sua mãe, eu gosto de conversar com ela, é muito inteligente e posso levá-la até Napa.

- Já falei que você é maravilhosa? - perguntei e beijei o seu rosto.

- Hoje não.

Minha mãe gosta muito da Amy e elas se dão muito bem, dou um sorriso ao perceber como estreitamos nossos laços no decorrer desses dois anos, sempre que podemos Amy e eu vamos até Boston visitar meus pais e meus pais fazem o mesmo e nós visitam em São Francisco. Não vou dizer que têm sido fácil mas estou aprendendo a ser um filho melhor do que fui e estou recuperando o tempo perdido, mas também tenho a ajuda da minha linda esposa, Amy sempre me incentiva e amo ver ser olhar orgulhoso e sem julgamentos, ela me torna um homem melhor a cada dia e sou muito grato por tê-la comigo.

- Você sabe que ela vai te encher de perguntas sobre quando vamos ter filho não é? - perguntei e ela sorriu.

- Claro que sei... Mas não me importo... Acho que ainda não estamos prontos.

Me remexi na cama incomodado com essa resposta, será que Amy não queria ter filhos comigo? Tudo bem, nossas agendas são uma loucura mas eu sei que conseguiríamos cuidar de um bebê, um que teria a cor de seus olhos.

- Acho que deveríamos descer pra tentar comer alguma coisa. - falei numa tentativa de mudar o rumo da conversa.

- Tudo bem... Nem acredito que esse final de semana acabou e que a noite vamos embora.

- Me lembre de me preparar bem antes do próximo feriado com seus irmãos, é difícil acompanhar o ritmo deles. - comentei e ela riu.

Quando chegamos na cozinha, Alice e Liam estavam comendo panquecas, o restante do clã não estava por perto, estavam todos se recuperando da noitada. Alice sorriu ao nos ver.

- Tem suco e água de côco que vai ajudar na hidratação. - Alice falou e eu peguei uma jarra de suco.

Depois da refeição, Amy ficou conversando com Alice e Ellie que tinha acabado de entrar na cozinha. Eu saí para o jardim para apreciar a vista incrível do oceano, fiquei pensando no quanto minha vida mudou nesses dois anos, em como me sinto diferente e feliz, às vezes quando toda a família Bass se reúne na vinícola olho em volta e me sinto como parte de verdade da família, me sinto parte deles, me sinto acolhido e por muitas vezes me sinto amado, isso é estranho mas ao mesmo tempo é surpreendente e uma sensação indescritível. Me aproximei bastante do Connor e o tenho como um grande amigo, sei que posso contar com ele para o que eu precisar.

A família Bass se apoiam, se amam e compartilham de uma união que eu nunca vi antes, é algo irreal e fazer parte disso me deixa extremamente feliz, espero um dia ver essa mesma cumplicidade entre os meus filhos, isso é se Amy quiser ter filhos, espero que meu passado trágico e ruim não atrapalhe o nosso futuro. Liam caminha até onde estou e fica ao meu lado.

- Você viu que saiu em vários tablóides o nosso feriado? Fotos, vídeos e coisas desse tipo.

- Merda! Esses paparazzi não dão sossego mesmo. - reclamei e ele riu.

- Ter dois famosos na família não é fácil... Será que vou ficar famoso também? - ele brincou e eu dei um sorriso.

- Não é algo muito bom pra se desejar, eles não te deixam em paz, mas estou acostumado e o Lee também... Eu nem me importo com o que eles postam sobre mim. - respondi - A que horas nós vamos para Nice?

- Ás sete... Porquê?

- Adoraria levar Amy ao jardim que o Lee comentou antes de partirmos.

- Amy iria adorar isso.

- Bom, então vou entrar e convidá-la.

Entrei novamente dentro da casa e meu coração disparou quando Amy me olhou, como sempre acontece, desde a primeira vez que a vi, dei um sorriso e me aproximei dela.

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