Vigésimo Sexto Capítulo.

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[CAPÍTULO 26]

1922.

Verão.

20:15pm.

– Céus... – Alice olhou aquele pedaço de papel entregue por Chris. Levemente assustada com aquelas informações ela levantou a cabeça para fitar o homem a sua frente. – Você tem certeza dessas informações? Eles não podem, não sei, ter inventado estes números?

– Eu duvido muito, mãe. Aqueles dois estavam com o c-... – Parou de falar ao perceber que escolheu uma palavra inapropriada, então pensou em outra melhor. – Cobertos de medo de mim, não acho que iriam mentir, um até fez xixi na calça depois.

– Eu imaginei que aqueles dois viriam para cá com bastante gente, mas... Duzentos? Em questão numérica estamos em uma tremenda desvantagem. – Ela continuou.

– Entretanto, temos a posição de todos, ou quase todos eles, mãe. Podemos tirar proveito disso, não? Não sou muito bem bolando planos, vocês sabem.

– Sim... Ele tem razão. – Noah deu uns passos em frente, se juntando ao diálogo dos dois. – Eles têm números, mas não nossa inteligência e números não são tudo. Em um único golpe podemos derrotar dezenas. Me surpreenda que não tenha pensado em algo, Alice.

– Heh, afiado, igual sua mãe. – Alice riu da provocação dele, mas prosseguiu. – Eu só não queria colocá-los tanto em perigo assim. Nesta altura, todos os planos serão perigosos. Eu não quero que nenhum de vocês se machuquem... – Ela abaixou a cabeça, triste.

– Mãe... – Agora foi a vez de Luna, que se afastou das outras garotas e se aproximou da loira e botou uma mão no ombro dela. – Nós confiamos em você. Confie na gente também. – Com seu sorriso angelical, Alice suspirou aliviada vendo aquele olhar.


Naquele instante Noah olhou para elas duas e semicerrou os olhos, não esperando aquela relação tão... Próxima entre elas. Visto que, em teoria, elas eram garotas de programa e a mais velha era sua... Cafetina, por assim dizer. Então, para Noah, vê-las em uma relação mais próxima, igual a uma... Qual a palavra... Família? Foi inevitável pensar em sua própria relação familiar, percebendo que mesmo tendo uma "família de fato" não tinha aquela proximidade toda. Desta forma, pensou, por quê?

Enquanto Alice apenas pegou na mão de Luna, apertando de leve, mostrando que ela tinha razão, tinha que confiar em suas filhas e iria fazê-lo. Luna retribuiu aumentando seu sorriso, que fez a loira sorrir junto, ambas mais confiante que antes.

O Chris? Bom, digamos que desde a aproximação de Noah ele tem ficado vidrado em apenas uma coisa: apreciar a beleza do sobrinho de Alice, reparando a enorme semelhança com seu irmão, Evan. O assunto continuou, mas Chris sequer prestou atenção porque ficou, literalmente, babando pelo mafioso ao seu lado. Em um ponto todos perceberam aquilo, mas optaram por ignorar, pois sabiam o jeito de Chris. Mas, uma pessoa não havia percebido, sendo ele, o próprio Noah. A tal "lerdeza", que chamam, é de irmãos, Evan e Noah tinham isso em comum, muito inclusive.


– Hum? – Finalmente Noah sentiu um certo desconforto, como se tivesse sendo observado, então olhou para seu lado e reparou em Chris lhe olhando um tanto... Diferente do convencional que era acostumado. – Algum problema? – Indagou sério, com as mãos dentro dos bolsos de seu sobretudo, com os olhos cerrados.

– Estou imaginando uma coisa... Qual é o tipo do seu gemido na hora do sexo? – Perguntou de volta, na maior naturalidade do mundo, criando a famosa torta de climão. Ele, por sua vez, colocou a mão embaixo do queixo.

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