Décimo Capítulo.

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[CAPÍTULO DEZ]

1920.

Primavera. [10/13]

09:30am. Sábado. 

Chegou enfim o final de semana, para a alegria de muitos em Sheerground. Poder se preocupar mais com o lar, em ficar com a família, descansar, dentre outras coisas. Mas ainda tinha aqueles que não conseguiam se ver livres do trabalho mesmo em um sábado. Seja pela razão de não folgar aos sábados, ou pelo motivo de ter tantos problemas para resolver em relação a trabalho. Em todo caso, Evan era um desses exemplos. Depois do ocorrido da noite anterior, havia muita coisa para digerir. O ataque contra o The Queen, o encontro com Luna que foi arruinado e claro, o depoimento de Beatrice para fugir da delegacia.
O famoso bilhete dourado premiado.

Evan não conseguiu sequer pegar no sono naquela noite, que viu o sol nascer. Afinal, como ficaria tranquilo para dormir, com todas aquelas coisas na cabeça? De acordo com Beatrice, o assassino da família Smith, de fato, não foi Alice Edwards mas sim Noah, o mafioso que Evan teve o prazer de já conhecer. Ainda no depoimento da Florence, alegou que Alice assumiu a culpa para proteger Noah, devido a uma história dela com Morgan, líder de Shelter. O policial não era nenhum ingênuo, sabia dos crimes que ainda rodeavam aquela cidade, era exatamente por isso que sempre deu o seu máximo, para tentar limpar Sheerground de tudo aquilo. Porém, não conseguia entender a relação de Alice com Morgan Rodriguez, chefe de uma das máfias mais poderosas no país. Sabia bem do histórico de Morgan, mas em todos os seus registros na delegacia o nome de Alice sequer fora mencionado.

Na pior das hipóteses, caso Beatrice estivesse mentindo, por quê inventaria algo do tipo? No caso, o que iria ganhar com tudo aquilo? No fim, são muitas perguntas e até agora nenhuma delas foi respondida. O que deixava Evan completamente angustiado, ainda mais sabendo que só poderia voltar ao trabalho na segunda feira, devido a suspensão que levou de Sebastian. Falando no mesmo, sabia que não poderia falar sobre nada disso com ele, não só pelo pedido de Nathan, mas por saber que seu chefe ainda se encontra ressentido devido ao último desentendimento. Dessa forma, apenas Evan e Nathan estavam a par de toda aquela história. E Luna, que foi jogada naquele meio sem sequer saber o que estava acontecendo. Outra coisa que tirava o sossego de Evan, pois não queria que nada disso respingasse nela.

Completamente perdido em seus próprios pensamentos, que Evan sequer percebeu alguém batendo na porta de sua casa. Foi necessário que a visita batesse mais fortemente na porta, para enfim chamar a atenção do policial. O mesmo ao ouvir aqueles sons, se levantou prontamente e andou em passos rápidos até a porta, pois a julgar pelas batidas a pessoa do outro lado estava bem nervosa com alguma coisa. No momento em que abriu a porta, arregalou um pouco os olhos, surpreso em ver o detetive em sua casa logo cedo.


– Nathan? O que faz aqui, já tão cedo? – Perguntou, coçando os olhos, abrindo um bocejo.

– Nossa, que cara é essa? – Franziu as sobrancelhas, reparando na cara de cansaço do outro. – Você sequer conseguiu dormir, não é? – Evan apenas concordou com a cabeça. – Não te julgo, eu também não. Porém, trago novidades.

– O que houve?

– Lembra daquele meu amigo, que estava me ajudando nesse caso, de ter algum traidor dentro da delegacia? – Após perguntar, Evan assentiu com a cabeça. – Então, ele me ligou ainda agora e falou que os resultados das impressões digitais estão prontos. – Abriu um grande sorriso. – Mas, ele não quis falar nada sobre o telefone, com medo de ter algum grampo. Então, marquei hoje a noite, na minha casa e ele vai me trazer toda a papelada com os resultados. – Disse empolgado.

Sheerground - A Era da ProibiçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora