Quinto Capítulo.

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[CAPÍTULO CINCO]

1920.

Primavera. [05/13]

08:30am. Terça feira. 

Não demorou muito para espalhar-se a notícia de que a família Smith foi assassinada no dia anterior. O que gerou um certo tumulto entre os habitantes de Sheerground. Ora, um assassinato daquele tipo, a luz do dia, sendo que nem ocorreu no sul da cidade? Um fato desse não poderia passar batido em meio a tantos olhares. Quem não perdeu a chance de tirar essa história a limpo foi a própria mídia. Afinal, viviam a partir disso. Precisavam de histórias, de novidades, para que pudessem garantir seus salários no final do mês.

E dentre toda a mais alta mídia, havia uma mais popular na cidade, o telejornal chamado "a hora da notícia", liderado e roteirizado por Arthur Smith, que coincidentemente ou não, era sobrinho dos que foram assassinados por sabe-se lá quem. O que fez ser um motivo a mais para que quisesse tirar essa história a limpo. Apesar de todos os seus defeitos, Arthur era bastante determinado, quando um objetivo nasce em sua cabeça, nada o para.

Por essas e outras que se tornou um empresário de sucesso, de nome e tudo, não apenas por Sheerground, mas por todo o país. Afinal, a família Smith tem um nome nas costas, além de ser uma das famílias mais ricas da cidade.

Por outro lado, em meio a tamanha confusão que tudo isso se tornou, quem não ficou nada feliz com o ocorrido foi o próprio prefeito de Sheerground; Arnold Gonzales, neto do fundador da cidade, Thomas Gonzales. Afinal, a população queria respostas para o que aconteceu, além de uma posição do prefeito acerca de tudo aquilo. Um assassinato em plena luz do dia, de membros de uma família renomada, iria passar batido deste jeito?

– Senhor, a imprensa continua lá fora e estão alegando que só irão embora depois de um posicionamento seu

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– Senhor, a imprensa continua lá fora e estão alegando que só irão embora depois de um posicionamento seu. – Disse sua secretária, ao entrar na sala do prefeito.

– Eles não têm mais o que fazer não? – Bufou o mais velho, enquanto continuou jogando cartas sobre sua mesa, mesmo estando sozinho. – Deixa eles lá, estão querendo aparecer. Mais um chá de trinta minutos e eles vão embora. – Riu.

– Papai, o senhor precisa ir até lá. – Disse Eva, adentrando naquela sala ao ouvir a conversa. – Houve um assassinato, da família Smith, o senhor os conhece.

– E o que você quer que eu faça? – Subiu a cabeça para olhar sua filha na porta da sala. – Independente do que eu fale ou faça, aqueles dois já estão mortos. E isso não vai mudar.

– Você precisa dizer a eles o que eles querem ouvir, pai. Já lhe disse isso. Ir contra o que eles querem os deixam apenas mais alvoraçados.

– Olha... – Deixou as cartas sobre a mesa e se levantou, resmungando enquanto caminhou até sua herdeira. – Eu agradeço a sua preocupação, minha filha. Mas, não venha querer ensinar o padre a rezar a missa. – Passou direto pela loira, dando uma leve tapinha em seu ombro. – Eu vou dar a eles, o que eu quero, não o que eles querem. Quem manda sou eu, não eles. Entenda isso, Eva, que um dia você estará pronta para assumir o meu lugar. Até lá, você é apenas uma criança de dezessete anos que não sabe nada sobre o mundo, então... Permaneça quieta.

Sheerground - A Era da ProibiçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora