Trigésimo Capítulo.

106 10 616
                                    


[Capítulo 30]

1922.

Verão.

Evan congelou, ao ver Luna, ou melhor, Lucas, lhe olhando daquela forma, ainda preso dentro daquele aquário. Lucas tampou a boca com as mãos, enquanto ficou com os olhos arregalados, deixando lágrimas cair deles. Apavorado, assustado, com medo, eram algumas sensações daquele garoto, que era conhecido como Luna. Mas, para Evan, ter a pessoa que ama, lhe olhando daquela forma... Era o mesmo que tomar um tiro no meio do peito. Lucas estava com medo de Evan? Logo, de Evan? Naquele olhar ficou nítido, Lucas olhou para o policial como se não estivesse o conhecendo, como se fosse uma outra pessoa.

Ali, Evan parou os movimentos, e devagar, saiu de cima do Noah, ficando em pé ao lado do corpo do irmão. Olhou para seus punhos, cobertos de sangue, depois voltou a olhar Lucas mais a frente. Eis que lágrimas começaram a escorrer dos olhos do policial, pois a última coisa que ele queria, aconteceu: fez Luna chorar. É como se jamais pudesse se perdoar por isso, quando jurou protegê-la de tudo e todos. Quando, no final, tinha que protegê-la do próprio policial, a verdadeira ameaça.

Não foi necessário que os dois dissessem mais uma palavra sequer, aquela troca contínua de olhar já dizia tudo. Entretanto, aquele silêncio foi quebrado quando Evan ouviu um barulho. Ele olhou para Noah no chão, sem forças para se levantar, viu que o barulho veio dele, mais exatamente, dele soltando uma risada.


– E-Está... C-Cof... – Tossiu, pela dificuldade de respirar e de falar também. – No n-nosso sangue... Somos... A-Assassinos... E você... – Com um pouco de força, conseguiu pegar no pé do irmão, chamando mais a atenção dele. – I-Irmãozinho, não é... D-Diferente...


Ali, outra vez Evan olhou para os próprios punhos, começando a refletir sobre as palavras de Noah. Será que... Era mesmo um assassino, igual seu irmão, o seu pai? Mas, Evan sempre foi diferente, ou, foi tudo uma ilusão que ele mesmo criou dentro das fantasias de sua própria mente? Noah, por sua vez, apertou o pé dele, trazendo o olhar dele outra vez para si.


– V-Você vai matá-la também... – Olhou para Lucas, preso no aquário. – Igual o p-papai... Fez com a n-nossa... M-...– Antes que terminasse de falar, sentiu outro soco bem no seu rosto, mas dessa vez não foi de Evan, o que surpreendeu o mafioso. Assim que ele olhou para frente, viu aquela mulher sobre si, lhe olhando nos olhos. – L-Lilith...?

– N-Noah, por favor... P-Para... – Derramando inúmeras lágrimas, disse soluçando. – Você não é assim... Eu sei disso... Por favor... – Ela agarrou com força a gola da camisa dele e abaixou a cabeça. – Eu sei que você nunca vai me perdoar, por ter me colocado no meio do seu plano, mas, eu não posso continuar vendo isso e não fazer nada... Eu sinto muito, Noah, mas eu não consigo... – Falou, deixando as lágrimas escorrerem.

– H-Hm... – Noah apenas fechou os olhos e suspirou, com dificuldade. – N-Não faz mais diferença...


E com apenas um gesto, ele apontou na direção do aquário, mais exatamente para o visor com o cronômetro. Eis que, após uns segundos, o visor apitou, sinalizando a contagem que chegou a zero. Outra vez, Lucas e Evan se olharam, mas agora de pânico, pois começaram a ver aquela âncora ser puxada para o fundo do mar. Não demorou mais que poucos segundos até que aquele aquário enorme caísse para trás, para continuar a ser puxado. Evan logo tratou de correr atrás dele, mas antes...

Sheerground - A Era da ProibiçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora