O ritmo do reggae envolvente do Natiruts dava o clima ao churrasco. A conversa estava animada. O som das gargalhas altas eram o sinal de que o grupo estava se divertindo. Mas o cheiro de carne queimada que de repente impregnou o apartamento de Júlia e Carol começou a dar uma diminuída na empolgação do grupo.
— Felipe, você vigiou a churrasqueira como eu te pedi? — Marcelo apareceu na porta da varanda, segurando uma sacola com mais coisas para o churrasco. — Acho que carne extremamente malpassada não é a preferência da galera.
— Caramba! Eu me esqueci da churrasqueira! — Disse antes de sair correndo alvoroçado.
Só depois do comentário do primo é que Felipe se recordou das asas de frango que deveria ter vigiado. Estava tão distraído conversando com Rebeca sobre como seu coração ficou despedaçado por não ter seus sentimentos correspondidos por Júlia, que acabou se esquecendo da sua obrigação. E por causa disso, meio quilo de frango estava praticamente perdido.
— Ah! Mas se a gente der umas raspadinhas com a faca, talvez consiga salvar algumas. — Disse, enquanto segurava com um garfo uma das asas que estava menos esturricada.
— Deixe-me ver o tamanho do estrago. — Marcelo se posicionou na frente da churrasqueira, tentado analisar o dano. — Sinceramente, eu não sei o que me deu na cabeça para te pedir para olhar a carne.
— Foi mal, cara! É que eu fiquei conversando com a Penélope e acabei me distraindo. — Apontou para Rebeca que estava sentada na espreguiçadeira ouvindo a conversa dos dois, enquanto verificava se tinham lhe enviado algum e-mail do trabalho. — Mas sei que eu deveria ter prestado atenção e feito o que você me pediu. Eu errei. Sinto muito, Marcelinho! — Disse, antes de selar o seu pequeno discurso de arrependimento com um beijo leve na bochecha do primo.
Marcelo começou uma luta com Felipe, tentando empurrá-lo para longe para que ele não conseguisse beijar o outro lado de seu rosto. Porém vendo que o outro não desistiria enquanto não fizesse o que pretendia, Marcelo deixou-se ser beijado, pondo um fim na luta.
***
Alguns amigos dos rapazes também apareceram no churrasco de última hora. Inclusive a admiradora de Daniel, que Carol conheceu na praia no dia que o grupo tinha jogado vôlei.
Vanessa!
A garota não fazia nenhuma questão de pelo menos tentar esconder que tinha um interesse em Daniel. Com uma frequência no limite do que era considerado normal — mais um pouco e poderia ser classificada como um tique nervoso —, passava as mãos pelos cabelos compridos, jogando-os para trás em uma tentativa descarada da clássica sedução feminina. Ria compulsivamente, como se tudo que Daniel dissesse fosse a coisa mais engraçada do mundo, mesmo quando não era. E aproveitava cada oportunidade para se aproximar e tocá-lo, fingindo casualidade.
Carol estava começando a ficar irritada. Não porque estivesse com ciúmes, mas porque Vanessa a olhava com certa insistência tentando analisar se sua tentativa barata de criar uma tensão entre o casal estava dando certo. E aparentemente estava, mas não pelos motivos que a garota achava. Vanessa podia ser ainda uma adolescente, mas Carol não. E por isso odiava esses tipos de joguinhos.
Como Daniel estava entretido em uma conversa com um dos seus colegas sobre assuntos da faculdade que os dois faziam que Carol aproveitou a oportunidade para conversar com Renato que havia acabado de chegar ao apartamento.
— Boa noite, Carol! — Renato se aproximou, e depositou um beijo carinhoso em seu rosto. — Desculpa o atraso. Como os rapazes só me avisaram em cima da hora, eu tive que me virar pra fazer algo rápido na cozinha para trazer como sobremesa.
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SOS: verão! (Em revisão)
RomanceJúlia sempre ficava à espera de "sei lá o quê" acontecer. Algo, que trazido pelo vento, daria um novo rumo a sua vida. E definitivamente esse "algo mais" aconteceu: seu amor platônico por seu colega de trabalho vai por água abaixo quando ele se in...