CAPÍTULO 15 - Um é pouco. Dois é bom. Três é demais!

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A gargalhada ficou cada vez mais alta e histérica. Do tipo clássico de quando se ri da desgraça alheia. A barriga doía. O ar faltava. O som do riso parecia com o som feito por um bêbado querendo checar o próprio hálito para ver se o cheiro do álcool o denunciava. Mas Júlia não conseguia se controlar. Era uma situação completamente irreal e constrangedora. Tinha sido o sonho mais idiota que ela já tinha tido na vida.

Quando se sentou na espreguiçadeira para esperar o sol nascer, Júlia não percebeu o sono que se aproximou sorrateiro e dominou seu corpo. Não passou de um cochilo, mas foi o suficiente para o sonho maluco vir à tona. Júlia só acordou quando sentiu o café, que ainda tinha em sua caneca, entornar sobre sua barriga.

—Sorte minha que não estava mais tão quente! — Levantou uma das mãos em agradecimento. — Só me faltava ganhar outra queimadura!

O sonho só traduziu a bagunça em sua mente. Júlia estava cansada de ficar pensando em todas as situações possíveis e impossíveis, e de inventar os diálogos imagináveis para cada uma delas na conversa que teria com Caio logo mais.

Nada seria como antes. Dependendo do que dissessem, o relacionamento deles poderia mudar completamente. Suas fantasias e pesadelos românticos tinham a chance de se tornarem realidade, e Júlia poderia finalmente descobrir que papel Caio representaria: "Sweet dream or a beautiful nightmare!"

— O pior é que eu nem consegui saber qual seria a minha resposta no sonho! Quem será que eu iria escolher? — Júlia levou as mãos para trás da cabeça e encostou-se à espreguiçadeira pensativa. — Dizem que o inconsciente da gente meio que já tem uma decisão. Se eu já soubesse a resposta irá facilitar muito a minha vida!

Júlia caiu na gargalhada novamente.

— Ai, Júlia! Você está se achando a tal. — Referiu-se a si mesma na terceira pessoa. — "Quem será que eu iria escolher? Se eu soubesse irá facilitar muito a minha vida!" — Fez uma imitação destorcida da própria voz. — Acha que está com a bola toda, né? Até parece que algo assim vai acontecer com você!

Deu outra risada, mas dessa vez não muito animada.

— Ai, como eu sou ridícula! Estou começando a ficar irritada comigo mesma! — Bufou impaciente. — Caramba! Eu sou um porre! Não eu estou aguentando mais tanta palhaçada. Estou pensando seriamente em me dar um soco no meio da cara!

***

Foi o nascer do sol mais sem graça que Júlia já tinha visto. Se é que podia considerar que tinha visto alguma coisa. Só conseguiu ver a pontinha que aparecia por detrás dos apartamentos da frente.

Assim que começou a esquentar, Júlia foi para sala assistir algo na TV. Mas como não tinha nada de bom passando, resolveu pegar seu livro. Ainda faltava muito para terminar. Não estava nem na metade da metade. Mas seus planos foram interrompidos com o barulho do telefone.

Uma mensagem.

O coração de Júlia falhou. E se fosse Caio? Não queria falar com ele logo assim tão cedo. Ainda não tinha planejado o que ia dizer. Quando conversassem não queria parecer que estava forçando alguma atitude dele, mas também não queria fazer parecer que não estava interessada. E como a porcaria do Aplicativo agora dedurava quando tinham lido a mensagem, estava indecisa se olhava ou não.

O nome de Ícaro piscava no visor do celular.

"Bom dia! Como estão as pernas? Ficaram doloridas por causa do passeio de bicicleta?" De Ícaro

Os dedos de Júlia foram rápidos.

"Claro que não! Sou praticamente uma atleta!" De Júlia

SOS: verão! (Em revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora