CAPÍTULO 2 - Já decidi: eu quero ele para mim!

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 — Nº 22. — Júlia observou o número do apartamento que ficará na temporada de férias. — Realmente combina comigo. Número de maluco. MALUCA! — Gritou, já destrancando a porta, e arrastando o seu pequeno caminhão para o meio da sala.

— Mas o que foi isso, garota? Está gritando assim por quê? — Carol perguntou, enquanto deixa a sua caneca sobre a mesa, e se aproxima para ajudar amiga a manobrar a mala gigantesca.

"Quem grita, seus males espanta!". — Respondeu poeticamente.

— Eu acho que a frase correta é "Quem canta, seus males espanta", mas tudo bem. — Disse dando de ombros, antes de ir direto ao ponto. — O que foi que aconteceu, Júlia?

— Caio me traiu! Ele está com outra! Você acredita nisso? — Anunciou dramática.

— O quê? Mas que safado! Poxa vida! Depois de tantos anos de relacionamento.... Não acredito que ele teve coragem de fazer uma cachorrada dessa com você. — Carol ficou na ponta dos pés, e oferece um abraço de consolo a miga, que obviamente não recusa. — Tudo bem que foram uns 8 anos de namoro platônico, e que ele não fazia a mínima ideia do quase noivado fictício de vocês...

Júlia se desvencilha do abraço de Carol imediatamente, ao sentir o comentário sarcástico espetar a sua orelha, e principalmente o orgulho.

— Foram 5 anos, e não 8, tá legal? — Júlia corrigiu a amiga, estreitando os olhos para enfatizar o erro absurdo. — Mas de qualquer forma, não interessa! Caio já devia ter percebido o que eu sinto... não!... o que eu Sentia por ele. — Agora ela mesma se corrige.

— Minha querida, só se ele fosse adivinho, né? — Carol tentou se manter séria, mas a ponta de um sorriso a denúncia no canto dos lábios.

— Você está rindo, é? Quero ver o que você vai dizer quando souber por quem ele me trocou.

— Eita! A pessoa é conhecida? — O riso evapora na mesma hora.

— Ele está saindo com a Rebeca. — Julia franze os lábios, fazendo a típica boca de fofoca para dar ênfase na notícia bombástica, antes de voltar a murchar. — Por que ela fez isso comigo, hein? Rebeca sabia que eu estava interessada em um colega do hospital, e...

— Meu bem, sem querer ser a rainha do pano quente, mas eu duvido que ela tenha lembrado disso.

— Ah, Carol! Por favor? Ela é maluca por acaso?

— Maluca, não. — Disse, num tom ponderado. — Mas Rebeca às vezes é meio que lentinha, né? Para não usar outro adjetivo mais rude. — Acrescentou com um sorriso, tentado diminuir o peso do adjetivo empregado a amiga fura olho. — Outro dia, ela comentou que ia te convidar para fazer umas comprinhas, pois você usa muito branco para trabalhar. Disse que você precisava de umas cores para dar um "up no visu"! — Concluiu num gesto teatral. Rebeca.

— Como assim muito branco para trabalhar? Eu sou fisioterapeuta! No hospital eu preciso usar branco!

— Como eu disse: às vezes ela é lentinha, lentinha...

— Rebeca é uma vaca, isso sim! — Júlia apontou o fato um tanto energética, mas logo se recompõe. — Ai, perdão Deus. Estou muito mal educada nesses últimos dias. — Ela dá uma batidinha na própria boca, e olhava para cima como se certificasse de que o Senhor a ouviu.

Carol se diverte com a inconstância da amiga, e por isso não prefere opinar no momento.

— Mas de qualquer forma, eu tomei uma decisão. — Júlia anunciou de repente. — Eu vou arranjar um namorado gato e esfregar na cara deles. — Anunciou Julia como se tivesse acabado de descobrir a resposta do cálculo mais difícil do mundo.

— Sério? Decidiu assim fácil? — Carol arqueia uma das sobrancelhas. — Agora você decidiu conseguir um namorado em 5 dias, mesmo não tendo conseguido em 5 anos fazer o Caio te chamar para sair?

— Ai, sua grossa! — Júlia cruza os braços diante do peito, contrariada. — E sim, eu decidi. Eu já tenho até o pretendente. É uma delícia de corpo dourado que eu vi chegando no prédio. Ele estava num jipe amarelo e...

— Ele tem uma tatuagem no antebraço direito, uma pulseira de couro na mão esquerda, três pintinhas que parecem as Três Marias próximo ao umbigo, e estava carregando uma prancha branca com uns desenhos laranja? — Carol completou, com os olhos brilhando.

— Bem, não deu para ver as pintas perto do umbigo, mas ele tinha as outras coisas que você disse, sim! — Julia franze o cenho, numa expressão pensativa. — Você o conhece?

— Não, não. — Nega, antes de soltar um risinho pelo nariz. — Só o vi bem rápido! Bem de relance. Quase não reparei nele....

Gargalhadas preenchem o apartamento, que acaba de ser tornar o lar temporário oficial das garotas nos próximos dias.

— Depois que você conquistar o bonitão, o que você vai fazer? — Perguntou Carol, enquanto se estica no sofá surpreendentemente macio, ao se levar em conta de que o aluguel não foi tão caro assim.

— O obvio, né? — Júlia declarou, com um encolher de ombros. — Chegar linda e bronzeada, com um gato do lado para esfregar na cara da Rebeca.

— Amiga, se for para esfregar aquele gato na cara de alguém, por favor, esfregue na minha! — Carol une as mãos diante do corpo, e finge implorar.

— Para a palhaçada, garota! Eu estou falando muito sério. — Júlia pega a mala no meio da sala, e começa a arrastá-la até o quarto que será seu nos próximos dias. — Agora chega de drama. Vou tomar um banho, depois comer e ir dormir. Amanhã aquele gato vai conhecer a futura namorada dele. — Concluiu com uma piscada marota.

— Mas e se ele já tiver namorada? —

Questionou Carol, por pura implicância.

— Ai, que ridícula! — Esbravejou Júlia, antes de pegar um travesseiro assim que passa ao lado do sofázinho, e tacá-lo na estraga prazeres que ela tem o costume de chamar de amiga. — Mas agora que você falou isso... Ai Deus, por favor, não deixa essa desgraça acontecer. — Júlia dá três batidas de leve na boca, e levanta novamente as mãos para o céu, só que agora como se estivesse pedindo para que repreendesse uma maldição.  

SOS: verão! (Em revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora